Apesar dos moradores de rua que, no fim de ano, percorrem as cidades brasileiras em busca de doações, autoridades defendem que esmolas e presentes de Natal não sejam entregues diretamente aos pedintes. Para eles, a melhoria das condições de vida está relacionada a outras medidas, como a promoção da cidadania.
Segundo a secretária de Desenvolvimento Social e Trabalho do Distrito Federal, Eliana Pedrosa, em vez de entregarem esmolas, as pessoas devem contribuir apenas para instituições consideradas idôneas. Para mudar a cultura da população do DF, ela anuncia uma campanha de conscientização para o próximo ano.
“O brasiliense tem o coração muito grande e canaliza diretamente para as pessoas uma contribuição, normalmente em dinheiro”, ressalta. “Pedimos a quem quiser ajudar que dê essa contribuição a instituições sérias. Isso é importante para evitar que famílias que só vêm em busca de ajuda se desloquem para o Distrito Federal.”
Pedrosa citou alguns dos obstáculos enfrentados pelas populações de rua e afirmou que o governo não vai admitir que a situação dos habitantes de rua seja perpetuada. “Famílias ficam nas ruas da cidade sujeitas a sol, chuva e doenças. Às vezes exploram crianças e isso fere o princípio da cidadania”, afirma.
Em relação aos migrantes que vêm para o DF em busca de uma nova oportunidade, Pedrosa explica que a primeira abordagem da secretaria é oferecer uma passagem de volta. “O mercado de trabalho também está difícil no Distrito Federal. Essa é a realidade de todas as grandes capitais”, destaca.
Programas de combate à doação de esmolas não são inéditos do Brasil. Cidades de São Paulo e do Amazonas realizam campanhas para desestimular as contribuições. A intenção é evitar que mais pessoas se aventurem a viver nas ruas.
O secretário de Direitos Humanos de Manaus, Jorge Guimarães, comentou o projeto municipal intitulado Digo Sim à Cidadania, não dou Esmolas. Segundo ele, o projeto tem como base a mobilização da sociedade para quebrar o círculo vicioso que faz com que crianças permaneçam nas ruas, na mendicância ou no trabalho infantil.
“Primeiro, engajamos a sociedade no projeto para que a gente cesse com essa prática de dar esmola e também pare de comprar produtos oferecidos por crianças e adolescentes. Uma outra ação é no sentido que as pessoas façam a destinação que a lei permite para os fundos da criança e do adolescente”, explicou.
Na cidade de São Paulo, o projeto Dê mais que Esmola, dê Futuro também atua contra a entrega de dinheiro a pedintes. Segundo o secretário municipal de Assistência Social, Floriano Pesaro, a campanha paulistana é inspirada em “ações exitosas” em outros centros do país. Na avaliação dele, as doações sem critérios são maléficas para a sociedade.
“A esmola perpetua a pobreza e a miséria e estimula a permanências das pessoas nas ruas. Pessoas que ficam fora do sistema de proteção social existente na prefeitura”, observa.
Agência Brasil
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