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segunda-feira, 29 de agosto de 2022

MST entrega cestas de produtos da Reforma Agrária a âncoras do Jornal Nacional após sabatina de Lula

MST entrega cesta de produtos da reforma agrária para apresentadores do Jornal Nacional - Sputnik Brasil, 1920, 26.08.2022

© Ian Ribeiro/Divulgação

Uma comitiva do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), liderada pela dirigente Marina dos Santos, a Marina do MST, foi até a sede da Rede Globo, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (26), para entregar uma cesta de produtos da Reforma Agrária aos âncoras do Jornal Nacional, Renata Vasconcellos e William Bonner.

A mobilização acontece um dia depois da entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à presidência nas eleições de outubro deste ano, ao telejornal. A bancada fez perguntas incisivas sobre o apoio do MST à candidatura de Lula, que defendeu a atuação do movimento campesino.

"O MST está fazendo uma coisa extraordinária, está cuidando de produzir, não sei se você sabe, o MST hoje tem várias cooperativas, o MST é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil. Você tem que visitar uma cooperativa do MST, você vai ver que aquele MST de 30 anos atrás não existe mais", disse Lula durante a sabatina.

MST envia cesta de produtos para apresentadores do Jornal Nacional - Sputnik Brasil, 1920, 26.08.2022

MST envia cesta de produtos para apresentadores do Jornal Nacional

© Divulgação

O arroz orgânico Terra Livre é um dos itens que compõe a cesta entregue aos jornalistas da emissora. Os apresentadores do Jornal Nacional também foram agraciados com o suco Monte Vêneto, o café Guaií tipo exportação, um boné do MST, um melado da cooperativa Copavi, açúcar mascavo e uma geléia também da cooperativa Terra Livre. Todos os produtos são comercializados no Armazém do Campo, loja mantida pela organização.

“O MST é um movimento social de luta pelo direito ao acesso à terra com mais de 38 anos de História. Temos que desmistificar as informações que chegam à sociedade brasileira sobre o MST e acreditamos no papel central que cumpre, para isso, uma imprensa livre e comprometida com o desenvolvimento social. Contamos com vocês neste trabalho!”, diz Marina em carta que foi enviada junto às cestas.

Marcha do MST em agosto de 2018 - Sputnik Brasil, 1920, 28.06.2022

Notícias do Brasil

Corte Interamericana julga Brasil pelo assassinato de trabalhador rural do MST

28 de junho, 12:21

"Esperamos que vocês desfrutem dos frutos da luta pela terra que vão com todo nosso carinho nesta cesta!", completou a dirigente, que é candidata a deputada estadual nas eleições de outubro.

O MST organiza mais de 450 mil famílias assentadas, 90 mil acampadas, 160 cooperativas, 140 agroindústrias.

A rede de lojas Armazém do Campo está presente em todas as regiões do país e conta com 25 lojas físicas. Além das lojas físicas, ao todo, são 39 unidades de comercialização com entregas programadas e compras online, presentes em 36 cidades interioranas e capitais, levando os frutos da luta pela terra do campo à cidade.

Coordenador do MST, João Pedro Stédile, durante o julgamento do ex-presidente Lula - Sputnik Brasil, 1920, 19.11.2019

Notícias do Brasil

MST vive 'espera' na era Bolsonaro: 'Não é o momento de confrontar o proprietário'

19 de novembro 2019, 23:39

Fonte: https://sputniknewsbrasil.com.br/20220826/mst-entrega-cestas-de-produtos-da-reforma-agraria-a-ancoras-do-jornal-nacional-apos-sabatina-de-24416560.html

sábado, 27 de agosto de 2022

Menos de um terço dos membros da ONU apóiam a declaração anti-russa sobre a crise na Ucrânia


Menos de um terço dos países membros da ONU assinaram a declaração anti-russa sobre a crise na Ucrânia. O texto do documento foi anunciado na quarta-feira, 24 de agosto, na sede da organização, relata a RIA Novosti.

Menos de um terço dos membros da ONU apóiam a declaração anti-russa sobre a crise na Ucrânia

Dos 193 membros da ONU, 54 apoiaram a declaração sobre a crise na Ucrânia, inclusive:

  • os EUA,
  • o Reino Unido,
  • Albânia,
  • Austrália,
  • Canadá,
  • República Tcheca,
  • Geórgia,
  • França,
  • Japão,
  • Letônia,
  • Lituânia,
  • Itália,
  • Espanha
  • e a própria Ucrânia.

O Representante Permanente da Ucrânia junto à ONU, Serhiy Kislitsa, leu o texto do documento.

Assim, os países lamentaram que a Rússia não tivesse interrompido sua operação militar especial na Ucrânia. Eles se opuseram e condenaram os ataques de mísseis de Moscou.

"Continuamos comprometidos com a soberania, independência, unidade e integridade territorial da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas", disse a declaração.

Os autores do documento também conclamaram a Rússia a cessar imediatamente as hostilidades na Ucrânia.

Author`s name: Petr Ermilin

Ver mais em https://port.pravda.ru/news/mundo/56105-un_members_russia/

Fonte: https://port.pravda.ru/news/mundo/56105-un_members_russia/

Mundo e América Latina sentem falta do Brasil, diz alta comissária da ONU para direitos humanos


Michelle Bachelet, alta comissária da ONU para direitos humanos, Cidade do México, 9 de abril de 2019 - Sputnik Brasil, 1920, 27.08.2022

© AP Photo / Marco Ugarte

No apagar das luzes do seu mandato de quatro anos, a ex-presidente do Chile e atual alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, comentou a atual situação do Brasil perante os vizinhos da América Latina e o restante do mundo.

Em entrevista exclusiva concedida ao colunista Jamil Chade, do UOL, ela fez um balanço das situações pelas quais a nação brasileira vem passando nos últimos anos.

O mandato de Bachelet se encerra na semana que vem.

"O Brasil é um país muito importante no mundo. Historicamente, ele tinha desempenhado um papel importante para ser uma voz forte para apoiar a voz de todo o resto da América Latina. E essa voz fez falta. Esse guia que, no mundo, tinha sido uma postura muito importante do Brasil, tratando de incidir para que os países em desenvolvimento pudessem ter melhores oportunidades e que fossem escutados. E não vimos isso nos últimos anos", observou a alta comissária da ONU para direitos humanos.

Abertura da XV Conferência de Ministros de Defesa das Américas - Sputnik Brasil, 1920, 28.07.2022

Panorama internacional

Em carta, Brasil e Argentina reconhecem que ONU deve ser a mediadora da paz entre Rússia e Ucrânia

28 de julho, 16:44

Ela comentou as eleições presidenciais brasileiras e criticou o questionamento a respeito das urnas eletrônicas.

Evitou, contudo, mencionar o nome do presidente Jair Bolsonaro (PL), adversário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que é líder na disputa.

"Do ponto de vista do mundo e da região, [o desejo] é que Brasil possa ter um futuro governo — obviamente democrático — que não apenas atenda às aspirações do conjunto dos brasileiros para que tenham seus direitos incentivados e protegidos. Mas que possa jogar um papel internacional muito necessário e sentimos falta", declarou.

O presidente russo, Vladimir Putin, à direita, e o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, participam de uma entrevista coletiva conjunta após suas conversas no Kremlin em Moscou, Rússia, 16 de fevereiro de 2022  - Sputnik Brasil, 1920, 25.08.2022

Panorama internacional

Rússia agradece a posição do Brasil de neutralidade diante da operação russa na Ucrânia

25 de agosto, 14:54

Em seguida, sem citar Bolsonaro, teceu críticas à postura do atual presidente, cujo primeiro mandato se encerra no final deste ano.

É muito grave quando um chefe de Estado, com um discurso violento, incentiva aos seus apoiadores a manifestar contra o Judiciário, contra o sistema eleitoral. O Brasil é um país que, em geral, deu mostras que é um país que respeita, que tem eleições limpas e transparentes. Nunca foi questionado fundamentalmente por isso. Não se justifica esse tipo de crítica. Mas incentivar a marchar contra outro poder de Estado? Você pode discordar de um outro poder. Mas fazer isso não faz bem à democracia. Pode aumentar a violência, como já vimos em outras partes do mundo. Não se trata apenas de um discurso de uma pessoa. Depois há o meio social, os ataques contra indivíduos que podem ser físicos. E que gera um clima de violência que pode ser muito grave", condenou Bachelet.

Ela também fez alguns apelos para os brasileiros no contexto das eleições de 2022.

"O que tampouco pode ocorrer é que um discurso de violência possa instigar a alguns atores, como a polícia, para que atuem de uma certa forma contra um candidato opositor. Isso não pode ocorrer. Eu faria um apelo para que todas as pessoas responsáveis, no governo ou não, todos os candidatos e partidos, possam realizar um processo eleitoral legítimo, de uma maneira serena. Mas fazendo todo o possível para evitar o discurso de ódio, evitando incitar a violência e evitando incitação aos outros problemas, como racismo e discriminação contra os mais pobres. Tratar de ser campanha democrática. E democrática quer dizer tudo isso junto", finalizou.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, acompanhado do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (fora da foto), durante declaração à imprensa em 22 de fevereiro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 08.08.2022

Notícias do Brasil

Rússia praticamente dobrou exportações para o Brasil, diz Ministério da Economia

8 de agosto, 10:20

Fonte: https://sputniknewsbrasil.com.br/20220827/mundo-e-america-latina-sentem-falta-do-brasil-diz-alta-comissaria-da-onu-para-direitos-humanos-24426743.html

Sociedade civil prepara ofensiva internacional para denunciar ameaças à democracia feitas por Bolsonaro


Eventos serão realizados na Europa e nos EUA com o objetivo de alertar a comunidade internacional sobre as ameaças à democracia feitas por Jair Bolsonaro e seus apoiadores

26 de agosto de 2022, 09:14 h Atualizado em 26 de agosto de 2022, 16:11

www.brasil247.com - Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Carla Carniel)

247 - Entidades da sociedade civil, acadêmicos, indígenas, movimentos negros, juristas e ativistas prepararam uma ofensiva internacional em defesa da democracia brasileira e para denunciar as ameaças ao sistema eleitoral feitas por Jair Bolsonaro (PL) e seus seguidores. De acordo com a coluna do jornalista Jamil Chade, do UOL, “a partir da próxima semana, dezenas de eventos, reuniões, seminários e denúncias serão realizados na Europa e EUA, com o objetivo de alertar ao mundo sobre a situação brasileira”.

A reportagem destaca que “além dos EUA, conferências estão sendo organizadas na França, Espanha, Alemanha, Portugal e em países da América Latina”. Os debates e seminários em defesa da democracia brasileira também serão realizados em “alguns dos maiores centros acadêmicos do mundo, como a Universidade de Harvard, Brown e Princeton”, além de instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU).

Ainda segundo Chade, “uma carta ainda será entregue nos próximos dias ao mandatário da Casa Branca, assinada por políticos, acadêmicos e personalidades de todo o mundo. O manifesto tem como objetivo frear qualquer possibilidade de que uma eventual ruptura democrática no Brasil por parte de Jair Bolsonaro tenha respaldo internacional ou de governos como o dos EUA”.

Fonte: https://www.brasil247.com/mundo/sociedade-civil-prepara-ofensiva-internacional-para-denunciar-ameacas-a-democracia-feitas-por-bolsonaro

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Leia a íntegra da entrevista de Lula ao Jornal Nacional

Petista participou de um sabatina do telejornal com presidenciáveis

26 de agosto de 2022, 13:47 h Atualizado em 26 de agosto de 2022, 14:17

www.brasil247.com - Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Reprodução)

247 - O ex-presidente Lula (PT) concedeu uma histórica entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na noite desta quinta-feira (25).

Abaixo, a íntegra das perguntas e respostas da sabatina:

William Bonner

“Vamos começar falando de corrupção. O Supremo Tribunal Federal lhe deu razão, considerou o então juiz Sérgio moro parcial, anulou a condenação do caso do triplex e anulou também outras ações por ter considerado a vara de Curitiba incompetente. Portanto, o senhor não deve nada à justiça. Mas houve corrupção na Petrobras e, segundo a justiça, com pagamentos a executivos da empresa a políticos de partidos como o PT, como o então PMDB, e o PP. Candidato, como é que o senhor vai convencer os eleitores de que esses escândalos não vão se repetir?”

Lula

“Bonner, primeiro eu acho importante você ter começado com essa pergunta. Porque durante 5 anos eu fui massacrado e tô tendo hoje a primeira oportunidade de poder falar disso abertamente ao vivo com o povo brasileiro. Primeiro, a corrupção ela só aparece quando você permite que ela seja investigada. Eu queria começar dizendo para você uma coisa muito séria: foi no meu governo que a gente criou Portal da Transparência , que a gente colocou a CGU como Ministro para fiscalizar, que a gente criou a lei de acesso à informação, a gente criou a lei anticorrupção, a lei contra o crime organizado, a lei quanto a lavagem de dinheiro. AGU entrou no combate à corrupção, criamos o que é o Coaf para cuidar de movimentações financeira atípicas e colocamos um CAD para combater os cartéis. Ou seja, foram todas medidas tomadas no meu governo. Além de que o Ministério Público era independente e além do que a Polícia Federal recebeu do governo mais liberdade do que em qualquer outro momento da história. Porque você tá lembrado que em 2005, quando surgiu a questão do mensalão, eu cheguei a dizer o seguinte: ‘só existe uma possibilidade de alguém não ser investigado nesse país, é não cometer erro. Se cometer erro, vai ser investigado’. E foi isso que nós fizemos. Olha, se alguém comete um erro, alguém comete um delito, investiga-se, apura, julga, condena ou absolve, e tá resolvido o problema. O que foi o equívoco da lava-jato, é que ela já enveredou por um caminho político delicado, a lava-jato ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política. E o objetivo era o Lula. O objetivo era tentar condenar o Lula. Não sei se você tá lembrado que no primeiro depoimento que eu fui dar ao Moro, eu falei: ‘Moro, você está condenada a me condenar. Porque você já permitiu que a mentira foi longe demais e você sabe do que eu estou falando’. E aconteceu exatamente o que eu previa. Quando nós entramos com habeas corpus na Suprema Corte, foi antes e bem antes do hacker, e se você pegar o nosso habeas corpus, a gente tá dizendo coisa que depois se descobriu com hacker investigado pela Polícia Federal. Então vou te dizer uma coisa, vou dizer para você olhando nos olhos do povo brasileiro: não há hipótese. Eu quero voltar à presidência da república e qualquer hipótese de alguém cometer qualquer crime por menor ou por maior que seja, essa pessoa será investigada, essa pessoa será julgada e essa pessoa será punida ou absolvida. É assim que você combate à corrupção num país”.

William Bonner

“Agora candidato, o senhor elencou aqui diversas medidas adotadas em governos do PT como instrumentos, mecanismos de controle da corrupção. Mas é fato que a corrupção a respeito disso ocorreu e ocorreu em grande escala. por isso eu retomo a pergunta original que é: como o senhor pode assegurar que elas não se repetirão? Alguma medida nova foi estudada para evitar que aconteça?”

Lula

“Primeiro, as medidas estão colocadas. Veja, eu poderia ter escolhido um procurador engavetador. Sabe aquele amigo que você escolhe que nenhum processo vai para frente? Eu poderia ter feito isso. Eu não fiz. Escolhi da lista tríplice. Eu poderia ter impedido que a Polícia Federal tivesse um delegado que eu pudesse controlá-lo. Não fiz e permiti que efetivamente as coisas acontecessem do jeito que precisavam acontecer. Olha, nós vamos continuar criando mecanismo para investigar qualquer delito que aconteça na máquina pública brasileira, porque eu já disse 500 vezes que a corrupção, eu poderia por exemplo fazer decreto de 100 anos. Sabe decreto de sigilo, que tá na moda agora, eu poderia do nada apurar decreto de 100 anos de sigilo. Com Pazuelo, decretar para os meus filhos, decreto dos meus assessores. Ou eu poderia não investigar, pegar um capitão, colocar em cima de qualquer denúncia e nada vai ser apurado e não vai ter corrupção. E a corrupção ela só aparece quando você governa de forma republicana que você permite que as pessoas sejam investigadas independentemente de quem seja e eu tive a alegria, eu tive a sorte de ter um ministro do porte do Márcio Tomaz Bastos, que era uma figura inatacável nesse país do ponto de vista da competência e da seriedade. Por isso pode ficar tranquilo”.

William Bonner

“É que houve um momento, em mais de um momento, aliás, o PT chegou a dizer que o prejuízo acumulado pela Petrobras com o escândalo do petrolão tinha sido reconhecido pela empresa e colocado no balanço da Petrobras por uma imposição da lava-jato. Isso foi dito pelo PT e escrito. Hoje, o partido reconhece então que efetivamente houve este prejuízo?”

Lula

“Deixa eu lhe falar uma coisa, você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram. O que é mais grave é que as pessoas confessaram e por conta das pessoas confessarem, ficaram ricos por conta de confessar. Ou seja, foi perto de uma delação premiada, você não só ganhava liberdade por falar o que queria o Ministério Público como você ganhava a metade do que você roubou. Ou seja, o roubo foi oficializado pelo Ministério Público, o que eu acho uma insanidade e uma aberração com esse país. Ou seja, o correto era você fazer a investigação, o que tinha que fazer da forma mais correta possível, como fizeram no meu tempo que eu era presidente e depois se a pessoa foi inocente você absolve. Se a pessoa for culpada você culpa, você condena. O que acontece é que aqui no Brasil, nós temos um problema sério. É que as pessoas são condenadas pelas manchetes de jornais e depois não se volta atrás”.

William Bonner

“Mas voltaram US$6 bilhões e US$ 200 milhões para Petrobras foram devolvidos, muito desse dinheiro, inclusive, dos diretores da Petrobras que não tinham como juntar…”

Lula

“Pior foi o que votou e o Ministério Público que ia pegar 2 bilhões e meio para eles, criar um fundinho para eles. Desses 3 bilhões e mais ainda. A gente olha o que eles devolveram, mas vamos olhar os prejuízos que foram dados. Por conta da Lava Jato, nós tivemos 4.400.000 desempregado nesse país. Por conta da lava-jato, nós tivemos R$270 bilhões que deixaram de ser investido nesse país, e por conta da Lava Jato a gente deixou de arrecadar R$ 58 bilhões. O que eu quero te dizer é o seguinte: é que você pode fazer investigação com a maior seriedade, como foi feito na Coreia na Samsung, quando foi feito na França, na África, como foi feito na força da Alemanha. Você investiga se o empresário roubou, você prende, condena. Mas você permite que a empresa continue funcionando. Aqui no Brasil, se quebrou as indústria de engenharia que nós levamos quase que um século para construir. E nós agora que vamos ter o prejuízo, porque se eu ganhar as eleições, a gente vai ter que fazer um grande plano de investimento de infraestrutura. A gente vai ter que recuperar muitas obras, eu vou fazer uma reunião com os 27 governadores para saber quais são as obras prioritárias de cada Estado e esse país vai voltar a andar”.

William Bonner

“Eu eu gostaria de fazer só uma observação sobre os números que o senhor mencionou, muitos economistas afirmam que esses milhões de empregos não criados, os investimentos que não foram realizados, seriam consequência não da Lava Jato, mas da crise econômica herdada da gestão de Dilma Rousseff”.

Renata Vasconcellos

“O senhor mencionou mecanismos de controle da corrupção no seu governo. E, de fato, o senhor e a sua sucessora Dilma Rousseff sempre escolheram como procurador-geral da República o primeiro da lista tríplice elaborada pelo Ministério Público Federal, que em tese da mais independência ao escolhido. Ano que vem termina o mandato de Augusto Aras na PGR. Mas, ultimamente quando o senhor é perguntado sobre se vai cumprir e respeitar a lista tríplice, o senhor tem evitado responder. Por quê?”

Lula

“Porque eu quero que ele fique com a pulguinha atrás da orelha. Eu não quero definir agora o que é que eu vou fazer. Primeiro, eu preciso ganhar as eleições. Esse negócio da gente ficar prometendo fazer as coisas antes da gente ganhar, a gente comete um erro. Veja, eu respeito muito Ministério Público. Uma das queixas que eu tenho da força-tarefa da Lava Jato é que eles quase jogam o nome do Ministério Público na lama, porque houve muito equívoco, muitas aberrações. O Ministério Público é uma instituição séria, que eu sempre valorizei. Da mesma forma a Polícia Federal. Se um dia, Renata, eu puder contar para você os vários depoimentos que eu prestei para delegado, as perguntas insanas que eram feitas, numa instituição que eu respeito muito. E eu acho que o Estado brasileiro tem que ter instituições muito forte para que o governo possa exercer a democracia”.

Renata Vasconcellos

“A lista tríplice justamente, evita uma situação, que aliás ocorre atualmente, em que o Procurador Geral da República é criticado é acusado de lealdade ao presidente da República, seja essa acusação justa ou não, não estou entrando aqui nesse mérito. Você não teme que isso aconteça?”

Lula

“Eu não quero procurador leal a mim. O procurador tem que ser leal ao povo brasileiro, ele tem que ser leal a instituição. Agora pode ficar certa que se eu ganhar as eleições, antes da posse, eu vou ter várias reuniões com o Ministério Público para discutir alguns critérios que eu acho que são importantes para eles e para o Brasil. Para mim, o que precisa é dar segurança para o povo. Como eu dei quando era presidente. O meu 1º diretor geral da Polícia Federal foi o Paulo Lacerda, que não era meu amigo que trabalhava com Tuma, que foi o cara que procurou a investigação do Collor. Ou seja, eu não quero amigo. Eu quero pessoa séria, responsável que fale em nome da instituição, porque as instituições que garantem o funcionamento dessa democracia tem que ser forte, Renata”.

Renata Vasconcellos

“É um assunto tão importante, você vai manter suspense sobre uma questão tão fundamental e é de fato, as críticas a falta de independência do Ministério Público da PGR é motivo de preocupação pros brasileiros. Por que manter esse suspense?”

Lula

“Eu tenho 3 indicações. Você tá lembrada que eu indiquei o procurador-geral que estava julgando o Palhoça e eu mantive ele porque eu não quero amigo.Eu não quero amigo no Ministério Público, eu não quero amigo na Polícia Federal. Eu não quero amigo no Itamarati, eu não quero amigo em nenhuma instituição. Eu quero pessoas competentes, pessoas ilibadas, pessoas republicanas e pessoas que pensem, sobretudo, no povo brasileiro”.

Renata Vasconcellos

“Então, como fazer? Porque associações de policiais federais têm se queixado de tentativas de interferência na Instituição na PF. Como fazer para que esse tipo de interferência não ocorra?”

Lula

“Interferência, não. Teve muitas interferências. O Bolsonaro troca qualquer diretor a hora que ele quer, basta que ele não goste e eu não fiz isso e não vou fazer. O delegado não está lá para fazer as coisas que eu quero. Renata, você se lembra que em 2005 a Polícia Federal, eu tava na Índia, a Polícia Federal foi na casa de um irmão meu, esse que morreu quando eu tava preso . Esse cara ganhava R$ 2.500, aposentado na prefeitura a Polícia Federal invadiu a casa dele. E eu sabia antes, eu falei: não vou interferir porque quem ficou sabendo não é o Lula, foi o presidente da República. Ela que cumpra com a sua funções. Então, para mim, a seriedade das instituições é o que vai garantir o exercício da democracia nesse país. Então, você pode ficar certa que as coisas virão a acontecer da forma mais republicana possível que possa acontecer. Sabe por que eu estou querendo voltar? Porque eu quero ser melhor do que eu fui. Eu quero ser melhor. Eu quero voltar, eu quero fazer coisas que eu deveria ter feito mas não sabia que era possível fazer. É por isso que eu fui escolher uma pessoa como Alckmin de vice. Para juntar 2 grandes experiências na minha vida, um cara que foi governador de São Paulo 16 anos e o cara que foi considerado o melhor presidente da história do Brasil. É esses 2 que vão governar esse país”.

William Bonner

“Vamos falar de economia então agora, candidato. Todos os economistas atualmente estão dizendo que o próximo governo vai ser obrigado a lidar com uma bomba fiscal, um desequilíbrio das contas públicas enormes. O senhor não tem sido claro quando fala dos seus planos para a economia, mas o senhor, ao mesmo tempo, tem feito promessas. Como é que o senhor pretende recuperar o equilíbrio das contas?”

Lula

“É que você não deve lembrar o que os meus economistas diziam para mim nas eleições de 2002. Naquela época, o Brasil tava quebrado. Naquela época, vocês lembram que o Brasil quebrou duas vezes no governo FHC. Naquela época o Malan, que era um homem sério, ele todo ano ia para Wahington tentar pegar dinheiro para tentar fechar o caixa do governo. Tão lembrado de 2 pessoas do FMI que vinham pro Brasil investigar o Brasil todo dia. Os meus economistas diziam: o Brasil tá quebrado. E eu falava: então por que vocês querem que eu ganhe as eleições? Então eu vou dar um dado para você, para você ver o seguinte: quando eu tomei posse em 2003, o Brasil tinha 10,5% de inflação. O Brasil tinha 12% de desemprego. O Brasil devia US$ 30 bilhões ao FMI. Nós tínhamos uma dívida pública de 60,4%. O que nós fizemos? Primeiro: nós reduzimos da inflação para a meta, que era 4,5 durante todo o meu período de governo. Segundo: nós reduzimos a dívida pública de 60,4% para 39%. Nós fizemos uma reserva de US$ 370 bilhões e nós ainda emprestamos US$ 15 bilhões para o FMI, não sei se você tá lembrado disso. Além do quê, nós fizemos a maior política de inclusão social que a história desse país conheceu. É assim que nós vamos governar esse país. Eu digo sempre que tem 3 palavras mágicas para governar o país: a primeira delas é credibilidade, a segunda é previsibilidade, e a terceira estabilidade. Você tem que garantir, primeiro, que quando você falar as pessoas acreditam no que você fala. Quando você fala na previsibilidade, é porque ninguém pode ser pego de surpresa dormindo com mudança do governo. E a estabilidade é para você convencer o governo cumprindo com a sua tarefa, que os empresários privados do Brasil e os empresários estrangeiros têm condições e saibam que tem estabilidade para fazer investimento aqui dentro e você sabe. Eu vou terminar de dizer o seguinte: nunca antes na história do Brasil, este governo teve uma chapa como Lula e Alckmin para poder ganhar a credibilidade interna e externa para fazer acontecer as coisas no Brasil”.

William Bonner

“Mas ainda na economia, depois dos seus 2 mandatos, candidato, veio o governo Dilma. E o governo Dilma se notabilizou por tentar induzir o crescimento da economia brasileira aumentando gastos públicos e também segurando aumento de preços de combustíveis, aumento de preços de energia. O resultado disso foi a maior recessão em 25 anos e uma explosão da inflação. Daí a pergunta: o senhor, uma vez eleito presidente da República mais uma vez, vai implantar na política econômica qual das receitas petistas, a do seu primeiro mandato ou a receita petista do mandato de Dilma Rousseff?”

Lula

“Sábado eu estive com a Dilma. E a Dilma sabia que eu vinha aqui. E a Dilma falou assim para mim: presidente, se perguntarem do meu governo, não responda. Fala para me convidarem que eu vou lá para discutir com eles. Mas o que eu quero dizer para você, eu quero dizer para você, primeiro, que a Dilma é uma das pessoas que eu tenho mais profundo respeito pela competência e pela ajuda que ela me deu quando era chefe da Casa Civil. A Dilma fez um primeiro mandato presidencial extraordinário porque a crise se agravou, a crise Internacional, e mesmo assim ela se endividou para poder manter as políticas sociais e para poder manter o emprego em 4.5%, que foi o menor desemprego que nós tivemos na história desse país. Era como se fosse o padrão Noruega, padrão Holandês. Eu acho que a Dilma cometeu equívoco na questão da gasolina. Ela sabe que eu penso isso, eu acho que cometeram equívoco na hora que fizeram 540 bilhões de desoneração e isenção fiscal de 2008 a 2040. E eu acho que quando ela tentou mudar, ela tinha uma dupla dinâmica contra ela: Eduardo [Cunha], o presidente da Câmara e o Aécio [Neves] no senado que trabalharam o tempo inteiro para que ela não pudesse fazer nenhuma mudança. Ela mandou a medida provisória para mudar, como aconteceu com o Fernando Henrique Cardoso. Quando o Fernando Henrique Cardoso teve o segundo mandato, ele mandou medida para poder evitar que o Brasil quebrasse e ele tinha como presidente da Câmara o Temer que ajudou a aprovar as coisas. E o presidente da Câmara, da Dilma, ele trabalhou contra o tempo inteiro”.

William Bonner

“Mas a então presidente Dilma, candidato, não agiu sozinha. Tinha uma equipe cuidando de Economia para ela e tudo, então este erro que o senhor reconhece ter havido lá não foi um erro pessoal, solitário dela, mas de uma corrente do PT. Por isso a pergunta se impõe: se a corrente do PT que amparou as decisões que o senhor reconhece terem sido equivocadas da ex-presidente Dilma fizer valer a sua opinião num governo seu, vai-se por esse caminho. Daí a pergunta: o senhor está dizendo então que o seu governo vai ser diferente do de Dilma?”

Lula

“Se um dia entrar alguém no teu lugar para fazer o Jornal Nacional. Você vai perceber o que é ‘rei morto, rei posto’, você vai descobrir. Ou seja quando você deixa o governo, quem ganha vai governar do jeito que entender. Quem tá de fora não vai mandar. Eu vou voltar a governar esse país, se o povo assim permitir, para fazer as coisas melhor do que eu fiz. A minha obsessão – um homem de 76 anos de idade que digo todo dia que tem energia de 30 – de voltar a governar esse país é porque eu acho que é possível recuperar esse país, a economia voltar a crescer, a gerar emprego, a gerar melhoria nas condições de vida da pessoa. Eu estou convencido disso. Se eu não acreditasse nisso, eu não voltava, eu preferia ficar em casa, vivendo os louros de ser o melhor presidente da história do Brasil. Não, eu vou voltar para provar que é possível fazer mais. E eu espero que quando eu tiver no governo, vocês me convidem para vir aqui uma vez por mês para poder checar, o que está acontecendo nesse país”.

William Bonner

“Só relembrando, então. Os números ruins ao fim do governo Dilma – inflação em 2013, estava em 5,9%, ela chegou a 2015 a 10,6%, o PIB tinha subido 3% em 2013, caiu 3,5 em 2015 – então, assim, os números falam por si”.

Lula

“Eu peguei a inflação a 12% e reduzi para 4,5%. De antes, vamos fazer o mesmo. Se tem uma coisa que eu sei fazer é cuidar do povo”.

William Bonner

“O senhor deixou claro que pretende fazer uma gestão na economia diferente da que foi feita…”

Lula

“Eu peguei uma gestão de acordo com aquilo que nós construímos. Eu hoje tenho 10 partidos junto comigo e ainda tenho a experiência do ex-governador Alckmin comigo. Muita gente pensava um ano atrás que era impossível o Lula se juntar com Alckmin. E eu me juntei para dar uma demonstração para a sociedade brasileira, que político que não tem que ter ódio. Política, sabe, é a coisa mais extraordinária para você estabelecer convivência entre os contrários”.

Renata Vasconcellos

“É de política e de alianças que nós vamos falar agora. O senhor tem dito que o centrão se formou lá atrás na constituinte e que participou da base de todos os governos: do de Fernando Henrique Cardoso, do seu, de Dilma, de temer e agora de Jair bolsonaro. Só que o relacionamento de governos do PT com o Congresso resultou em escândalos de corrupção como o Mensalão, por exemplo como evitar que isso aconteça novamente?”

Lula

“Você acha que o mensalão, que tanto se falou, é mais grave do que o orçamento secreto? Deixa eu lhe falar uma coisa, a vida política estabelecida em regime democrático é a convivência democrática na diversidade. Nenhum presidente da República num regime presidencialista governa se não estabelecer relação com o Congresso Nacional. O centrão não é um partido político, o centrão não é um partido político, até porque hoje só tem partido político no Brasil o PT, o PCdoB, talvez o PSOL e o PSB. Porque quase todos os partidos são cartoriais ou de gestão corporativa de deputado que se junta em determinada circunstância. Ora, então quem ganhar as eleições, se for a Renata ou se for o Bonner ou se for o Lula vai ter que conversar com o Congresso Nacional. Não conversar com o centrão, porque o centrão não é um partido político. Você vai conversar com os partidos separados e depois, obviamente, que o nome centrão foi cunhado para poder derrotar a gente na constituinte de 1988, que a gente tava avançando muito na arena social”.

Renata Vasconcellos

“Mas como evitar escândalos de corrupção como o que houve?”

Lula

“É punindo as pessoas, denunciando as pessoas. O que eu acho maravilhoso é denunciar a corrupção. O que é grave é quando a corrupção fica escondida, por isso que eu acho importante uma imprensa livre, por isso que eu acho importante uma Justiça eficaz. Porque se tiver um problema de corrupção, Renata, tem que ser denunciado em qualquer lugar, tem que ser denunciado. Na empresa privada, na empresa pública. Não é possível você ficar guardando a corrupção até levar em conta o prejuízo que aquilo traz da sociedade brasileira. Então, minha cara, todo esse monte de coisa que eu li aqui para vocês, isso vai ser aperfeiçoado para fazer mais e melhor. Para que a gente possa até descobrir, mas quando eu descobrir as pessoas serão punidas. Pode ficar certa disso”.

Renata

“O senhor falou do orçamento secreto e a gente falou também em corrupção, que não tem como se comparar porque não existem níveis de corrupção. Corrupção é corrupção. Mas, o senhor mencionou o orçamento secreto, como negociar então com o centrão sem moedas de troca como essa do orçamento secreto que o senhor critica tanto?”

Lula

“Isso não é moeda de troca, isso é uma usurpação do poder. Ou seja, acabou o presidencialismo. Bolsonaro não manda nada. O Bolsonaro é refém do Congresso Nacional. O Bolsonaro sequer cuida do orçamento, Renata. Sequer cuida do orçamento. O orçamento quem cuida é o Lira, ele que libera verba, o ministro liga para ele, não liga para o presidente da República. Isso nunca aconteceu desde a proclamação da República. E eu tenho consciência que uma das tarefas minha e do Alckmin, se a gente ganhar, é a gente tentar primeiro trabalhar durante o processo eleitoral para que a gente eleja muito deputados e muitos senadores com outra cabeça. Segundo, acabar com essa história de semi-presidencialismo de semi-parlamentarismo no regime presidencial. O Bolsonaro parece o bobo da corte, ele não coordena o orçamento, veja que engraçado: ele agora acabou de aumentar auxílio emergencial para R$ 600, correto? Ele queria R$ 200, a gente queria R$ 600. Ele mandou R$ 500, agora mandou R$ 600. Até quando? Até 31 de dezembro, porque na LDO que ele mandou pro Congresso Nacional agora não tem a continuidade. E ele então acaba de mandar LDO e vem aqui mentir e dizer: ‘não, eu vou continuar, eu vou continuar’. Você não vai continuar? Porque que ele não colocou ali diretrizes orçamentárias?”

Renata Vasconcellos

“Mas o senhor acredita mesmo, sobre o orçamento secreto, que senhor vai conseguir convencer o Congresso a abrir mão de um mecanismo que dá tanto poder aos parlamentares?”

Lula

“Vai. Vamos”.

Renata Vasconcellos

“Como?”

Lula

“Conversando com eles. Primeiro durante a campanha, você vai perceber que eu vou trabalhar muito questão de eleição. Hoje não é só o presidente da República, não. Os governadores dos Estados estão reféns dessas emendas secretas também. Porque antigamente o deputado ia conversar com o governador para fazer a aplicação de verba. Hoje os deputados não conversam mais, tem deputado liberando R$200 milhões, R$150 milhões, isso é um escárnio. Isso não é democracia. Então, essas coisas, pode ficar certa, que nós vamos resolver. Eu quero que você me cobre, nós resolver conversando com os deputados. E eu espero que a sociedade brasileira aprenda nessas eleições uma lição muito grande: o Congresso Nacional é o resultado da sua consciência política no dia das eleições. Então quando você for votar, você coloca esperança, coloca otimismo e não coloque rancor na urna, porque não dá certo”.

William Bonner

“Candidato, o senhor está fazendo um discurso aqui muito claro em favor da negociação, da composição política, pela governabilidade. É do que se trata, negociações no Congresso, nesse sentido. O senhor acha que a militância do seu partido concorda com essa necessidade de composição política? A minha pergunta é porque existe uma ala grande do seu partido que ainda não aceitou Geraldo Alckmin como o candidato a vice na sua chapa e tem hostilizado o seu candidato a vice. O que o senhor diria para esses militantes do PT que ainda se recusam a aceitar algo que depois das trocas de acusações pesadas que o senhores fizeram ao longo de alguns anos na política?”

Lula

“Bonner, Nós estamos vivendo no mesmo mundo. Eu tô até com ciúme do Alckmin. Você tem que ver que sujeito esperto e habilidoso, ele fez um discurso no 7 de maio, quando ele foi apresentado oficialmente ao PT, que eu fiquei com inveja. Ele foi aplaudido de pé. Pergunta para esposa dele, para Dona Lu, que anda com as Janja, para ver como ela tá gostando da coisa. O Alckmin já foi aceito pelo PT de corpo e alma. O que eu não quero é que PT peça para ele se filiar porque a gente não quer brigar com o PSD. Mas o Alckmin é uma pessoa que vai me ajudar, eu tenho 100% de confiança que a experiência dele como governador de São Paulo e depois mais 6 anos como vice do Mário Covas vai me ajudar a consertar esse país. É a única razão pela qual eu quero voltar a ser presidente, é a de consertar esse país. Esse país tem que voltar a crescer, tem que voltar a ser feliz, tem que voltar a gerar emprego. O povo, eu digo sempre, o povo tem que voltar a comer um churrasquinho, a comer uma picanha e tomar uma cervejinha”.

William Bonner

“Candidato, ainda a propósito desta intolerância manifestada em alguns momentos contra o seu candidato, a militância do PT estimulada – muitas vezes pelo senhor ou por outros líderes do partido – essa militância foi muito agressiva com quem pensava diferente e não só na internet, nas ruas também. Que missões o senhor e o PT tiraram disso?”

Lula

“Bonner, feliz era o Brasil e a democracia brasileira quando a polarização desse país era entre PT e PSDB. A gente era adversário político, a gente trocava farpas, mas se a gente se encontrasse no restaurante eu não tinha nenhum problema de tomar uma cerveja com Fernando Henrique Cardoso, com José Serra, ou com o Alckmin. Porque a gente não se tratava como inimigo, a gente tratava como adversário”.

William Bonner

“O senhor não teria problema, mas a militância do seu partido…”

Lula

“Mas veja, a militância é como torcida organizada. Não é a torcida do Flamengo, não é a torcida do Vasco, aquela que briga, aquela que vaia o time. Não. Não sei se você viu o jogo do São Paulo ontem, o Rafinha que jogava no Flamengo ontem, ele engrossou lá no jogo com o Flamengo. E ele e o outro do Flamengo se abraçaram, porque política é assim. Política é exatamente assim. Você tem divergência, você briga, você de diverge, você tem divergência programática, mas você não é inimigo”.

William Bonner

“Mas, candidato. O senhor passou anos repetindo uma expressão que se consolidou no seu governo dividindo o Brasil ‘entre nós e eles’. É um fato”.

Lula

“Você já foi em um jogo de futebol? Você torce para algum time? Já foi junto om outros companheiros? É nós e eles. A torcida do Vasco é nós, e a do Flamengo é eles”.

William Bonner

“Mas o senhor não acha que isso estimula a polarização ainda mais?”

Lula

“Não, eu não acho que estimula a polarização, ela é saudável no mundo inteiro. Polarização tem nos Estados Unidos, tem na Alemanha, tem na França, tem na Noruega, tem na Finlândia, tem em tudo quanto é lugar. Toda vez que tem mais que uma pessoa participando de alguma coisa. Não tem polarização no partido comunista chinês. Não tinha polarização no partido comunista cubano. Agora, quando você tem democracia, quando você tem mais que um disputando, a polarização é saudável. Ela é importante, ela é estimulante. Ela faz a militância ir para a rua. Ela faz a militância carregar bandeira. O que é importante é que a gente não confunda a polarização com o estímulo ao ódio. Eu me dou muito bem com o PSDB, que foi meu principal adversário durante tanto tempo e, depois, é o seguinte: eu aprendi na minha vida a conversar. Eu aprendi a conversar, se tem uma coisa que eu aprendi a fazer foi negociar, foi conversar com os contrários. Tem uma frase do Paulo Freire que é fantástica, que eu utilizei para mostrar os militantes do PT a entrada de Alckmin no PT: ‘De vez em quando, a gente precisa estar junto com divergentes para vencer os antagônicos’. E agora nós precisamos vencer o antagonismo do fascismo, da extrema direita”.

Renata Vasconcellos

“Então, candidato, continuando, vamos para o agronegócio. No seu governo, a política agrícola contribuiu muito para o crescimento do setor do agronegócio no Brasil e foi também um período em que os preços internacionais das commodities, os grãos em geral, soja, milho, estavam bem altos. O seu ministro da Agricultura foi um grande produtor rural, mas hoje grande parte do setor agro não o apoia. O senhor atribui esse afastamento à desconfianças talvez geradas pelo relacionamento do seu partido com o MST?”

Lula

“Não. Renata, tem o seguinte, veja: eu queria que você trouxesse aqui o mais reacionário representante do agronegócio e perguntasse para ele o que o Bolsonaro fez para ele que chegou perto daquilo que nós fizemos. Eu queria que você chamasse. Sabe por quê? Porque não tem nenhum governo que tratou do agronegócio como nós tratamos.  Eu vou dizer para você: nós fizemos uma Medida Provisória 432, se não me falha a memória, de 2008, que fez uma negociação, sabe, com os produtores rurais, de R$ 85 bilhões, senão eles tinham quebrado”.

Renata Vasconcellos

“Então a que o senhor atribui que grande parte do setor agro…”

Lula

“Eu vou te dizer o que eles contribuem. A questão da nossa política de defesa, sabe, da Amazônia; a nossa política em defesa do Pantanal; a nossa política em defesa da Mata Atlântica. Ou seja, a nossa luta contra o desmatamento faz com que eles sejam contra nós. Sabe, é isso”.

Renata Vasconcellos

“Mas agronegócio, o meio ambiente…”

Lula

“Mas eles são contra. Outro dia, eu fui em uma reunião e eu perguntei para um fazendeiro, foi o seguinte: ‘eu queria que você me dissesse, qual foi  a terra produtiva que um sem-terra invadiu? Qual foi a terra produtiva que um sem-terra invadiu?’. Porque um sem-terra invadir a terra produtiva, quem fiscalizava a terra era o Incra e quem pagava era o governo. Tinha hora em que eu achava o seguinte: sem-terra acho que tava fazendo favor para o fazendeiro, porque está, sabe, invadindo a terra para o governo pagar”.

Renata Vasconcellos

“Agora, antes da gente abordar um pouquinho mais sobre os sem-terra, é preciso fazer esse esclarecimento. Porque, como o senhor colocou, parece que o setor do agronegócio é contrário, faz oposição ao meio ambiente, ao meio ambiente sustentável, que não é verdade”.

Lula

“Falei não, você acabou de ver.  Veja, o agronegócio, sabe, que é fascista e direitista porque os empresários sérios, que trabalham no agronegócio, que tem comércio com o exterior, que exporta para a Europa, para a China, esses não querem desmatar. Eles querem preservar os nossos rios, querem preservar as nossas águas, querem preservar a nossa fauna. Esses não. Mas você tem um monte que quer. Vou tentar lembrar do que o atual presidente, de um ministro, sabe, do meio ambiente, que dizia que era para invadir com a boiada, para desmatar a Amazônia. Ah não, não precisamos plantar milho, soja ou cana ou tirar gado da Amazônia. O que nós precisamos é explorar corretamente, cientificamente, a biodiversidade da Amazônia, para que a gente tire daquela riqueza,  da biodiversidade, produtos para indústria de fábrica, para indústria de cosméticos, e gerar emprego para aquelas pessoas”.

Renata Vasconcellos

“E qual será o papel do MST no seu governo?”

Lula

“O MST está fazendo uma coisa extraordinária, está cuidando de produzir. Não sei se você sabe, o MST hoje tem várias cooperativas. O MST é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil. Você tem que visitar uma cooperativa do MST, Renata, você vai ver que aquele MST de 30 anos atrás não existe mais. Agora o Bolsonaro está ganhando alguns fazendeiros porque está liberando arma. Sabe, tem gente que acha que é bom ter arma em casa, que acha que é bom matar alguém. Não. O que nós queremos é pacificar esse país. Porque, para mim, o pequeno produtor rural, o médio produtor rural, tem que viver pacificamente com um grande negócio, o Brasil tem possibilidade de ter os 2. Um produz mais internamente, o outro produz mais externamente. Ou seja, eu digo sempre o seguinte: o Blairo Maggi, que é o maior plantador de soja do Brasil, talvez ele não crie a galinha caipira que ele gosta de comer. Talvez ele não crie o porquinho orgânico que ele gosta de comer. Talvez ele vá comprar em um pequeno proprietário. Então, é extremamente importante a convivência pacífica dessa gente, e nós já fizemos uma vez, Renata, e vamos fazer outra vez“.

William Bonner

“Candidato, o nosso tempo está quase acabando, ainda dá para fazer mais uma perguntinha. É sobre política internacional. Os seus adversários políticos costumam acusá-lo de apoiar ditaduras latino-americanas de esquerda. O senhor disse que se deve respeitar a soberania interna dos países e o senhor evita criticá-los. Para um democrata, isso não soa como uma contradição, candidato?”

Lula

“Não. Primeiro, para um democrata, a gente precisa respeitar a autodeterminação dos povos. Cada país cuida do seu nariz. É assim que eu quero para o Brasil, é assim que eu quero para os outros. Veja, você está lembrado que, em 2003, eu tinha apenas um mês de governo, eu criei o grupo de amigos junto com os Estados Unidos, junto com a Espanha, para resolver as pendengas entre a Venezuela e a Colômbia. Sabe, é o seguinte. Você sabe que eu, Bonner, tenho na minha cabeça o seguinte: não existe ninguém imprescindível, insubstituível. Quando o cara começa a pensar que ele é imprescindível, insubstituível, ele está virando um ditador. Você está lembrado que eu tinha 87% de aprovação quando um deputado do PT resolveu propor uma emenda no Congresso Nacional por terceiro mandato e eu não quis? Eu sou favorável à rotação, sabe, do poder. Sabe, a alternância de poder é uma coisa importante. Hoje tem um cara de esquerda, amanhã tem um de direita, depois tem um de centro; é assim que a sociedade caminha. Por isso que eu estou muito tranquilo. Muito tranquilo, sabe, com a minha relação internacional. Aliás, eu vou te dizer uma coisa: se eu ganhar as eleições, você vai ver a enxurrada de amigos que estão desaparecidos que vão vir visitar o Brasil, porque o Brasil vai ser amigo de todo mundo. O Brasil não tem contencioso internacional”.

William Bonner

“Candidato Lula, nós não temos mais tempo para novas perguntas, então chegou aquele momento em que o senhor tem direito a um minuto para se dirigir aos eleitores, como quiser, para suas considerações finais”.

Lula

“Nunca pensei que fosse tão rápido assim 40 minutos. Olha, eu queria dizer ao povo brasileiro que nós já provamos que é possível cuidar do povo brasileiro. Eu não gosto de utilizar a palavra governar, eu gosto de utilizar a palavra cuidar. Ou seja, tentar colocar o pobre no orçamento do país, tentar fazer com que as pessoas possam chegar à universidade, e vocês sabem que eu tenho orgulho de ter passado para a história como o presidente que mais fez universidades, que mais fez escola técnica. Nós pegamos o Brasil com 3,5 milhões de estudantes universitários e deixamos com 8 milhões. Ou seja, esse país é um país do futuro que nós precisamos construir. Não existe nenhuma experiência de país que ficou rico sem investir na educação. Então, nós vamos voltar para poder investir na geração de emprego. Aliás, uma coisa importante: nós temos quase que 70% das famílias brasileiras endividadas, e a grande maioria delas é mulher: 22% endividadas porque não podem pagar a conta d’água, a conta de luz, a conta do gás. Nós vamos negociar essa dívida. Pode ficar certo que nós vamos negociar, sabe? Com o setor privado e com o sistema financeiro, por que nós precisamos…”

William Bonner

“Seu tempo, candidato”.

Lula

“Fazer com que o povo brasileiro volte a viver com dignidade…”

William Bonner

“Candidato, seu tempo terminou. Mas eu, antes de encerrar, eu preciso fazer uma correção, eu cometi um erro aqui: eu me referi ao dinheiro devolvido à Petrobras como 6,2 bilhões de dólares; não foram de dólares, foram de reais. Está feita a correção aqui”.


Fonte: https://www.brasil247.com/midia/leia-a-integra-da-entrevista-de-lula-ao-jornal-nacional

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Brasil abre mão de setor estratégico liberando exploração de minérios nucleares a empresas privadas?


09:00 25.08.2022 (atualizado: 09:18 25.08.2022)

Em fábrica localizada próximo à cidade de Resende, no estado do Rio de Janeiro, funcionários da Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB) controlam enriquecimento de urânio, em 29 de outubro de 2016 - Sputnik Brasil, 1920, 25.08.2022

© Folhapress / Ricardo Borges

Especialistas apontam preocupações com Medida Provisória (MP) assinada pelo presidente Jair Bolsonaro neste mês, mas não veem país com capacidade financeira para investir na produção nacional e deixar de importar para alimentar usinas nucleares. A Sputnik Brasil explica o atual estágio do país no segmento e o que muda com a nova regra.

Em meio a uma crise global de combustíveis e de abastecimento com o conflito ucraniano, muitos países têm buscado novas soluções energéticas. Enquanto os Estados Unidos incentivam a elevação da produção mundial de petróleo e a União Europeia reativa usinas termelétricas a carvão, o Brasil vem tentando diversificar sua gama de indústrias no setor.

Em uma ponta, a empresa química brasileira Unigel vai lançar a primeira fábrica de hidrogênio verde em escala industrial, prevista para começar a operar em 2023 no complexo petroquímico de Camaçari, na Bahia.

Em outra frente, recentemente o presidente Jair Bolsonaro (PL) assinou uma Medida Provisória (MP 1.133/2022) que autoriza a participação do setor privado na exploração de minérios nucleares.

Até então, essa era uma atribuição exclusiva da Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB), empresa pública fundada em 1988 e vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME).

Com grande potencial para exploração e enriquecimento de urânio, o Brasil ainda tem um vasto caminho a percorrer em pesquisa, desenvolvimento tecnológico e capacidade de produção.

Segundo o MME, apesar de ser rico em minérios nucleares, o país ainda importa a maior parte dos insumos necessários à fabricação do combustível para atender as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, resultando em maior custo de produção.

A matriz nuclear responde atualmente por menos de 3% de toda a energia gerada no território brasileiro. Com o início da operação comercial de Angra 3, em 2026, e a promessa de lançamento de uma quarta instalação em 2031, o país de fato precisa buscar meios de acelerar a produção e baratear os custos.

Usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, em Angra dos Reis (RJ) - Sputnik Brasil, 1920, 24.08.2022

Usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, em Angra dos Reis (RJ). Foto de arquivo

© Folhapress / Luciana Whitaker

Contudo a abertura da exploração ao setor privado, até mesmo estrangeiro, é o melhor caminho para o desenvolvimento econômico brasileiro? Por se tratar de um setor estratégico, o Estado não deveria ampliar seu investimento em vez de dividi-lo com outras empresas?

Segundo o professor de engenharia nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Aquilino Senra, o Estado brasileiro não tem capacidade para aumentar o investimento no setor "em um horizonte próximo".

O especialista afirma que, devido à crise fiscal atual e suas consequências nos próximos anos, há outras prioridades para o governo por enquanto.

Apesar disso, ele avalia que a medida paliativa para ampliar a exploração dos minérios no país deveria ter sido executada por meio de um projeto de lei, com devido trâmite no Congresso Nacional.

"A Medida Provisória é um instrumento exclusivo do presidente da República para criar leis em caráter de urgência. Desconheço o motivo da urgência no caso", disse Senra, lembrando que a MP passou a valer a partir da data de publicação, no último dia 12.

Pastilha de urânio produzida na Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB), no Rio de Janeiro (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 24.08.2022

Pastilha de urânio produzida na INB, no Rio de Janeiro. Foto de arquivo

© Folhapress / Ricardo Borges

Preocupado com os procedimentos na cadeia produtiva, Fernando Pires, professor de microscopia de minérios e de geologia econômica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e autor do livro "Urânio no Brasil: Geologia, Jazidas e Ocorrências", afirma que os geólogos precisam continuar "devidamente protegidos" no trabalho de busca e extração em jazidas de urânio bruto.

Segundo ele, o armazenamento do material deve ser feito em plantas construídas especificamente com esse propósito, a fim de evitar qualquer tipo de contaminação.

"A solução é delicada e mostra que há a necessidade de especialistas em energia nuclear, em geologia para a extração mineral e o tratamento de minerais uraníferos, para impedir contaminação durante transporte e tratamento, em plantas que evitem irradiação. O pessoal técnico deve estar preparado para esses processos", disse Pires.

Imagem mostra a usina nuclear de Doel, na Bélgica, em 1º de fevereiro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 04.02.2022

Notícias do Brasil

'Como se fosse um 2º pré-sal': especialistas apontam energia nuclear como saída para o Brasil

4 de fevereiro, 20:00

O que muda com a MP?

O professor de engenharia nuclear aponta que a MP não promoveu uma privatização irrestrita do setor. Ele explica que a medida estimula a participação da iniciativa privada por meio de parcerias com a INB, tanto na pesquisa como na exploração dos minérios.

O especialista ressalta que a INB "continuará exercendo o monopólio nuclear no país em nome da União" e que, portanto, a participação da iniciativa privada estará limitada a 49% nessas parcerias.

"Conforme forem estabelecidas as condições entre as partes em contrato comercial, a MP 1.133 poderá ser benéfica para o aumento da produção de urânio no país", disse.

Concentrado Yellow Cake, produzido pela usina da Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB), durante análise no laboratório da empresa. O concentrado é resultado da aplicação de ácidos sobre o urânio em estado mineral - Sputnik Brasil, 1920, 24.08.2022

Concentrado "Yellow Cake", produzido pela usina da INB, durante análise no laboratório da empresa. O concentrado é resultado da aplicação de ácidos sobre o urânio em estado mineral. Foto de arquivo

© Folhapress / Sérgio Lima

Senra indica ainda que, com a medida, a INB poderá ter mais recursos financeiros e tecnológicos para a produção de urânio e as demais etapas do ciclo do combustível nuclear no país.

Porém o especialista alerta que a MP deixou uma brecha no que se refere a "garantias de recursos financeiros e responsabilidades" na questão ambiental.

Ele aponta que o governo tornou a empresa independente do Tesouro Nacional. Dessa forma, a companhia fica responsável pela recuperação de áreas prejudicadas pela má condução de atividades com rejeitos iniciadas antes de sua fundação.

A exploração do urânio no Brasil teve início em março de 1981, no município de Caldas (MG), pela extinta estatal Nuclebrás. Após sua extinção, o especialista lembra que a INB "herdou o passivo ambiental de Caldas, gerado por governos passados totalmente despreocupados com as questões ambientais do projeto".

"A INB não tem e não terá tão cedo orçamento suficiente para executar o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), já aprovado pelo Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] e CNEN [Comissão Nacional de Energia Nuclear]", disse.

Usina hidrelétrica de Itaipu é vista a partir do rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 11.08.2022

Notícias do Brasil

Itaipu: acordo para redução de tarifa traz esperança para impasse do Anexo C, diz especialista

11 de agosto, 11:00

Além do depósito de Caldas, que teve a exploração encerrada em 1995 por inviabilidade econômica, outras duas importantes reservas de minérios nucleares estabelecidas para prospecção desde a década de 1970 até hoje possuem grande oferta de material.

Na mina de Itataia, em Santa Quitéria, no Ceará, o professor explica que o urânio é o minério secundário. Segundo ele, nesse caso, o fosfato, essencial e insubstituível na produção de fertilizantes, é o componente principal da reserva.

Porém o especialista lembra que a exploração da mina ainda está em processo de licenciamento ambiental e nuclear, sem prazo para o início das operações.

Por enquanto, a única reserva em atividade de fato é a de Lagoa Real, em Caetité, na Bahia, que ainda tem grande margem para exploração, segundo o especialista.

"A produção atual ainda não é suficiente para atender a demanda das usinas nucleares brasileiras", afirmou.

Homem trabalha em uma refinaria de petróleo improvisada em Raqqa, na Síria - Sputnik Brasil, 1920, 27.07.2022

Notícias do Brasil

Petróleo sintético: o que impede o Brasil de ter uma indústria desse combustível?

Defesa planetária projetada pela China| Tecnologia em iate nuclear para ...

Importantes realizações são divulgadas na Conferência de Redes do Futuro realizada no leste da China


2022-08-25 19:26:15丨portuguese.xinhuanet.com

Tecnologia de aplicação da rede determinística na condução autônoma foi mostrada na 5ª Conferência de Desenvolvimento de Redes do Futuro, realizada em Nanjing, capital da Província de Jiangsu, leste da China, em 17 de junho de 2021. (Xinhua/Ji Chunpeng)

   Nanjing, 25 ago (Xinhua) -- Uma série das mais recentes realizações de pesquisas científicas nas áreas como rede determinística e 6G foi divulgada nesta quarta-feira em Nanjing, capital da Província de Jiangsu, leste da China.

   Os Laboratórios Purple Mountain, uma importante plataforma de inovação em redes e comunicações, anunciou um grande avanço em sistemas de rede determinística de área ampla na 6ª Conferência de Desenvolvimento de Redes do Futuro, que começou no mesmo dia.

   O sistema de rede determinística de área ampla que cobre 35 cidades chinesas, incluindo Beijing, Shanghai e Nanjing, simula o sistema ferroviário de alta velocidade da China e pode atingir zero perda de pacotes de dados e baixa latência.

   Espera-se que o sistema ajude a capacitar a aplicação de economia digital, como telemedicina e veículos inteligentes e conectados, explicou na conferência Liu Yunjie, pesquisador da Academia Chinesa de Engenharia.

   Um sistema operacional de rede de computação e uma plataforma de teste de transmissão sem fio 6G também foram apresentados durante a conferência. A plataforma 6G pode melhorar muito as capacidades tecnológicas de transmissão sem fio em comparação com o 5G.

   Apresentando tecnologias de rede atualizadas, a conferência de dois dias realizada online e offline atraiu mais de mil participantes, incluindo especialistas e representantes empresariais da China Mobile, China Telecom e Huawei.


Fonte: https://portuguese.news.cn/20220825/ab43520c73e54c86a8c3b726d9865fb6/c.html

Comitiva do governo da Colômbia é alvo de atentado


Os veículos oficiais atacados se dirigiam a El Tarra, para se juntar à caravana de Gustavo Petro

25 de agosto de 2022, 08:30 h Atualizado em 25 de agosto de 2022, 09:17

www.brasil247.com - Gustavo Petro Gustavo Petro (Foto: Presidencia Colombia)

ARN - Veículos oficiais do governo de Gustavo Petro foram atacados a balas nesta quarta-feira (24) por "pelo menos seis" homens na região de Santander, enquanto se dirigiam ao município de El Tarra para se juntar à caravana do presidente, que iria participar de um evento lá .

Conforme detalhado pela Presidência do país em comunicado, o ataque foi realizado com armas de fogo de longo alcance contra os veículos. “O evento foi registrado no setor de San Pablo (El Tarra), quando pelo menos seis sujeitos teriam instalado um posto de controle ilegal. A caravana ignorou a 'parada', razão pela qual foram atingidos com armas de fogo", refere a carta.

A esse respeito, o governo colombiano indicou que um dos veículos não conseguiu passar pelo posto de controle que havia sido montado, enquanto o outro "permaneceu furado". Estes dois veículos foram detidos, bem como um condutor da Unidade Nacional de Protecção, que foi posteriormente libertado.

“Os outros veículos e sua tripulação conseguiram passar pelo posto de controle. As pessoas estão sob a proteção das autoridades", disse.

A área da sub-região de Catatumbo, onde ocorreram os fatos, faz fronteira com a Venezuela e ali se concentra grande parte do conflito armado. Os veículos fizeram aquela viagem para avaliar a possibilidade de Petro ter comparecido a este local.

Fonte: https://www.brasil247.com/americalatina/comitiva-do-governo-da-colombia-e-alvo-de-atentado

"É hora de paz", diz Gustavo Petro sobre atentado à sua comitiva


Delegação presidencial foi atacada a tiros enquanto revisava aspectos de segurança e logística antes da visita de Petro a uma região na fronteira com a Venezuela

25 de agosto de 2022, 08:35 h Atualizado em 25 de agosto de 2022, 09:16

www.brasil247.com - (Foto: Reuters)

ARN - "Isso é o que deve acabar no país. Chega de violência. Embora apenas coisas tenham sido afetadas e seres humanos tenham sido salvos, o trabalho do governo continuará determinando que é hora de paz", escreveu o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, após um tiroteio registrado nesta quarta-feira (24) contra veículos oficiais no departamento de Norte de Santander, na fronteira com a Venezuela.

Pelo menos seis sujeitos atacaram a delegação presidencial enquanto ela se dirigia ao município de El Tarra para revisar aspectos de segurança e logística antes de uma visita do presidente Petro, prevista para esta sexta-feira.

Conforme detalhado pela Presidência colombiana em comunicado, o ataque foi realizado com armas de fogo de longo alcance contra os veículos.

A esse respeito, o governo colombiano indicou que um dos veículos não conseguiu passar pelo posto de controle que havia sido montado, enquanto o outro "permaneceu furado". Estes dois veículos foram detidos, bem como um condutor da Unidade Nacional de Protecção, que foi posteriormente libertado.

“Os outros veículos e sua tripulação conseguiram passar pelo posto de controle. As pessoas estão sob a proteção das autoridades", disse. Conforme relatado na quinta-feira pelo jornal El Tiempo, os agressores estavam todos vestidos com roupas civis e usavam rifles e pistolas.

A área da sub-região de Catatumbo, onde ocorreram os fatos, faz fronteira com a Venezuela e ali se concentra grande parte do conflito armado.

Fonte: https://www.brasil247.com/americalatina/e-hora-de-paz-diz-gustavo-petro-sobre-atentado-a-sua-comitiva

Proposta dos militares para mudar teste das urnas ameaça o sigilo do voto


Forças Armadas querem aferir aparelhos em seções eleitorais aleatórias, o que traz uma série de riscos

25 de agosto de 2022, 04:43 h Atualizado em 25 de agosto de 2022, 05:27

www.brasil247.com - Fachada do TSE, exército e urna eletrônica Fachada do TSE, exército e urna eletrônica (Foto: Roque de Sá/Agência Senado | Valter Campanato/Agência Brasil | Fernando Frazão/Agência Brasil)

247 - A um mês e meio da realização do primeiro turno das eleições, as Forças Armadas ainda tentam convencer o TSE a mudar a forma como hoje é feito o Teste de Integridade, considerado uma das principais etapas de auditoria do processo eleitoral brasileiro, informa a jornalista Malu Gaspar em sua coluna no Globo.

Segundo a jornalista, integrantes do TSE são frontalmente contrários à proposta, apontando uma série de riscos porque o teste pode ameaçar o sigilo do voto, uma garantia protegida pela Constituição.

O teste consiste em uma votação paralela à oficial, feita com cédulas de papel no dia da própria eleição. Geralmente ele é feito na sede de Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), como simulação de uma votação normal: os participantes recebem cédulas já previamente preenchidas, mostram o nome escrito no papel para câmeras que filmam todo o processo e depois esse voto é computado em uma urna eletrônica.Todo o procedimento é filmado, para eventuais conferências posteriores.

O objetivo do teste é checar se o voto em papel é o mesmo que foi registrado pelo aparelho. Uma empresa de auditoria é contratada pela Justiça Eleitoral para fiscalizar todo o processo – e muitos TREs transmitem o Teste de Integridade ao vivo em seus canais do YouTube.

Segundo a jornalista, os militares insistem em que o Teste de Integridade seja feito não mais no ambiente controlado dos TREs, mas em seções eleitorais de verdade, escolhidas aleatoriamente, com o uso da biometria para identificar os eleitores. Dizem que seria uma simulação o mais próximo possível da votação real.

No entanto, dentro do TSE há forte resistência a modificar o procedimento tão em cima da hora da eleição. Técnicos avaliam que, além dos impactos em termos logísticos e da confusão que pode provocar no eleitorado, ficaria mais difícil proteger o sigilo do voto.

Fonte: https://www.brasil247.com/brasil/proposta-dos-militares-para-mudar-teste-das-urnas-ameaca-o-sigilo-do-voto

Orçamento secreto vai capturar R$ 10 bilhões da verba federal para a área de saúde em 2023


Falta de critérios técnicos no repasse das emendas do orçamento secreto tende a agravar a situação de dificuldades do Sistema Único de Saúde (SUS)

25 de agosto de 2022, 08:12 h Atualizado em 25 de agosto de 2022, 08:12

www.brasil247.com - (Foto: Agência Brasil)

247 - O chamado orçamento secreto, utilizado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) para cooptar o apoio de parlamentares no Congresso Nacional, deverá capturar cerca de R$ 10 bilhões  do valor previsto para ações e serviços públicos de saúde no projeto de Orçamento de 2023. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, “o valor é o mínimo que o governo tem, por obrigação constitucional, que destinar à área no Orçamento”.

Ainda segundo a reportagem, o Orçamento de 2022 estabeleceu R$ 139,8 bilhões como o valor mínimo obrigatório para a área de saúde. O volume, porém, subiu para R$ 150,5 bilhões com o acréscimo das emendas de relator, que compõem o orçamento secreto, e outros valores que foram incorporados posteriormente. O Orçamento do próximo ano, contudo, prevê que o valor para o setor de saúde fique em R$ 149,3 bilhões, já contando com os R$ 10 bilhões das emendas de relator.

A falta de critérios técnicos no repasse das emendas do orçamento secreto tende a agravar a situação de dificuldades do Sistema Único de Saúde (SUS). “Com o quadro atual, a situação do SUS tende a se agravar em 2023: as pressões são crescentes, por exemplo, com aumento da fila para cirurgias, enquanto os recursos podem cair e ainda tendem a ser capturados pelo orçamento secreto”, disse Bruno Moretti, assessor legislativo no Senado e especialista em orçamento público.

A medida que transfere parte dos recursos do Orçamento para as emendas de relator foi mantida por Jair Bolsonaro após o Congresso aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023 com a diretriz de que os valores destas emendas já estariam previstas na reserva de contingência do projeto de Orçamento, no montante resultante da soma das emendas individuais e de bancada impositivas.

“Ao mesmo tempo, Bolsonaro vetou artigo que fixava que no máximo metade da reserva para as emendas de relator poderia ser usada para cumprir mínimos constitucionais, como o de saúde. O valor geral das emendas de relator deve ficar entre R$ 18 bilhões e R$ 19 bilhões em 2023”, ressalta o periódico.

Fonte: https://www.brasil247.com/brasil/orcamento-secreto-vai-capturar-r-10-bilhoes-da-verba-federal-para-a-area-de-saude-em-2023-8him36u0

Candidatos militares atacam sistema eleitoral nas redes e violam lei ao usar patente em campanha


Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que concorrem às eleições deste ano ao menos 329 candidatos militares

25 de agosto de 2022, 05:27 h Atualizado em 25 de agosto de 2022, 05:27

www.brasil247.com - (Foto: Agência Brasil)

247 - Candidatos ligados às Forças Armadas vêm usando as redes sociais para atacar e disseminar notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro.

Muitos desses candidatos usam suas patentes do Exército como nome de urna, o que é proibido pelo Estatuto dos Militares. Dentre os candidatos militares, 148 usam a designação hierárquica para pedir votos.

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que concorrem às eleições deste ano ao menos 329 candidatos militares.

De acordo com reportagem do jornal O Globo, em perfis nas redes sociais, a desinformação sobre as urnas eletrônicas e o TSE é a tônica. Em sintonia com as investidas de Jair Bolsonaro (PL) contra o processo eleitoral, os candidatos usam desse discurso como mote de campanha nas plataformas digitais.

Fonte: https://www.brasil247.com/brasil/candidatos-militares-atacam-sistema-eleitoral-nas-redes-e-violam-lei-ao-usar-patente-em-campanha

Grupo de Puebla manifesta preocupação com perseguição judicial a Cristina Fernández de Kirchner


Pronunciamento foi feito a partir de parecer do Clajud - Conselho Latino-americano de Justiça e Democracia

25 de agosto de 2022, 06:35 h Atualizado em 25 de agosto de 2022, 07:12

www.brasil247.com - Vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner 23/08/2022 Vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner 23/08/2022 (Foto: REUTERS/Agustin Marcarian)

247 - O Grupo de Puebla, que reúne lideranças políticas e intelectuais, protesta contra a perseguição judicial à vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner.

"No período entre 2015 e 2019, ela foi processada repetidamente, chegando a mais de uma de uma dúzia de processos, em quase todos os casos promovidos pelos mesmos juízes, promotores e outros membros do Judiciário que tinham vínculos com o então presidente Mauricio Macri. Ao mesmo tempo, há indícios de que o Poder Executivo planejou operações de vigilância e inteligência contra Cristina Fernández de Kirchner e seus aliados. Há vazamentos de escuta ilegal em vários programas de televisão, rádio e jornais", diz documento publicado nesta quarta-feira (24), a partir de parecer do Clajud - Conselho Latino-americano de Justiça e Democracia.

Leia a íntegra 

Fonte: https://www.brasil247.com/americalatina/grupo-de-puebla-manifesta-preocupacao-com-perseguicao-judicial-a-cristina-fernandez-de-kirchner

Comandantes das PMs garantem a Moraes: “tropas estão sob controle”


Presidente do TSE se reuniu com chefes das polícias militares dos 27 estados e distrito Federal

24 de agosto de 2022, 20:32 h Atualizado em 24 de agosto de 2022, 21:19

www.brasil247.com - Presidente do TSE, Alexandre de Moraes convocou os 27 comandantes das polícias militares para discutir sobre segurança e disciplina durante as eleições Presidente do TSE, Alexandre de Moraes convocou os 27 comandantes das polícias militares para discutir sobre segurança e disciplina durante as eleições (Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE)

247 - Os 27 comandantes das polícias militares afirmaram ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, que as tropas estão "sob controle" e preparadas para garantir a realização das eleições deste anos. Moraes se reuniu nesta quarta-feira (24) com chefes das polícias de todos os estados e do Distrito Federal.

O comandante da PM de Rondônia, coronel James Padilha, disse em entrevista que os comandantes da polícias tranquilizaram Moraes e reforçaram estar tudo sob controle. “Cada um dos comandantes foi enfático, em uníssono, em externar que as tropas estão sob controle. Nós temos tropas disciplinadas”, afirmou.

“Somos instituições do Estado. E não poderia ser diferente. Em relação ao momento, nós temos total isenção, imparcialidade e tranquilidade para dizer a todos que estamos em condição de proporcionar toda segurança e tranquilidade que a população precisa para poder exercer livremente o direito ao voto”, garantiu o comandante.

Fonte: https://www.brasil247.com/brasil/comandantes-das-pms-garantem-a-moraes-tropas-estao-sob-controle

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Fidelidade aos interesses israelenses e judeus é o novo normal


Por Philip Giraldi

Devo confessar um certo gosto pelo presidente russo Vladimir Putin . Não, não se trata de suas ações na Ucrânia, nem de suas tendências autoritárias internamente. Isso se deve ao fato de que ele às vezes articula a hipocrisia de países e líderes estrangeiros de maneira concisa e sem prisioneiros.

Ultimamente, ele tem sido corajoso o suficiente para comparar e contrastar o que os militares russos foram acusados ​​na Ucrânia com o que Israel tem feito a Gaza.

Ele fez isso fazendo uma série de perguntas que juntas demonstram a hipocrisia de Washington e de alguns europeus sobre o que constitui crimes de guerra ou crimes contra a humanidade.

As perguntas eram:

“Primeiro, existem sanções contra Israel pelo assassinato e destruição de mulheres e crianças palestinas inocentes? Segundo, existem sanções contra os Estados Unidos por matar e destruir vidas de mulheres e crianças inocentes no Iraque, Síria, Afeganistão, Cuba, Vietnã e até mesmo roubar seus diamantes e ouro? E terceiro, houve alguma sanção contra os EUA e a França pelo assassinato de Muammar Gaddafi e a destruição da Líbia?”

A Rússia, é claro, tem sido alvo de sanções e boicotes e até mesmo roubo oficial do dinheiro que tinha em bancos americanos e europeus. Também teve de lidar com o apoio militar fornecido pela OTAN ao regime de Volodymyr Zelensky na Ucrânia. No mês passado, o Senado dos EUA aprovou por unanimidadeuma ridícula resolução não vinculativa declarando a Rússia como um “Estado patrocinador do terrorismo”, que, se endossado pela Casa Branca, inevitavelmente levaria a ainda mais sanções e aumento da ajuda a Zelensky e seus comparsas corruptos em uma tentativa abertamente declarada de enfraquecer a Rússia e derrubar Putin. Também significaria que uma futura relação diplomática funcional entre Moscou e Washington se tornaria impossível. Implícita nas perguntas de Putin está a clara acusação de que há um padrão duplo sobre o que constitui a segurança nacional. O Ocidente apóia a resistência militar da Ucrânia contra a Rússia, mas não apóia o direito dos palestinos de se defenderem quando atacados por Israel, como ocorreu em 5 de agosto , um ataque não provocado que matou , entre outros,17 crianças palestinas.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia seguiu com uma declaração publicada pela primeira vez em suas contas de mídia social da Embaixada do Egito. A declaração incluiu uma captura de tela de um tweet que o primeiro-ministro israelense Yair Lapid postou em 3 de abril.sobre a alegada morte de civis na cidade ucraniana de Bucha, atribuída por Lapid e pelos meios de comunicação ocidentais às forças russas. Lapid declarou: “É impossível ficar indiferente diante das imagens horríveis da cidade de Bucha, perto de Kiev, depois da partida do exército russo. Prejudicar intencionalmente uma população civil é um crime de guerra e eu o condeno veementemente”. O post russo observou como se pode “comparar as mentiras de Yair Lapid sobre [a Ucrânia] em abril e as tentativas de culpar e responsabilizar [a Rússia] pelas mortes de pessoas em Bucha brutalmente assassinadas pelos nazistas com seus apelos em agosto por bombardeios e ataques em terras [palestinas] na Faixa de Gaza. Isso não é um padrão duplo, total desrespeito e desprezo pela vida dos palestinos?”

O ponto sobre um padrão duplo é particularmente relevante, pois a Ucrânia, que afirma estar enfrentando um brutal ataque russo repleto de crimes de guerra, endossou abertamente  o bombardeio e tiroteio de Israel contra palestinos desarmados. Há duas semanas, o embaixador ucraniano em Israel, Yevgen Korniychuk, expressou seu total apoio a Tel Aviv, dizendo: “Como um ucraniano cujo país está sob um ataque muito brutal de seu vizinho, sinto grande simpatia pelo público israelense. Os ataques a mulheres e crianças são repreensíveis. Terrorismo e ataques maliciosos contra civis são a realidade diária de israelenses e ucranianos e essa terrível ameaça deve ser interrompida imediatamente”.

O comentário estranho e manifestamente falso de Korniychuk pega a realidade e a vira de cabeça para baixo. Mas, no entanto, com certeza, o recente ataque sangrento de Israel a Gaza não ganhou muito favor de uma audiência global que se cansou da beligerância do estado judeu e da enxurrada de desinformação em benefício próprio. Várias organizações de direitos humanos e até algumas igrejas responderam declarando que Israel é um “estado de apartheid”. Alguns críticos dos israelenses também ficaram satisfeitos ao observar que os eleitores comuns no Partido Democrata dos EUA, em particular, se afastaram do apoio instintivo a Israel e aceitaram que ele é racista e antidemocrático. Mesmo um número considerável de jovens judeus, muitos dos quais protestaram contra o recurso automático israelense a tiros e bombas para reprimir os palestinos,

Israel está longe de ser derrotado, no entanto, e revidou da maneira consagrada pelo tempo, usando a diáspora judaica e sua vasta riqueza para comprar ou alavancar a mídia, corromper políticos em todos os níveis e propagar uma narrativa que sempre retrata os judeus com simpatia como vítimas perpétuas. Essa narrativa se baseia no chamado holocausto e no slogan “nunca mais” para gerar a autoridade moral e a indignação que fazem toda a impostura, de outra forma insustentável, funcionar.

O que pode ser plausivelmente descrito como uma Conspiração Judaica Internacional dirigida pelo Ministério de Assuntos Estratégicos do governo israelense e pelos think tanks, bancos e casas de investimento em Wall Street e K Street está trabalhando duro para tornar ilegal criticar Israel e está desfrutando de um sucesso considerável . O massacre recente e contínuo de moradores de Gaza e Cisjordânia por Israel não induziu os governos completamente controlados e os meios de comunicação que o estado judeu domina que há algo seriamente errado acontecendo entre israelenses e palestinos, apenas negócios como de costume.

Israel parece estar vencendo sua guerra contra os palestinos (e não vamos esquecer os iranianos) onde mais importa, entre os poderosos nos EUA e em outros lugares. Testemunhe, por exemplo, a reação do governo dos EUA ao assassinato dos habitantes de Gaza. O presidente Joe Biden declarou que Israel tem o “direito de se defender”, a linha padrão também repetida pela presidente da Câmara dos Deputados , Nancy Pelosi . Trinta e quatro congressistas, entretanto, assinaram uma carta pedindo às Nações Unidas para dissolver uma Comissão de Inquérito da ONU (COI) em Israel após recentes comentários controversos de um dos membros da comissão. O COI foi criado para investigar possíveis crimes de guerra israelenses e crimes contra a humanidade nos territórios ocupados e em Gaza.

Os signatários se opuseram particularmente ao que a sempre vigilante Liga Antidifamação descreveu como declarações antissemitas do membro do COI Miloon Kothari, um especialista e investigador indiano em direitos humanos. Em um podcast, Kothari observou que Israel rotineiramente “praticava o apartheid e o colonialismo de colonos contra os palestinos”, antes de rejeitar as críticas à sua comissão como sendo o trabalho do lobby judaico que controla a mídia, dizendo: “Estamos muito desanimados com a mídia social que é controlada em grande parte pelo lobby judeu ou ONGs específicas”, acrescentando que “muito dinheiro está sendo jogado na tentativa de desacreditar o trabalho da comissão”.

O poder judaico, particularmente no mundo anglófono, também esteve em exibição recentemente no Canadá. O dolorosamente politicamente correto regime de Justin Trudeau sucumbiu ao exemplo dado pela Alemanha e vários outros estados europeus ao consagrar a narrativa de vítima perpétua das organizações judaicas oficiais no Código Penal Canadense, s. 319 . Daqui em diante

(2.1) Todo aquele que, ao comunicar declarações, exceto em conversas privadas, promova deliberadamente o antissemitismo tolerando, negando ou minimizando o Holocausto

  • (a) é culpado de um crime punível e passível de prisão por um período não superior a dois anos; ou
  • (b) é culpado de um crime punível com condenação sumária.

Então, a partir de agora no Canadá, se você questionar os fatos alegados em torno da chamada narrativa do holocausto aprovado, você pode ser enviado para a prisão por dois anos. Tanto para a liberdade de expressão ou o direito de desafiar a desinformação.

Finalmente, na Grã-Bretanha, os dois candidatos ao cargo de primeiro-ministro substituindo o desgraçado Boris Johnson, Liz Truss, o secretário de Relações Exteriores, e Rishi Sunak, o chanceler, estavam se gabando desuas credenciais pró-Israel no mesmo fim de semana, quando Israel estava matando mais de cinqüenta palestinos, incluindo 17 crianças, enquanto feriu dezenas de outros. Truss e Sunak jogaram a carta Israel/judeu em grande estilo, com Truss afirmando que “O Reino Unido deve ficar lado a lado com Israel, agora e no futuro. Como primeiro-ministro, eu estaria na vanguarda desta missão”. Truss também deu a entender que seguiria a liderança do fantoche sionista Donald Trump ao transferir a embaixada britânica para Jerusalém e apoiou um acordo de livre comércio entre o Reino Unido e Israel, que beneficiaria principalmente os israelenses. Ela também declarou que qualquer crítica a Israel está enraizada no anti-semitismo, uma linha popular que também está sendo amplamente promovida nos Estados Unidos.

Os dois partidos dominantes no sistema parlamentar do Reino Unido são os conservadores (conservadores) e trabalhistas. Ambos os partidos organizaram grupos “Amigos de Israel” que têm como membros uma maioria de parlamentares, incluindo mais de quatro em cada cinco conservadores, que atualmente formam o governo. Recentemente, o Partido Trabalhista derrubou o líder Jeremy Corbyn porque ele ousou expressar simpatia pelos palestinos e o substituiu por Keir Starmer,quem é tão próximo de Israel e da poderosa comunidade judaica britânica quanto, bem... escolha sua metáfora. Se vale a pena, Truss, Sunak e Starmer apoiam uma linha dura contra a Rússia na Ucrânia e também defendem a pressão extrema sobre o Irã, inimigo regional declarado de Israel. Todos também apoiam o uso do veto britânico nas Nações Unidas para proteger o Estado judeu contra os críticos.

Em 2001, o primeiro-ministro israelense Ariel Sharon advertiu com raiva seu colega Shimon Peres, que estava argumentando que Israel deveria atender aos pedidos dos EUA por um cessar-fogo, dizendo: “Quero dizer uma coisa muito clara, não se preocupe com a pressão americana sobre Israel. Nós, o povo judeu, controlamos a América, e os americanos sabem disso”. Parece agora que os EUA, Canadá e Grã-Bretanha, juntamente com outros estados anglófonos como Austrália e Nova Zelândia, estão andando no mesmo cavalo quando se trata de sacrificar interesses nacionais reais para agradar a uma nação estrangeira que pode ser corretamente considerada como um criminoso de guerra habitual e manifestamente racista. Os políticos britânicos e canadenses de ambos os lados do corredor agora se tornaram como seus colegas americanos ao se deixar corromper pelo dinheiro e pela influência da mídia, tornando um compromisso acrítico e quase total com Israel a questão definidora em qualquer campanha política para altos cargos.

O poder judaico moderno como um fenômeno global é um câncer que, em certo sentido, foi criado na América e se espalhou pelo mundo. Mas, felizmente, a difamação dos críticos como antissemitas está começando a se desgastar. Como Chris Hedges observou em março de 2019, “a compra do Lobby de Israel de quase todos os políticos seniores nos Estados Unidos, facilitada por nosso sistema de suborno legalizado, não é um tropo antissemita. É um fato. A campanha do lobby de assassinato de caráter vicioso, difamação e lista negra contra aqueles que defendem os direitos palestinos... não é um tropo anti-semita. É um fato. Vinte e quatro governos estaduais aprovaram uma legislação apoiada pelo Lobby de Israel exigindo que seus trabalhadores e contratados, sob ameaça de demissão, assinem um juramento pró-Israel e prometam não apoiar oO movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções não é um tropo anti-semita. É um fato."

Também deveria ser um fato que os americanos estão começando a protestar contra seu governo sendo manipulado por agentes insidiosos não registrados de um governo estrangeiro, mas isso terá que esperar, presumivelmente. No momento, Israel e sua quinta coluna têm elementos-chave tanto no governo quanto no espaço público em suas garras de ferro. Pode exigir algo como uma revolução para afrouxar isso.

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The Unz Review.

Philip M. Giraldi , Ph.D., é Diretor Executivo do Conselho para o Interesse Nacional, uma fundação educacional dedutível de impostos 501(c)3 (número de identificação federal nº 52-1739023) que busca uma política externa dos EUA mais baseada em interesses no Oriente Médio. O site é Councilforthenationalinterest.org, o endereço é PO Box 2157, Purcellville VA 20134 e seu e-mail é inform@cnionline.org . Ele é um colaborador regular da Global Research.

A imagem em destaque é da TUR

Fonte: https://undhorizontenews2.blogspot.com/