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sábado, 6 de outubro de 2007

POBRE FLOR DO LÁCIO

Para o ingresso no serviço público, o pretenso funcionário precisa fazer uma prova de língua portuguesa (no concurso). Já os políticos, para se candidatarem, não fazem nenhuma, e aí reside a incoerência, bem como o fato de qualquer analfabeto funcional poder se candidatar a um cargo público.
O resultado é desastroso para as tribunas das casas legislativas e, sobre o assunto, mostrou-se o inteligente orador e escritor Francisco Barros Alves, membro da Academia Cearense de Retórica, bastante preocupado com o desempenho lingüístico de alguns deputados cearenses, em um artigo bem escrito e publicado na “Folha do Ceará”.
O certo é que quase ninguém, neste país, valoriza como deveria o idioma pátrio, sobretudo os dirigentes da Nação, quando deveriam dar o bom exemplo. O povo já é tão carente de tudo, ainda mais perdido nas dificuldades da própria língua materna e sem um referencial que lhe sirva de parâmetro.
Sinceramente, não sabemos dizer qual a pior postura para um político: falar e escrever errado ou pronunciar-se, em público, com palavras e expressões de baixo nível, agredindo os ouvidos dos eleitores e excitando-lhes a descrença.
De uns anos para cá, foram tantas as palavras e expressões grosseiras, até de baixo calão advindas da boca de personalidades do alto escalão, que se vierem outras, talvez não fiquem mais no rol das novidades, mas sim no dicionário dos políticos nacionais.
A primeira da qual nos lembramos foi “otário”, depois vieram “caipira”, “vagabundo”, “cambada de desocupados”, “filho da...”. Todas dirigidas aos eleitores. Além de expressões pronunciadas impensadamente, como “aquilo roxo”, “relaxa e goza”, “nojento”...
Isso talvez seja uma pequena amostra. Imagine, leitor, se alguém se dispuser a sair Brasil afora registrando os destemperos da comunicação política! Sem nenhuma dúvida, vivemos novas ditaduras: a da ignorância e a da insanidade lingüística dos integrantes da política nacional e local.

Eliane Arruda é e ex-presidente da Academia Feminina de Letras do Ceará.

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