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sábado, 20 de outubro de 2007

Encontro discute imagem do Judiciário

A Justiça mudou, está mais sensível e mais transparente, mesmo que apresente uma boa parte dos problemas que herdou de uma estrutura que ainda mantém sérias deficiências. A percepção dos juízes cearenses, porém, é de que a sociedade ainda enxerga o Poder somente a partir de suas dificuldades. A situação foi tema de um dos painéis da programação de ontem do II Encontro da Magistratura Cearense, organizado pela Associação Cearense de Magistrados (ACM) e pela Escola Superior de Magistratura do Estado do Ceará (Esmec), com a participação do editor-executivo de Conjuntura do O POVO, Gualter George. O debate concluiu que há necessidade de um esforço de aproximação mútua para que esta nova realidade seja discutida. O debate, realizado a partir de 9 horas, no auditório do Fórum de Sobral, levou ao consenso, entre juízes e jornalista, e que historicamente a relação tem sido conflituosa e marcada por problemas. Para Gualter, uma parte deles resultado da natureza de cada atividade e uma outra fruto de "erros, defeitos e vícios alimentados ao longo do tempo e que hoje permanecem como elementos de dificuldade no diálogo". Porém, segundo ele, há uma mudança mútua de comportamento que, na perspectiva de futuro, tende a resultar num melhor acompanhamento, pelos veículos de comunicação, da "pauta ligada ao funcionamento do Judiciário". Na platéia, basicamente formada por juízes, sobraram questionamentos e propostas. Marcelo Roseno, que é juiz em Sobral, considerou a discussão de grande importância e chamou atenção, em especial, para o problema do pré-julgamento e da pré-condenação que, muitas vezes, o noticiário estabelece. Martônio Pontes de Vasconcelos, da 3a. Vara da Fazenda Pública em Fortaleza, considera que a imprensa, no geral, costuma minimizar o lado humano dos magistrados, deixando de lançar foco sobre os graves problemas que ele enfrenta para cumprir sua missão. "A começar pelo acúmulo absurdo de processos. Lá na Vara da Fazenda a média de processos é de 60 mil por juiz. Eu, graças a Deus, tenho apenas 17 mil", disse, ironicamente. Martônio destacou que, enquanto isso, na Inglaterra a média é de 3 mil processos por juiz. A ACM, segundo o presidente Paulo de Tarso Pires Nogueira, avaliou o debate como altamente positivo e pretende, para o futuro, desenvolver mais ações que busquem estreitar o relacionamento entre juízes e a imprensa, a fim de identificar problemas que estejam dificultando-o e discutir as maneiras de superá-los. "O saldo foi altamente positivo", disse ele, também reconhecendo que os magistrados precisam fazer uma boa reflexão própria sobre o quadro. "Muita coisa tem sido feita", diz ele, "mas há dificuldade para divulgá-las". O II Encontro da Magistratura Cearense, cujo tema central - "Por um Judiciário ético e eficiente" -, prosseguiu ontem à tarde, com mais dois painéis realizados no auditório do Centro de Convenções de Sobral. O último dia do evento, hoje, terá a participação do presidente da Associação de Magistrados do Brasil (AMB), Rodrigo Colaço.

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