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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Cenário melhora para Dilma, mas pesquisa mostra ameaças

Da coluna Política, no O POVO desta terça-feira (15), pelo jornalista Érico Firmo:

Pesquisas não servem para antever o futuro. Elas sinalizam o cenário do momento, que sempre pode oscilar. E, ainda nesse diagnóstico de ocasião, cometem equívocos. Querer usá-las para vidência, em regra, conduz ao erro. Exemplos não faltam: um ano antes da eleição presidencial passada, José Serra (PSDB) tinha aproximadamente o dobro das intenções de voto de Dilma Rousseff (PT). No fim de 2005, Serra estava na frente de Lula nas pesquisas, que seria reeleito no ano seguinte. Em 2001, um ano antes da eleição do petista, ele já liderava as consultas, mas a segunda colocada era Roseana Sarney (então do PFL, hoje do PMDB). Serra, que chegaria ao segundo turno, aparecia atrás de Ciro Gomes (à época no PPS), Itamar Franco (PMDB) e Anthony Garotinho (era do PSB). Em outubro de 1997, os institutos mostravam que Fernando Henrique Cardoso (PSDB) precisaria passar por segundo turno para se reeleger – ele venceria já no primeiro turno no ano seguinte. No fim de 1993, FHC tinha em torno de 7% das intenções de voto, enquanto Lula liderava com folga – para ser derrotado no primeiro turno um ano depois.

Os precedentes não significam que as pesquisas de agora não servem para nada. Não adianta projetá-las para prever quem será eleito, mas vale observá-las na perspectiva dos impactos que terão para as decisões dos partidos e para a definição de estratégias. Os números do Datafolha, divulgados sábado, expõem cenário mais favorável a Dilma, com Marina Silva e Eduardo Campos forçados a estar no mesmo palanque. A presidente cresceu em relação à sondagem do mesmo instituto em agosto. Naquele momento, apenas com Lula como candidato havia perspectiva de vitória petista no 1º turno. Agora, no cenário mais provável, contra Campos e Aécio Neves (PSDB), Dilma venceria sem necessidade de 2º turno. Contudo, os perigos embutidos nos números são muitos.

O maior deles, o expressivo crescimento de Campos, que quase dobrou de intenções de voto e chega agora a 15%. Além disso, Marina continuou a crescer, embora em menor patamar. Contudo, com o governador de Pernambuco em significativa alta, ficam menores as chances de ser ela a candidata do PSB e não ele. Aécio reverteu a queda do levantamento anterior e subiu. Contudo, aparece sempre abaixo dos números de Serra. A se manter esse cenário, são grandes as chances de o ex-governador paulista passar o mineiro para trás tentar ser candidato pela terceira vez.

A boa notícia para Dilma é conjuntural: o cenário ficou menos pulverizado e, portanto, com menos candidatos a lhe tirarem votos capazes de forçar um segundo turno. Mas para a oposição a notícia positiva é que os candidatos que restarem na disputa estão mais fortes do que pareciam em agosto, quando o Datafolha fez seu último levantamento.

Do Blog do Eliomar de Lima

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