Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://luizcarlosamorim.blogspot.com
Deparei-me com uma boa notícia em um jornal, há uns três ou quatro pares de anos - e olhe que notícia boa em jornal não é muito comum, cá pra nós. Falo do Projeto Livro Aberto, do Ministério da Cultura, que prometia implantar cento e trinta novas bibliotecas no país, naquele ano de 2005. Até o final de 2006, a meta era zerar a quantidade de cidades brasileiras sem salas de leitura. Não era uma boa notícia?
Isso significava que as pequenas cidades que até então não tinham o benefício e a opção da leitura, passariam a ter a sua biblioteca pública municipal, com um acervo inicial de dois mil livros. Do kit faria parte também um computador com o acervo cadastrado, mesas e cadeiras.
Só que os anos passaram e, assim como tantas outras promessas do governo anterior, essa também não foi cumprida.
O tal projeto Livro Aberto seria um alento para a acirrada luta que travamos com o objetivo de se conseguir disseminar a leitura nesse país, para que se consiga despertar o gosto pela leitura. Mas não vingou.
Então me deparo, recentemente, com outra notícia parecida com aquela de tantos anos atrás: “Biblioteca será obrigatória nas escolas do Brasil em 2020”. Para uma promessa que já havia sido feita há bastante tempo, prevendo que em 2006 não haveria mais cidade brasileira sem biblioteca pública, prometer isso de novo com tão largo prazo é uma confissão de nossos governantes de que não cumprem as suas promessas. Como os notebooks para os alunos de primeiro e segundo graus, prometidos há anos atrás e que também não foi cumprido. Essa promessa também foi reeditada, só que com tablets.
O interessante é que, com todo esse prazo, a lei federal 12.244/10, que determina que todas as instituições de ensino públicas e privadas do Brasil devem ter bibliotecas até o ano de 2020, foi sancionada em 2010, já com três anos de defasagem, portanto.
Segundo o movimento Todos pela Educação, 72,5% das escolas públicas do país não têm bibliotecas. O Brasil teria que começar já a entregar bibliotecas, para dar conta do recado. Não me consta que estejam inaugurando bibliotecas públicas por aí, diariamente, então ficamos em dúvida quanto ao cumprimento de mais essa promessa. E precisamos de bibliotecas, precisamos de livros, precisamos incutir o hábito da leitura. E sem bibliotecas públicas e escolares, isso fica bem difícil, ainda mais com o sucateamento da educação que todos estamos vendo em nosso país.
Mas como o poder público terá a parceria do Instituto Ecofuturo, da Academia Brasileira de Letras (ABL), do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) e da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) – que aceitaram fazer parte da campanha Eu Quero Minha Biblioteca, vamos esperar que a coisa ande.
Municípios brasileiros que não têm biblioteca, por favor não deixem de se inscrever no programa Eu quero Minha Biblioteca”. E cobrem a sua.
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