Em nome do amor se faz tanta coisa que não tem nenhuma relação com ele.
Mente-se, mata-se, engana-se, cala-se, morre-se! Em nome do amor se vive
de aparência. E lobos se comportam como cordeiros... Pessoas aparentemente
boníssimas se revelam más, escondidas detrás do manto do preconceito. Em
nome do amor muita gente sofre sem merecer, porque a hipocrisia ainda é
maior que o amor ao próximo e a preocupação com o seu bem estar. Mas,
certamente Deus está acima de tudo isso. Acima das aparências, da
hipocrisia, do preconceito. Ainda bem que Deus é um Pai amoroso; revestido
de amor incondicional pela criatura, ciente de seus erros e fraquezas.
Algumas pessoas dizem amar, mas judiam da pessoa amada. Tratam-na com
desrespeito, desconsideração, pouco caso, humilhação, indiferença. Isso,
perdoem-me, não é amor. O amor pressupõe acolhimento, afeição, não
julgamento. A maior parte das pessoas ama condicionalmente, ou seja, ama
apenas quando lhes convêm. Se se age de acordo com o esperado, ótimo. Mas,
se se age de modo contrário, que decepção; acabou o amor!
Quantas pessoas dizem amar e, na verdade, apenas suportam o outro. Toleram
para não terem de enfrentar muito mais, como a reprovação da família ou da
sociedade. Quantas pessoas dizem amar e, na verdade, apenas usam esse
discurso para manipular os seus e fazê-los viver sob suas ordens,
obedecendo cegamente suas determinações. Isso não é amor, mas dominação,
egocentrismo, tirania. Quantas pessoas afirmam “falo ou faço isso para o
seu bem” quando, na verdade, pensam apenas na própria comodidade, conforto
e satisfação, pouco se importando em como o outro se sente, se é feliz ou
o que se passa verdadeiramente em seu interior.
Precisamos desmascarar essas pessoas que dizem amar, mas na verdade não
amam coisa nenhuma. Dominam, sufocam, maltratam... Impedem a livre
expressão do outro em seus anseios e sentimentos. Instalam a tirania
doméstica, em que apenas um tem voz e vez, enquanto os demais são
relegados a um segundo plano.
Em nome do amor pais e mães aleijam emocionalmente seus filhos,
podando-lhes a chance de escolherem seus próprios caminhos, impondo-lhes a
ditadura afetiva em que só recebe amor aquele que procede em conformidade
com o esperado e aceito do ponto de vista familiar e social. Caso
contrário, vira bode expiatório de todos os problemas domésticos e passa a
ser odiado ou desprezado pelos seus.
Cônjuges também podem destruir a vida de seus companheiros, impondo-lhes
rotina de humilhação e indiferença, flagrantes desrespeitos comuns em
nossos dias e que minam a autoestima e a alegria das pessoas envolvidas.
Enfim, em nome do amor se faz muita coisa que em absoluto se parece ou
lembra esse sentimento tão nobre. Cabe a cada um de nós estendermos
olhares críticos às situações que nos rodeiam, a fim de poder identificar
onde realmente existe amor ou onde existe apenas egoísmo.
Maria Regina Canhos (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora.
Acesse e divulgue o site da autora: www.mariaregina.com.br.
sábado, 23 de março de 2013
Em nome do amor
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