A um ano e meio da sucessão presidencial, basta abrir um jornal ou uma janela para dar de cara com os candidatos. O brasileiro tem mais o que fazer. Mas já não adianta virar o rosto. Eles estão em toda parte. Nesta segunda, por exemplo, Dilma Rousseff e Eduardo Campos oferecerão à plateia doses maciças de dissimulação.
Com a amizade já bem cansada, a presidente e o governador pernambucano dividirão o mesmo palanque na cidade de Serra Talhada. Dilma anunciará investimentos de R$ 500 milhões numa adutora. Vai ser divertido acompanhar os discursos da visitante e do anfitrião.
A aliança entre ambos, já em avançado estágio de decomposição, permanece insepulta como um símbolo da hipocrisia e do faz-de-conta que caracterizam a atividade política. A ornamentação do palco da uma ideia do teatro. Governa a cidade o petista Luciano Duque, cuja tribo providenciou faixas pró-Dilma.
Lê-se nas faixas uma mensagem que realça em vermelho os sentimentos de “gratidão e lealdade” que Serra Talhada supostamente devota a Dilma. Uma alusão à alegada ingratidão e deslealdade de Eduardo Campos, que investe contra um governo que recobre Pernambuco de verbas desde Lula.
Aliados do governador também plantaram pela cidade placas de agradecimento. Devem assegurar a Eduardo, de resto, uma claque à altura da de Dilma. Informa-se no Planalto que Dilma deve encurtar sua passagem pela capital, Recife. Sérgio Cabral (PMDB), governador do Rio, ofereceu-lhe um bom pretexto.
Cabral convidou Dilma para uma missa em memória das vítimas dos deslizamentos da Região Serrana do Rio. Com isso, a presidente terá de deixar Pernambuco antes do previsto. A menos que Eduardo a convença do contrário, não deve almoçar com o quase-futuro-rival. Melhor assim. Evita-se a indigestão.
Por pompeumacario
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