Tanto na oposição quanto entre os governistas, a atuação do ex-ministro Nelson Jobim no Ministério da Defesa foi elogiada, mas a indicação do ex-chanceler Celso Amorim dividiu as opiniões. O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO) avaliou como muito temerária a ida de Amorim para um cargo estratégico como a Defesa, por seu viés esquerdista e sua política de aproximação com ditaduras, como a do Irã. O democrata diz que foi uma troca para pior, já que Jobim era de competência incontestável, moralizou e disciplinou as Forças Armadas, o que seus antecessores não conseguiram fazer.
- Pior, foi trocado por um fanático esquerdista. Isso é um perigo na Defesa pelo seu passado de aproximação com ditaduras e suas ligações com Cuba e Venezuela. Muito mais que uma crítica , vejo a solução como extremamente temerária para um cargo estratégico de defesa nacional. Só falta o Amorim levar o Marco Aurélio Garcia e o Samuel Pinheiro Guimarães. Acho que o Amorim na Defesa será um desastre! - avalia Demóstenes.
Mas o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), diz que essa é uma avaliação exagerada, porque Celso Amorim vai tocar a política da presidente Dilma Rousseff e um programa de defesa que já está em execução, algo que, segundo ele, foi muito bem comandado até agora por Jobim.
- Essa é uma colocação totalmente descabida! Qualquer que fosse o ministro, iria executar a política da presidente Dilma. A política externa implementada por Amorim não tinha viés ideológico. Era uma política pragmática de abrir novos horizontes para o Brasil em todos os continentes . É um nome muito adequado para o cargo - disse Humberto Costa.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, também acha que o PMDB não vai ficar melindrado com a substituição de um peemedebista por um petista.
- O PMDB vai aceitar bem. O Celso Amorim tem boas relações com o PMDB. O fato de ser filiado ao PT não foi decisivo. O que conta é se tem diálogo com todas as correntes, e ele tem.
O presidente do PT também elogiou a gestão de Jobim, e disse que até agora não entendeu porque ele agiu para criar um desgaste para ele mesmo.
- Não acho que a troca terá um impacto na tropa, mesmo porque o desfecho não foi provocado pela presidente Dilma. O Jobim se autoimolou pela boca - disse Falcão.
- Não acho que haverá solução de continuidade ou qualquer reação negativa nas tropas com a solução Amorim. A troca não teve nenhum componente militar. A mudança teve conteúdo político e não terá repercussão na tropa - avaliou o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP).
Líder do PSDB na Câmara lamenta saída de Jobim e diz esperar que Amorim não tenha viés ideológico na Defesa
Já o líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), preferiu lamentar a demissão de Nelson Jobim do comando da Defesa. Para ele, o governo utilizou as últimas declarações de Jobim para justificar sua saída, sendo que o incômodo teria sido com declarações anteriores. Jobim dissera que votou em José Serra na eleição presidencial de 2010. O tucano disse esperar que o novo ministro da Defesa, Celso Amorim, continue o trabalho de Jobim, que estava implementando um trabalho sem viés ideológico.
Duarte Nogueira lembrou que, no comando do Itamaraty no governo do presidente Lula, Celso Amorim tomou posições ideológicas que muitas vezes foram contestadas. A política externa de Lula era um dos pontos mais criticados pelo PSDB.
- Espero que ele (Celso Amorim) não deixe se contaminar com o viés político-ideológico, o que muita vezes ocorreu no Ministério das Relações Exteriores. Gostaria de lamentar a saída de Jobim, com um currículo extremamente qualificado. Jobim foi ministro de três presidentes e comandou o Supremo Tribunal Federal - disse Duarte Nogueira.
Agencia Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário