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domingo, 21 de agosto de 2011

Futuro do Brasil está sendo jogado por EUA e Europa”

 

 

Para o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, a reação dos países desenvolvidos definirá as consequências da crise para o país

Por Silvia Balieiro

Editora Globo

Luiz Carlos Mendonça de Barros: crescimento brasileiro depende da força da crise na Europa e nos Estados Unidos

Quais serão as consequências da crise econômica mundial para o Brasil? Para o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, a resposta dependerá da reação dos países desenvolvidos. Ele acredita que há dois cenários possíveis: um de crescimento mínimo dos países ricos e outro de recessão.

Para o Brasil a melhor opção seria que Europa e Estados Unidos mantivessem um crescimento ainda que medíocre. A razão para isso está na China. Se os mercados ricos continuarem crescendo, eles alimentarão a economia chinesa, que por sua vez ajudará o Brasil a manter o seu crescimento. “A China é um dragão de três cabeças para o Brasil. A primeira come produtos primários, a segunda vomita itens industrializados com valor baixo e a terceira consome tecnologia de grande valor agregado”, diz Mendonça de Barros.

O apetite voraz dos chineses pelos produtos brasileiros tem sido responsável por um aumento inédito na relação entre o preço do que é importado e o que é exportado. Essa relação – chamada pelos economistas de termo de troca – historicamente sempre foi próxima de US$ 75. Ou seja, para cada US$ 100 gastos com importados, o Brasil recebia US$ 75 com exportações. Hoje esta relação é de US$ 145. A mudança não aconteceu porque o Brasil passou a exportar produtos de maior valor agregado, mas porque os produtos primários brasileiros, em especial os alimentos, estão ficando mais caros. Tudo graças à China, que vem aumentando a demanda por alimentos na mesma proporção que despeja por aqui um grande número de itens industrializados de baixíssimo custo. “Somente essa relação de US$ 145 já é capaz de garantir um crescimento de 1,6% do PIB todos os anos”, afirma o economista.

Luiz Carlos Mendonça de Barros cita Jim O’Neil, o criador do termos BRIC, para reforçar sua tese. O economista e atual presidente do Goldman Sachs Asset Management acredita que o baixo crescimento de Estados Unidos e Europa aumentará ainda mais a distância entre estes países e os emergentes. Somente este ano, os países em desenvolvimento foram responsáveis por 80% do crescimento do PIB mundial. Se os indicadores se mantiverem, em cinco anos o PIB nominal dos emergentes poderá ultrapassar o dos países desenvolvidos.

Mas todo esse otimismo depende de um mínimo de crescimento da economia mundial. “O mundo rico não pode estrebuchar”, diz Mendonça de Barros. Caso isso aconteça, o Brasil enfrentaria o segundo cenário possível, o de recessão mundial, cujas consequências são difíceis de serem previstas, considerando o problema social envolvido. “Se no momento atual a Inglaterra já vem enfrentando manifestações populares violentas, imagine o que poderia acontecer com recessão e perda de confiança dos consumidores. O movimento do nazismo surgiu após a grande depressão de 29”.

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