O mundo parece andar conturbado. As manchetes dos jornais causam apreensão. A crise econômica internacional, que muitos economistas afirmavam ter acabado em 2010, se aprofundou nas últimas semanas. O acordo feito no congresso americano, entre os republicanos e democratas, para aumentar o teto da dívida pública dos EUA, mostrou que longe de estabilizar a situação, o que existem são dúvidas sobre a capacidade de recuperação da economia americana, o que levou inclusive ao rebaixamento de notas dos EUA pelas agências internacionais que medem o risco.
A dívida federal do governo dos EUA passou de 9,2 trilhões de dólares em 2007 a 14,5 trilhões em 2011, o que corresponde a 100% do PIB. A dívida alcança nos países europeus a 63% do PIB da Espanha, 76,5% na Inglaterra, 81,7% na França, 93% em Portugal, 114% da Irlanda, 120% da Itália e 152% do Grécia. É assustador.
Tudo isso,
apesar da mega operação dos governos imperialistas de ajuda aos empresários na tentativa de amenizar a crise. Os diversos estados entregaram cerca de 25 trilhões de dólares às grandes empresas e bancos ameaçados. Esses números são apenas aproximativos. Recentemente, o Government Accountability Office (um instituto do congresso dos EUA) descobriu que o Tesouro norte-americano entregou 16 trilhões de dólares em empréstimos secretos às grandes empresas. É mais que o PIB dos EUA sendo entregue secretamente aos grandes bancos.
A situação na Europa também não se estabilizou com o pacote de ajuda à Grécia. A crise da dívida pública ameaça se estender para outros países como a Espanha, Itália, Portugal e toda a zona do euro.
Em apenas uma semana foram “queimadas” na bolsa de valores no mundo cerca de 4,2 trilhões de dólares, o que equivale a duas vezes o PIB do Brasil, demonstrando não só a gravidade da crise como confirmando as limitações da pequena recuperação ocorrida nos últimos 2 anos, bem como as previsões que estamos frente a uma crise de longa duração. A pequena recuperação alardeada na noite de terça-feira (9) pela mídia também não ameniza a gravidade do problema.
Na Europa, os trabalhadores e a juventude têm protagonizado grandes lutas no enfrentamento à política dos governos para jogar a crise econômica nas costas dos trabalhadores. Foram greves gerais e manifestações na Grécia, Espanha, Grã-Bretanha, Portugal, Itália e outros.
As revoltas que tomam conta das ruas da Inglaterra são produto de uma explosão de amargura e raiva diante do aumento do desemprego, da pobreza, num país onde cresce a desigualdade social e onde há perseguição policial sistemática e racismo.
As revoluções nos países árabes, do norte da África, também são parte desse processo mundial, que além das lutas econômicas, brigam também por liberdades democráticas.
Há mais de um mês, os estudantes do Chile participam de grandes manifestações em defesa do ensino público e gratuito contra a privatização da educação.
E o Brasil? – No Brasil que vem tendo um crescimento econômico nos últimos dois anos, o governo Dilma começou a se preparar para os efeitos da crise, com o corte do orçamento de 50 bilhões de reais que retiram recursos da saúde, educação, previdência, moradia e outros. Agora, o governo lança o plano “Brasil Maior” que dá incentivos fiscais às grandes empresas principalmente multinacional através de redução do IPI; desoneração da folha de pagamento; incentivo às exportações para supostamente aumentar a competitividade das empresas instaladas no país. Somente no ano passado foi assegurada uma ajuda a grandes empresas que, em benefícios e isenções fiscais, somaram 144 bilhões de reais, conforme informações do TCU (Tribunal de Contas da União).
Nos últimos meses, assistimos a um crescimento das lutas dos trabalhadores (as) no país com várias greves. São greves no setor da educação, no setor metalúrgico, na construção civil, na mineração, dos servidores municipais, servidores estaduais, bombeiros, petroleiros, artistas e, agra, servidores federais. Uma resposta à contradição de que enquanto crescem os lucros das empresas, recordes e mais recordes de produção, os salários são corroídos pela inflação e os serviços públicos cada vez mais precarizados. Estas lutas poderiam ter mais força não fosse o papel cumprido pelas centrais sindicais governistas de apoio ao governo Dilma e a sua política econômica.
Mas esse governo enfrenta problemas. Os casos de corrupção continuam em escala galopante. Em apenas seis meses de governo, explodiram o caso Palocci, os escândalos do Ministério do Transporte, da Agricultura e do Turismo. Bem como em diversos governos estaduais, prefeituras e câmaras municipais. As obras do PAC e da Copa e Olimpíadas são um terreno fértil para o crescimento da corrupção, além de servirem para aumentar os ataques ao movimento popular com remoções forçadas e desocupações constantes.
No campo, continua a concentração fundiária, despejos violentos nas ocupações, descaso com os assentamentos rurais e com os pequenos produtores de alimentos, bem como assassinatos e impunidade. O novo Código Florestal facilitará a destruição dos ecossistemas brasileiros, perdoará dívidas dos madeireiros e ampliará a monocultura. O governo Dilma nega a reforma agrária e oferece total apoio ao agronegócio: créditos fartos e baratos, pesquisas e assistência técnica. O que interessa é a produção e venda de commodities agrícolas (cana-de-açúcar, etanol, soja, café, algodão, carne bovina, suína e de aves) no mercado internacional, na busca de superávit primário e pagamento da dívida pública.
Nas lutas urbanas, aprofunde-se a política de criminalização dos movimentos, incluindo prisões injustificadas e ameaças de morte.
http://cspconlutas.org.br
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