O médico Anthony Wong, chefe do Ceatox - Centro de Assistência Toxicológica do Instituto da Criança do HC, em São Paulo, alerta para o golpe batizado de "Easy Date", frequente no Carnaval, que pode induzir as pessoas ao sono profundo e até à morte.
O golpe costuma ser feito a partir da indução ao consumo de alguma substância química ou medicamentosa que faz a vítima perder o controle de suas ações, tornando-se presa fácil de abuso sexual ou de roubo.
São vários os medicamentos utilizados. O flunitrazepam (Rohypnol), por exemplo, é geralmente misturado na bebida alcoólica para disfarçar seu gosto amargo e em menos de trinta minutos provoca sonolência, quase coma. Seu efeito é intenso e prolongado, normalmente de 48 horas. “Nós já tratamos de pessoas que ficaram desacordadas durante 72 horas, o que traz riscos adicionais, pois nesse longo período a pessoa pode ficar desidratada ou ter hipoglicemia”, informa Wong.
Outro medicamento muito utilizado é o Clonazepan, que, além de sonolência, pode provocar parada respiratória. O chefe do Ceatox lembra que essa droga já provocou diversas mortes. Tanto o Rohypnol quanto o Clonazepan podem ser adquiridos facilmente, o que aumenta o risco de ser utilizado com essa finalidade.
O Midazolan exige a apresentação de receita médica especial e sua ação é mais curta, cerca de 2 horas. Seus efeitos provocam sono e amnésia. Ou seja, a pessoa sequer vai lembrar posteriormente do que lhe aconteceu. Consequência semelhante é conseguida pelo zolpidem. Porem, este não exige receituário especial, o que torna sua aquisição fácil e provoca sono mais leve.
Ketamina é um anestésico, que pode ser colocado na bebida. Ele dá sonolência profunda e provoca a perda do controle, podendo levar à parada respiratória. Tem efeito semelhante ao ópio e muitas pessoas tornam-se viciadas, sem atentar para o risco de parada respiratória.
O GHB sintético tem sido muito utilizado para o estupro, pois sua ação, que inclui sono profundo e coma, dura mais de 8 horas, e pode ser obtido de uma cola plástica.
A escopolamina, que provoca amnésia e, embora a pessoa não durma, bloqueia a consciência do que está acontecendo, são outras substâncias químicas utilizadas com o objetivo de manipular as vítimas. Por essa razão, segundo aconselha Wong, é fundamental ficar atento a esse risco e “jamais aceitar bebida de qualquer pessoa estranha, nem deixar seu copo fora de vista”. Além disso, uma medida preventiva é, sempre que possível, evitar sair sozinho.
Outro ingrediente de alto risco que, embora proibido, ainda faz parte da animação do Carnaval, é o lança-perfume. Wong lembra que ao aspirar esse produto o coração fica muito excitável. “Se misturado com outra droga ou estimulante, pode provocar arritmia cardíaca gravíssima, até fulminante”, explica.
Fonte: Site de notícias do BOL
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