O representante do Irã na AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) considerou "infundadas" as suspeitas de que seu país esteja fabricando uma bomba atômica, descritas no relatório da ONU que teve trechos revelados ontem, informa a agência iraniana Fars.
Ali Asghar Soltanieh disse que os documentos citados no relatório da AIEA são "inventados" e, portanto, "não têm nenhuma validade".
"Eu disse, em muitas ocasiões, que vimos esses documentos e nenhum deles tinha selos confidenciais ou secretos", disse Soltanieh. "Assim, fica claro que todos os documentos foram inventados e são infundados, não têm nenhuma validade" acrescentou ele.
Também nesta sexta-feira, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, negou que o Irã busque construir armas nucleares. "As acusações do Ocidente são falsas, porque nossas crenças religiosas nos impedem de usar tais armas (...). Nós não acreditamos em armas nucleares e não temos a intenção de construi-las", disse ele em discurso à TV iraniana.
O Irã, a despeito das acusações das potências mundiais, afirma que seu programa nuclear tem fins civis.
O país anunciou, na semana passada, que havia passado a enriquecer urânio até um grau de pureza de 20%, para uso em um reator de pesquisas médicas. Até então, o país enriquecia urânio apenas até 3,5%. Para a fabricação de armas nucleares, é preciso uma pureza de cerca de 90%.
Relatório
Em seu primeiro relatório aos ministros da agência da ONU, o diretor geral da AIEA, Yukiya Amano, se mostrou preocupado com a possibilidade do Irã desenvolver ogivas nucleares.
"A informação de que dispomos (...) destaca a existência potencial de atividades secretas passadas ou presentes do Irã ligadas ao desenvolvimento de uma carga nuclear para um míssil", disse Amano.
Os Estados Unidos expressaram "incômodo" em relação às atividades nucleares do Irã após o vazamento do informe confidencial da AIEA, segundo o qual o país já produziu seu primeiro lote de urânio enriquecido a 20% e pode estar tentando obter armas nucleares. Foi a primeira vez que a agência admitiu essa possibilidade.
"Temos um incômodo persistente em relação às atividades do Irã. Não podemos explicar por que e negam a comparecer à mesa de negociações e a responder de uma forma construtiva as perguntas que lhe foram feitas", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, P.J. Crowley, à imprensa.
Em referência ao relatório, Crowley afirmou ser o primeiro desde a revelação, no dia 25 de setembro passado, da existência de uma usina nuclear na cidade iraniana de Qom.
"Não há para essa usina uma explicação coerente com a necessidade de um programa nuclear civil", disse o porta-voz.
O relatório, que será avaliado em um encontro entre os próximos dias 1º e 5 de março pelos 35 países que formam a direção da AIEA, apontou que, com o passar do tempo, fica mais difícil obter informações sobre o programa nuclear iraniano, e que, portanto, é essencial que Teerã coopere rapidamente com os investigadores da agência.
Fonte: Site de notícias do BOL
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