A Bancada do PT oficializou ontem, por aclamação, o deputado Vicentinho (SP) como o novo líder do partido na Câmara em substituição ao deputado José Guimarães (PT-CE). Após muitos aplausos, Vicentinho agradeceu a confiança dos parlamentares e elogiou o trabalho do antecessor. O novo líder, negro, advogado, de origem operária, agradeceu os deputados Bohn Gass (RS) e Sibá Machado (AC), que abdicaram de pleitear a Liderança da Bancada para apoiar o seu nome.
Durante seu discurso, o líder Vicentinho, sindicalista, ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), pediu a colaboração dos parlamentares petistas na condução dos rumos da bancada e reafirmou seu compromisso com a classe trabalhadora. “A certeza que eu tenho é que existimos para representar o interesse da classe trabalhadora. Nunca poderemos abrir mão dessa perspectiva”, observou Vicentinho.
O novo líder defendeu a unidade da bancada neste ano em que os embates serão acirrados pela disputa eleitoral. “Esse é um ano eleitoral, e o lado de lá vem com ferocidade. Por isso, quero atuar mais como um porta-voz da bancada para mantermos a nossa unidade, para que prevaleçam não os interesses individuais, mas os interesses do conjunto da bancada”, destacou.
Vicentinho citou uma frase do ex-presidente Lula quando ainda era sindicalista. “Prefiro errar com todos os meus companheiros, do que errar sozinho. Mas quero mesmo é acertar com todos, porque sozinho sei que posso errar”.
Vicentinho afirmou ainda que “o PT continua a ser o partido defensor da ética na política, embora tentem dizer o contrário”. Segundo ele, as críticas ao partido vêm de setores que nunca aceitaram a ascensão dos trabalhadores ao poder. “Sabemos dos nossos compromissos e da nossa caminhada. Mas existe uma elite que nunca engoliu a eleição do operário Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff, primeira mulher a presidir o País”, afirmou.
Conquistas – O líder Vicentinho disse que espera comemorar várias vitórias neste ano. Entre elas, a da seleção brasileira na Copa do Mundo, a reeleição da presidenta Dilma e a eleição de vários governadores e parlamentares petistas por todo o Brasil. “Por isso, temos que ter o compromisso da fidelidade com o governo, mas sem abrir mão da nossa personalidade. É necessário ter a habilidade e a capacidade de manter a autonomia e, ao mesmo tempo, defender o governo com unhas e dentes”, ressaltou.
Agradecimentos – Além de saudar a chegada do novo líder, vários deputados elogiaram o trabalho desenvolvido pelo deputado José Guimarães na liderança da bancada em 2013. Por sua vez, o ex-líder disse que, apesar das dificuldades enfrentadas em 2013, deixa o comando da bancada “com o sentimento de dever cumprido”. “Continuarei sendo um soldado na defesa da bancada, do partido e do governo”, afirmou José Guimarães.
Novo líder ressalta papel estratégico da bancada com transformação do Brasil
O deputado Vicentinho (PT-SP), aclamado ontem como novo líder da bancada do partido na Câmara, em substituição ao deputado José Guimarães (PT-CE), reafirmou o compromisso de todos os deputados petistas com o avanço do processo de transformação pelo qual passa o Brasil desde 2003, com o início do governo Lula. O parlamentar também citou a Comissão de Direitos Humanos como uma preocupação. Confira o que disse Vicentinho na sua primeira entrevista como líder do PT em 2014.
Quais serão os eixos principais que orientarão a Bancada do PT em 2014?
Temos algumas certezas para este ano: o compromisso com a transformação social; o apoio ao governo Dilma, que é fruto do nosso projeto, do nosso partido; e a defesa da nossa bancada, de modo que ela não perca a sua cara própria e promova bons debates e bons diálogos com o governo e com os demais partidos na Câmara. A caminhada será árdua, mas vamos enfrentá-la com muita disposição.
De que modo o seu histórico de ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o fato de ser o primeiro negro a liderar a bancada vão influenciar no seu mandato?
Um líder partidário é um porta-voz da bancada, e atuarei desta forma. É claro que temos uma ou outra sensibilidade mais particular, relacionada de onde cada um veio – eu venho do mundo operário –, mas é fundamental a luta pela dignidade humana, que inclui a luta pelos direitos iguais, pela igualdade social, pela igualdade racial e contra todo tipo de preconceito, que é o que representa a nossa bancada. O fato de ser um líder operário e negro são fatores que caminham conosco, mas meu papel será o de representar toda a bancada.
Uma História de luta em defesa da classe trabalhadora
O sonho de viver numa sociedade melhor e o desejo de fazer valer os direitos dos trabalhadores fizeram um simples trabalhador sindicalizado lutar, acreditar e vencer as dificuldades do dia-a-dia. Foi assim que Vicentinho iniciou a sua carreira sindical na região do Grande ABC paulista. Ele filiou-se ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema em 1977 e a partir desta data não se desviou do objetivo de ver a classe trabalhadora vencer todos os obstáculos impostos a ela. Após a sua participação nas greves históricas do fim da década de 70 e início dos anos 80, foi eleito em 1981, vice-presidente do então Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema.
Como dirigente, participou de decisões históricas nas conquistas das Comissões de Fábricas e na mudança do caráter das CIPAS (Comissão Interna de Acidentes de Trabalho). Em 1983, dirigiu com outros companheiros a greve geral e de solidariedade aos petroleiros (primeira greve geral após o golpe de 1964). No mesmo ano, foi cassado pela ditadura militar, e o sindicato sofreu intervenção federal. Participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), sendo eleito presidente da primeira CUT Regional no Brasil, a CUT ABC.
No ano seguinte, participou como dirigente da retomada do Sindicato e foi reeleito primeiro secretário. Em 1987, foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, com 87% dos votos e reeleito em 1990 com 92% dos votos. Em 1992, coordenou ao lado da bancada de trabalhadores, o mais importante acordo do setor automotivo chamado de “Câmara Setorial”. Em 1993, coordenou a fundação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (foi eleito seu primeiro presidente com 95% dos votos) com uma nova proposta de ideias, uma nova era sob o lema: “Sindicato Cidadão”. Um ano após, em 1994, foi eleito presidente da CUT Nacional.
Na CUT, Vicentinho fez questão de garantir a mesma visão desenvolvida no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, mantendo os trabalhadores unidos e organizados. Nesse período de presidência, Vicentinho priorizou a negociação com o patronal, sem abrir mão novamente de direitos conquistados e lutando muito para conseguir mais espaço e dignidade ao trabalhador. Em 1997, Vicentinho foi reeleito presidente da CUT Nacional, terminando seu mandato em julho do ano 2000.
Foi também presidente-fundador do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (INSPIR), composto por três centrais sindicais brasileiras (CUT, Força Sindical e CGT), pela Central Norte Americana (AFL – CIO) e pela ORIT (Organização Regional Interamericana dos Trabalhadores). Em 1998, foi eleito suplente do Senador Eduardo Suplicy.
Partido dos Trabalhadores – No fim da década de 70, começa a se concretizar a ideia de se construir um partido democrático, transparente e ético. Surge, então, em 1979 o Movimento pelo Partido dos Trabalhadores com um número de trabalhadores cada vez maior em busca de um novo partido político. Em 10 de fevereiro de 1980, nasce o Partido dos Trabalhadores. A mais importante lição que o trabalhador brasileiro aprendeu em suas lutas foi a de que a democracia é uma conquista que, finalmente, ou se constrói pelas suas mãos ou ela não virá.
A luta por melhores salários e melhores condições trabalhistas foi o que levou Vicentinho e milhares de companheiros a sonharem com um partido que defendesse os direitos e os interesses do povo trabalhador. Durante a década de 80, o PT realizou seis grandes encontros nacionais, participou de todas as eleições e ampliou seus quadros em todas as esferas políticas do País. Neste período, Vicentinho como dirigente e líder sindical foi um dos fundadores de um Partido que, neste ano, completa 34 anos de existência.
Depois de anos se dedicando à área sindical, Vicentinho foi eleito, em 2002, deputado federal com 254.221 votos e reeleito em 2006, com 97.477 votos. Está agora em seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados. Vicentinho foi eleito por oito anos (sendo seis consecutivos) pelo DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) como um dos 100 parlamentares mais atuantes do Congresso Nacional.
Em seu primeiro ano de trabalho na esfera federal, Vicentinho presidiu a Comissão da Reforma Trabalhista; a Comissão da Redução da Jornada de Trabalho e a Comissão sobre a Crise – Geração de Empregos e Serviços. Titular da Comissão Permanente do Trabalho, Administração e Serviço Público.
Integrou a CPI do Trabalho Escravo e foi membro da Câmara de Negociação de Desenvolvimento Econômico e Social. É o coordenador da Frente Parlamentar Pró-Guardas Municipais, membro da Frente Parlamentar em Defesa da Igualdade Racial e dos Quilombos e coordenador da Frente Parlamentar Pela Saúde e Segurança no Trabalho.
Atua insistentemente na aprovação de importantes projetos, tais como a proposta de emenda à Constituição (PEC 239) que reduz a jornada de trabalho para 40 horas semanais; a regulamentação da Convenção 158, da OIT, sobre a demissão em massa; e o projeto de regulamentação da terceirização (o PL 1621/07), de sua autoria, que coaduna com uma visão justa e moderna de relações do trabalho, dentre outras propostas de grande interesse da classe trabalhadora e do País.
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