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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

LONGEVIDADE

 

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Como já escrevi em outras oportunidades, temos uma pinscher, a Pitucha, que acabou virando Xuxu e está com 19 anos, mas é como se fosse o nosso bebê. Ela está surda, cega e o olfato parece não funcionar quase nada. Xuxu conhece um pouco a nossa casa, mas mesmo assim fica esbarrando em tudo. Até machucou um dos olhos e está tomando remédios para combater a infecção.

Estamos colocando, inclusive, barreiras de espuma em redor das coisas, pela casa, para que ela não esbarre e não se machuque. Colocamos, também, almofadas em vários lugares, para que ela encontre sua caminha para deitar sem ter que procurar muito.

Xuxu fica bastante tempo deitada, quietinha, mas ultimamente tem estado mais alerta e tem caminhado mais. Então a gente fica atrás dela, inclusive tocando nela, pegando ela no colo – ela tem medo de cair – e fazendo carinho, para ela saber que não está sozinha. Às vezes ela fica meio perdida, sem saber para onde ir e a gente a leva para a almofada.

Para pedir comida, primeiro ela procura. Depois ela late e não para de latir até que a gente lhe dê alguma coisa para comer. Às vezes demora: há que se cozinhar alguma coisa que seja mole ou cortar em pedaços muito pequenos, pois ela quase não tem mais dentes. Alguns caíram e outros tiveram que ser arrancados por causa do tártaro. De uns dois ou três anos para cá não podemos mais levar para limpar o tártaro dos dentes, pois ela não suporta mais anestesia.

Tudo isso é muito triste e precisamos estar sempre com a Xuxu, pois ela precisa da gente agora mais do que nunca. Está muito velhinha e até para andar, às vezes, é difícil. Mas o que tem doído mais para nós, talvez, do que para ela, é o fato de que quando chegamos em casa, não tem mais aquela festa, aquela correria, as lambidas na cara, os pulos nas pernas, os latidos. Xuxu não ouve nada e não vê mais a gente, o olfato não mais nos denuncia. Então nós é que temos que procura-la e fazer um carinho. Não sabemos se ela sabe que somos nós a lhe acarinhar, mas achamos que sim.

Não viajamos mais para longe, pois não dá para levá-la, ela pode fazer xixi em qualquer lugar e na casa dos outros, isso não é possível. Em casa, ela fazia cocô e xixi no banheiro, mas agora ela já não se localiza mais e faz onde estiver. Às vezes a casa cheira a xixi, por mais que se limpe, mas Xuxu já nos deu muitas alegrias, por muitos anos, com a sua companhia, então isso é o de menos.

Xuxu é o nosso bebê velhinho. Está indo embora, devagarinho. E a vida vai ficando mais triste.

Por Luiz Carlos Amorim

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