20 de Novembro de 2015 às 13:35
247 – Em discurso durante o 3º Congresso da Juventude do PT em Brasília, o ex-presidente Lula criticou a oposição, que "não soube perder" e criou uma "encalacrada após as eleições". Segundo ele, agora é preciso defender a presidente Dilma Rousseff e tirá-la dessa situação.
"Temos que ajudar a companheira Dilma a sair da encalacrada que a oposição nos colocou depois das eleições", disse Lula. "Eles não souberam perder", acrescentou. O petista voltou a dizer que a militância "não pode permitir que ladrão fique chamando petista de ladrão", numa crítica às delações premiadas da Operação Lava Jato.
Lula ironizou as doações partidárias feitas ao PSDB também por empreiteiras investigadas pela Polícia Federal, mas que não são alvo de denúncias de irregularidades. "Eu quero saber se o dinheiro do PSDB foi buscado numa sacristia", disse.
O cacique petista disse ainda que o partido pode fazer uma "surpresa" para aqueles que acham que o PT já acabou. "Andam dizendo que o PT acabou. Vamos fazer uma pequena surpresa para eles", convidou. Ao falar sobre a próxima eleição presidencial, em 2018, o ex-presidente ressaltou que é "importante lembrar que não tem 2018 se não tiver 2016. Temos que construir 2016".
Diante das palavras de ordem que ouviu dos jovens, como 'Fora, Cunha' e 'Fora, Levy', Lula pediu: "Quero mais do que palavras de ordem. Quero saber qual proposta da nossa juventude para a educação. Me digam o que não sei". Como de costuma, ele convidou os jovens a acreditarem e a entrarem na política. "Eu sonho com o dia em que vocês vão falar que vão assumir a construção desse partido e desse país", provocou.
Abaixo, reportagem da Reuters sobre o evento:
Não há como pensar em 2018 sem resolver crise política e econômica, diz Lula
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou seu discurso na abertura da 3ª Conferência da Juventude do PT, na manhã desta sexta-feira, para alertar o partido que não há como pensar em 2018, ano eleitoral, sem resolver a crise política e econômica atual e ajudar a presidente Dilma Rousseff, mas pôs a culpa dos problemas na oposição.
"Antes de a gente pensar em 2018 nós temos que ajudar a companheira Dilma a sair da encalacrada que a oposição colocou a gente depois das eleições", afirmou, para um plateia que o recebeu com gritos de "Lula de novo com a força do povo".
"O que precisamos ter consciência é que a primeira tarefa é ajudar a companheira Dilma. Deus queira que seja aprovado tudo o que ela quer até o final do ano para que gente possa virar a página do ajuste e colocar a página do crescimento no lugar, para que a gente possa fazer esse país voltar a crescer".
Crítico dos métodos ortodoxos do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, Lula diz constantemente e interlocutores que é preciso ir além do ajuste fiscal. No entanto, nas últimas semanas tem moderado as cobranças a pedido da própria presidente e do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, de acordo com auxiliares palacianos ouvidos pela Reuters.
A avaliação feita por Wagner a Lula antes do encontro do Diretório Nacional, há duas semanas, é que o vazamento de conversas do presidente minava o poder do ministro, responsável por negociar o ajuste fiscal.
Já na reunião do diretório Lula sai em defesa das medidas fiscais duras aplicadas por Dilma e Levy. Esta manhã, voltou à carga. "Se nós estamos passando por um momento delicado, é hora de nos juntarmos e ajudar a Dilma a vencer todos os obstáculos", disse.
Antes do ex-presidente chegar ao Congresso, no entanto, os jovens reunidos não deixaram de lado os gritos de "Fora, Levy", e "Fora Cunha", referindo-se ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Lula ironizou os pedidos. "'Fora Levy' ou 'fora PMDB' é muito pouco, me desculpem, é muito pouco. Eu quero saber quais as propostas da nossa juventude para educação, para o país, o que esse congresso vai propor para geração de emprego", disse. "Essas palavras de ordem até eu com 70 anos falo, eu sei. Eu quero que vocês me digam o que eu não sei".
Logo que o presidente chegou ao local do Congresso, um clube em Brasília, foi recebido com gritos de "Lula de novo", mas também com cobranças para que o partido rompa com o PMDB. "Lula eu quero ver você romper com o PMDB".
Mais uma vez, o ex-presidente defendeu a relação do governo com o partido. Ao cobrar que o PT precisa ter candidatos em todos os lugares nas eleições municipais de 2016, "com chances de ganhar", afirmou que se não for possível é necessário sim fazer alianças. "O ideal seria se pudesse disputar e ganhar a presidência, 27 governadores, 81 senadores e 513 deputados com um partido só. Seria maravilhoso", disse.
"Quando a gente ganha precisa construir a governabilidade. Seria maravilhoso se a Dilma sozinha pudesse votar tudo, mas entre a política e o sonho, entre o meu desejo ideológico e partidário e o mundo real da política tem uma distância enorme, e a gente tem que governar".
Lula voltou a cobrar dos militantes que defendam o partido, afirmou que o PT pode fazer "uma surpresa" em 2016 aos que acham que partido está derrotado e chegou a defender o ex-tesoureiro petista, João Vaccari, preso por suspeita de corrupção na Petrobras pela operação Lava-Jato, dizendo que "tem que se parar de dizer que só o dinheiro do PT veio de empresas."Quero saber se o dinheiro do PSDB foi buscado numa sacristia", disse.
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