Se existe uma gravação – e deve existir – em que Delcídio do Amaral propõe mesada de 50 mil reais e fuga num jato Falcon 50 para Nestor Cerveró desistir da delação premiada na qual contaria que ele recebeu grana do esquema da Petrobrás e que havia ministros do STF dispostos a relaxar a prisão de acusados na Lava Jato, como ele, o senador não só tentou obstruir a investigação como se auto incriminou e ganhou 11 inimigos no STF.
Se não tivesse culpa no cartório não precisaria fazer uma proposta tão mirabolante e tão onerosa. Aliás, não precisaria fazer proposta alguma, apenas esperar a hora de se defender e, munido de todos os documentos necessários, provar que diz a verdade e Cerveró mente. Agindo como agiu, perdeu qualquer argumento de defesa. Ficou nu.
Faltou saber se os 50 mil reais mensais seriam vitalícios, mas é uma bufunfa bastante considerável de que poucos milionários disponibilizam. Se o que garantiria esse lastro não eram os milhões que recebeu de Cerveró, onde os ganhou? É isso que deverá explicar nos interrogatórios a que será submetido em Curitiba.
Por mais que "analistas isentos" vociferem que "a Lava Jato chegou mais perto do Palácio do Planalto", o fato de ser o líder do governo no Senado não significa que o governo compactue com seus atos ou seja co-partícipe. O que ele fez – e se não tivesse feito não teria sido o primeiro senador em toda a história a ser preso no exercício do mandato – foi como pessoa física, o governo não tem nada a ver com isso.
O governo tem que cuidar de apontar um novo líder porque Delcídio já é ex e tudo indica que a temporada curitibana não tem prazo para acabar.
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