Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://luizcarlosamorim.blogspot.com
Andar pelas ruas de Lisboa, passear pelos bairros de Lisboa proporciona à gente, sempre, um leque de descobertas. Não é só o fato de estarmos no lugar histórico do qual herdamos muito da nossa cultura, das nossas tradições e costumes. É a emoção de poder absorver toda a beleza dessa terra onde o moderno se mescla com o histórico, com o antigo, com o tradicional, numa harmonização incrível.
Voltei à Baixa Chiado e redondezas para rever a arquitetura tão característica dessa terra mãe, fui em Belém para visitar lugares por onde passei rapidamente em outra oportunidade. Fui comer, desta vez, o pastel de Belém original, incomparável.
Nos dois primeiros dias na terrinha, andei por bairros dos quais nem lembro o nome, mas todos com seus encantos e atrações. Vi vários prédios muito antigos sendo restaurados, o que me deixou muito feliz. Ainda há muitos para restaurar, mas sabemos que o custo é bem alto e o país atravessa um crise, como todos sabem. O curioso é que, com todo o tamanho da crise divulgado, apesar de termos andado por vários lugares, a impressão que fica é que o Brasil está com muito mais problemas que Portugal. Até vimos alguns mendigos, coisa que não tínhamos visto na visita anterior, há alguns anos, e isso evidencia a falta de vagas no mercado de trabalho
Estive na faculdade de motricidade humana, onde minha filha Daniela faz mestrado na área de dança e fiquei conhecendo um complexo esportivo gigantesco. Foi lá, inclusive, que fiquei surpreso e encantado com uma coisa que vi, algo inesperado, mas que tem muito a ver conosco, brasileiros, principalmente do sul do país. Havia um canal que dava para o mar e a maré estava subindo. Pois passando por uma ponte sobre o canal, prestei atenção nos peixes se avolumando na água que ainda estava rasa, mas ia subindo. Um cardume cada vez maior, uma quantidade imensa de peixes que não me pareciam ser estranhos, não muito grandes, mas também não muito pequenos. Era o meio da tarde e o tempo estava um pouco nublado, mas estava claro, com o sol aparecendo de vez em quando. E o peixes, conforme a sua dança, como se fora uma coreografia do grande grupo, brilhavam suas escamas prateadas, exibindo-se para nós.
Perguntei a uma senhora que passava, moradora da região, que peixe era aquele. Tainhas, respondeu-me ela. E eu fiquei ali, admirando a subida do cardume pelo canal, enquanto a maré subia. Faz todo o sentido, pensei. Estamos em meados do outono, aqui, o frio está chegando. E sabemos, nós do sul do Brasil, que a tainha chega para nós em julho, quando é inverno.
Interessante é que não havia ninguém pescando por ali. Agradeci à Mãe Natureza por ter permitido que eu tivesse assistido aquele espetáculo. Mais um ponto de convergência entre nós, brasileiros e portugueses. Lembrei da cambira que faço, no tempo da tainha, lá em Florianópolis.
Então pegamos o trem, depois o metrô e fomos fazer um lanche. Comemos um prego, cada um. Muito bom. À noite, a comemoração do aniversário de Daniela. Muita gente interessante e simpática, inclusive brasileiros que vivem aqui. Muito vinho do bom, que aqui é comum, uma moqueca com pirão e bolo de aniversário.
No final da noite, um show do Pierre Aderne, exclusivo para nós. Ele cantou para nós todas as músicas do seu novo CD, “Bem me quer, mar me quer”, e mais algumas. Um espetáculo particular.
No dia seguinte, depois de andar mais por Lisboa, à noite fomos no Bairro Alto, no restaurante/bar do Pedro, um português boa praça que nos serviu pratos deliciosos: bacalhau, polvo, porco, pato, sopa e muito vinho. E um vinho do porto de trinta anos. Uma loucura.
Hoje voltamos do Douro, depois de uma viagem agradabilíssima, e ainda estou embriagado, não do vinho de ontem, mas da beleza deste lugar. É uma coisa indescritível, é um lugar de uma beleza sem par. Mas falo disso em outra crônica, depois de tirar mais algumas fotos para tentar mostrar esse lugar fantástico, onde a geografia e o clima favorecem o cultivo da uva e as vinhas estão em todo o lugar.
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