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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A cidade que Luizianne Lins entregará ao sucessor

Eliomar de Lima

“Fim de campanha, prefeito eleito, tempo de acalmar os ânimos e abrandar o calor de tantas promessas e acusações, marca da acirrada disputa este ano. Finalmente chega a hora de avaliar mais ponderadamente a cidade que Roberto Cláudio (PSB) receberá das mãos de Luizianne Lins (PT) no próximo 1º de janeiro. Uma Fortaleza que pede socorro, mas que também reconhece algumas feridas saradas.

Identificada como forte líder política, mas muito criticada por certa inabilidade gerencial, Luizianne conviveu com altos índices de rejeição ao longo de seu mandato. Em 2010, o percentual de fortalezenses que disseram considerar seu desempenho ruim ou péssimo chegou ao auge, com 50% de reprovação popular, segundo pesquisa do Datafolha. Ao longo da campanha deste ano, na qual tentou emplacar Elmano de Freitas (PT) como sucessor, a popularidade foi melhorando à medida que a propaganda eleitoral estampava as conquistas da gestão – que, no fim das contas, acabaram sem convencer a maior parte do eleitorado.

Luizianne paga o preço das obras inacabadas, dos postos de saúde e hospitais superlotados, do baixo índice de rendimento na educação, exaustivamente explorados por nove adversários na campanha. No saldo eleitoral, os defeitos falaram mais alto.

O que mudou

Eleita pela primeira vez em 2004 ancorada na força dos movimentos sociais, Luizianne depois se viu obrigada a recompensá-los. Uma das formas encontradas foi distribuir cargos na máquina pública, o que, historicamente, foi avaliado de forma negativa por analistas políticos. A situação, aliás, foi exaustivamente debatida durante a campanha – e Roberto Cláudio (PSB) prometeu combatê-la.

Mas nem só de fracassos vive a atual gestão. Pelo contrário: houve avanços, embora alguns estejam embutidos em cenários muito mais complexos e problemáticos, sobretudo nas áreas de saúde e educação. O turismo em Fortaleza cresceu, embora permaneçam inúmeros desafios no combate à face predatória e criminosa desse ramo. Houve mudança de prioridades, dando voz à reivindicações antigas, que antes não passavam das promessas. O legado de Luizianne Lins é um misto de conquistas e fardos ao sucessor.”

(O POVO)

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