Fixar alvenaria, aplicar chapisco, rebocar paredes, fazer rejuntamentos. Atividades restritas apenas ao universo masculino da construção civil? Não mais. As obras de ampliação, modernização e adequação do Estádio Plácido Aderaldo Castelo, o Castelão, para a Copa do Mundo FIFA 2014, agora contam com três pedreiras. Organizadas e caprichosas, as operárias colocam a mão na massa e fazem o diferencial quando o assunto é acabamento. Liduína Acelino, Francisca Falcão e Maria Vieira têm histórias de vida diferentes para contar, porém todas têm em comum o amor pela profissão que escolheram.
“Meu marido e meus filhos têm muito orgulho de dizer que sou pedreira. Me sinto uma rainha chegando com a farda e o crachá da empresa”, diz Francisca. Ela faz parte da terceira geração de uma família que já ergueu muitos tijolos no Castelão. “Meu avô e meu pai trabalharam na fundação do estádio. E, agora, eu também estou fazendo parte desse momento histórico”, afirma. A operária faz questão de destacar que o ofício não atrapalha a feminilidade dela. Francisca só trabalha maquiada e com o cabelo penteado. “Só não uso brinco por causa da
segurança do trabalho”, afirma.
Já para a pedreira Maria Vieira, o preconceito do então marido foi um obstáculo a ser superado. “Ele dizia que eu só queria agir como homem. Eu não quero isso, quero apenas ter meu espaço. Quero ser reconhecida e ter meu dinheiro”, relembra ela. Antes de virar pedreira, Maria era costureira, mas não ganhava o suficiente para garantir o sustento da família. “Até bem pouco tempo, meus três filhos nunca tinham colocado um tênis nos pés”, conta. Ela rememora que aprendeu o ofício com um tio. Só depois é que se aperfeiçoou no Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai-CE).
Antes de trabalhar na reforma do Castelão, Liduína Acelino, a terceira do time feminino de pedreiras, passou por outras duas obras. Ela relembra que chegou a ser discriminada por ser mulher. “Muitos não aceitavam a gente. Diziam que obra não era lugar para mulher. Achavam que estávamos tomando o lugar deles. E, na verdade, tem lugar pra todo mundo”, acrescenta. Antes de se dedicar aos rejuntes e argamassas, Liduína era doméstica, mas não se sentia feliz. Foi ai que apareceu a chance de fazer um curso de bombeiro hidráulico. Não pensou duas vezes e ainda fez o curso para pedreiro.
O colega de trabalho e servente, Francisco de Oliveira, estranhou a presença de mulheres no canteiro de obras. “Achei curioso, nunca tinha visto uma mulher pedreira. Eu respeito o trabalho delas. Se elas estão aqui é porque têm capacidade”, afirma. O encarregado de pedreiro e responsável por supervisionar o serviço das três pereiras, Agnaldo Menezes, elogia o desempenho das funcionárias e diz que as mulheres apresentam um diferencial em relação aos homens. “Elas são mais caprichosas, detalhistas. São ótimas na organização, na limpeza”, destaca. O secretário especial da Copa 2014, Ferruccio Feitosa, foi conferir de perto o trabalho das novas funcionárias. “Fiquei satisfeito com o empenho, a dedicação e o capricho nas ações desempenhadas pelas operárias”, afirma.
Coordenação de Comunicação da Secretaria Especial da Copa
Lisiane Linhares e Raquel Mourão ( imprensa@secopa.ce.gov.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. / 85 3101.6242 - 8778.0024)
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