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Acontece nesta segunda-feira (21) o Encontro com intelectuais sul-americanos do Instituto Lula. A reunião reúne 30 intelectuais sul-americanos na busca por caminhos progressistas para o desenvolvimento e integração da América Latina.
O ex-presidente Lula abriu as discussões e a primeira mesa teve falas de Aldo Ferrer, economista, ex-ministro da economia, atual embaixador da Argentina na França e Marco Aurélio Garcia, assessor de Relações Internacionais da Presidência da República do Brasil. Depois das falas iniciais, foram abertas as discussões.
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
O ex-presidente Lula lembrou que os países da região viam os Estados Unidos e a Europa como parceiros preferenciais e ficavam de costas uns para os outros pois não acreditavam que pudesse ser uma relação frutífera. Lula ressaltou ainda que o objetivo é que esta não seja apenas mais uma reunião e que crie mecanismos efetivos para promover essa integração, que transforme consensos em ações efetivas. Lula disse aos participantes que a vontade dos políticos da América Latina em avançar nas discussões sobre a integração não tem sido acompanhada por ações políticas da mesma força. “Queremos aprender com vocês, saber o que vocês estão pensando esse tema na academia (…) para que sejam criados instrumentos para avançar na integração”.
As intervenções ressaltaram que a América Latina vive um momento de avanços, com governos progressistas, democracia avançando e melhorias sociais. “Nunca tivemos um momento tão propício para este debate “, destacou Aldo Ferrer, que ressaltou três mudanças fundamentais que já aconteceram, a melhora na qualidade das lideranças, o que possibilitou a ênfase no social; o fracasso do neoliberalismo e da crença de que o mercado sozinho resolveria a todos os problemas e a consolidação da democracia.
Marco Aurélio Garcia alerta, no entanto, que não se pode tratar esse momento como “um parêntesis progressista em uma história conservadora”. As políticas sociais parecem ser a grande marca desse novo direcionamento progressista da região, com resultados concretos que já têm gerado.
Diversas intervenções dos intelectuais coincidiram ao apontar a necessidade de uma ênfase na inovação, na técnica e na indústria com maior valor agregado. “Brasil e Argentina vendem juntos dois terços das proteínas do mundo, mas não agregam valor a esses bens”, disse o economista argentino Bernardo Kosacoff, ex-diretor da Cepal, lembrando que é necessário aproveitar o enorme mercado interno da região e “levantar nossa auto-estima”. O senador uruguaio Alberto Curiel, também enfatizou a necessidade de infraestrutura produtiva integrada e mais valor agregado aos produtos da região. “Temos vários desafios que eu não sei como resolver. É preciso falar com empresários, o Lula está fazendo isso, é preciso falar com trabalhadores, o Lula está fazendo isso, é preciso falar com movimentos sociais, e o Lula já fez isso…”
Curiel criticou, no entanto, a falta de planejamento estratégico, embora reconheça os avanços sociais em toda região. Salomón Lerner, ex-primeiro ministro do Peru, concordou. “Hoje, quem planifica, quem faz pensamento estratégico são as multinacionais. A participação dos grupos políticos no governo é cada vez menor. A questão é como fazer para que essas militâncias, no momento progressista em que vivemos, participem da política. E não que a política seja discriminada como incapaz, corrupta e inoperante”.
O cientista político uruguaio Álvaro Padrón se uniu ao coro ao comemorar os avanços significativos na redução da pobreza e da desigualdade, mas alertou para os limites desse processo. “Foi a primeira vez que tivemos democracia, crescimento, distribuição de renda. Mas isso só não se traduz em desenvolvimento. Precisamos ter ganhos de produtividade, sem isso, atingiremos um limite muito em breve. Esse é o desafio fundamental”.
A cientista política Ingrid Sarti, presidente do Fórum Universitário Mercosul (FoMerco) agradeceu ao Instituto Lula por intervir justamente no desafio de levar o pensamento da academia para as instâncias decisórias. “Como professora, faço parte desse trabalho árduo de pesquisa, que muitas vezes acaba engavetado. É muito importante que o Instituto Lula possa ser um motor dessa articulação e dar algum auxílio à formação de políticas públicas”.
Theotonio dos Santos, economista da Universidade Federal Fluminense, afirmou que uma integração comercial daria mais poder de negociação internacional à América Latina. “O Chile tem 40% do cobre do mundo e entregamos esse produto abrindo mão da capacidade de influenciar o preço internacional dele”.
Este é o segundo de uma série de encontros promovidos pelo Instituto Lula e que têm como tema central a integração da América Latina. Em agosto passado, o Instituto já promoveu um encontro com movimentos sociais. A próxima reunião será com empresários latino-americanos.
Para saber mais sobre o encontro e os participantes, clique aqui.
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