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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Ipece mostra crescimento de 42,2% da renda familiar cearense

 


Anna Regadas

A renda familiar per capita cearense cresceu 42,2%, em termos reais, entre 2006 a 2012. O décimo mais pobre da população do Estado detinha, em 2006, apenas 0,72% da renda agregada (per capita de R$ 26,92) e neste grupo a renda do trabalho representava 47,79% dos rendimentos auferidos. Já em 2012, a parcela que compõe o grupo mais pobre da população tinha 0,88% da renda total e per capita de R$ 47,07, enquanto a renda do trabalho significava 26,35% na participação total dentre todas as fontes de renda. E essa mudança ocorreu justamente em decorrência de repasses provenientes de programas sociais, sobretudo do Bolsa Família.

É o que constata o novo trabalho do Instituto de Pesquisa e estratégia Econômica do Ceará (Ipece) – o Ipece/Informe – O Bolsa Família e o Comportamento do Mercado de Trabalho Cearense (nº 67 – Novembro de 2013), que acaba de ser divulgado pelo Instituto - Órgão vinculado à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) do Governo do Estado. O estudo, realizado a partir de dados coletados pela Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNDA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já pode ser acessado, na íntegra, na página.

De acordo com o professor Flávio Ataliba, diretor geral do Ipece e coordenador do trabalho realizado pelos analistas Carlos Alberto Manso e Vitor Hugo Miro Couto Silva, o estabelecimento e a expansão do Programa Bolsa Família, nos últimos anos, promoveu uma mudança significativa na dinâmica da distribuição da renda e redução da pobreza em todo território nacional, especialmente nos Estados mais pobres da Federação. Além disso, as transferências sociais passaram a ter uma maior participação na renda das famílias mais pobres, tendo reduzido instantaneamente a importância de outras fontes, como é o caso dos rendimentos do trabalho. Vale observar que as valorizações contínuas do salário mínimo nos últimos anos e o peso das aposentadorias contribuíram para essa dinâmica.

O economista e analista Carlos Manso afirma que a participação dos rendimentos do trabalho nos décimos mais elevados se manteve elevada em 2012, mas perdeu importância relativa entre 2006 e 2012, com exceções das pessoas que se classificavam nos sexto e nono décimos da distribuição de renda. Os dados mostram a grande desigualdade existente entre esses estratos de renda. Ele observa, no entanto, que em 2006 a renda per capita entre os 10% mais pobres essa era de R$ 26,92, enquanto que para o grupo dos 10% mais ricos era de R$1.655,33. Isso mostra que a renda média dos 10% mais ricos representa 61 vezes a renda média dos 10% mais pobres. Condizente com a trajetória de redução da desigualdade, em 2012 a renda média do décimo mais rico (R$ 2.245,01) representa aproximadamente 48 vezes a renda média do décimo mais pobre (R$ 47,07).

Mercado

De acordo com Carlos Manso, em 2012 houve um crescimento real dos rendimentos do trabalho per capita em todos os décimos de renda com exceção da parcela representada pelos 10% mais pobres. Essa evolução dos rendimentos do trabalho também pode ser vista em termos do aumento da remuneração/hora. Os rendimentos provenientes das aposentadorias e pensões e de outras fontes também mostram um crescimento muito forte no período e mais intenso nos oito primeiros décimos da distribuição. Já o rendimento per capita advindo de fontes previdenciárias teve um aumento de quase 164% entre os 10% mais pobres, enquanto que essa mesma medida advinda de outras fontes cresceu 157,5%, ambos em relação ao ano de 2006.

Já a taxa de ocupação aumentou em praticamente todos os estratos de renda refletindo o declínio do desemprego em períodos recentes, mas a taxa de participação mostrou um declínio entre os 80% da população que se encontra na base da distribuição da renda. No que tange à oferta de trabalho, também foi possível observar uma redução na média de horas semanais de trabalho, principalmente entre os 20 por cento mais pobres.

Com assessoria

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