Por Christiane Samarco, Rafael Moraes Moura e Tânia Monteiro | Agência Estado
Pela quinta vez em oito meses de governo, a presidente Dilma Rousseff demitiu um de seus ministros. O titular do Turismo, deputado federal Pedro Novais (MA), que fora levado até a Esplanada abençoado pelo PMDB, entregou sua carta de demissão por volta das 18h. No final da noite, o partido indicou, depois de uma disputa acirrada entre as facções da legenda, o deputado Gastão Vieira, apadrinhado do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Desgastado dentro do governo desde que o Estado mostrou, ainda antes de sua posse, que ele havia usado a verba indenizatória da Câmara para cobrir despesas pessoais em um motel, Novais não resistiu à revelação de que usara também a verba para bancar uma empregada particular e o motorista de sua mulher, como mostrou reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
Entre uma revelação e outra, a Operação Voucher, deflagrada pela Polícia Federal, prendeu em agosto o então secretário executivo do ministério, Frederico Costa, e ampliou o desgaste. Nos últimos dias, Novais perdeu apoio também dentro do PMDB e se tornou vítima da “faxina” promovida pelo Palácio do Planalto, que tem como alvo funcionários suspeitos de irregularidades.
Vaga aberta. A quinta baixa na equipe ministerial abriu uma disputa na cúpula do PMDB, com o vice-presidente Michel Temer e o líder na Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (RN), protagonizando uma queda de braço para fazer o sucessor de Novais.
Depois de um dia nervoso de negociações entre o Palácio do Planalto, a cúpula do PMDB e a bancada do partido na Câmara, os peemedebistas ainda tentaram passar a bola à presidente. Por volta das 20h, Temer levou a Dilma a decisão da bancada de não sugerir ninguém, deixando para ela o eventual desgaste da escolha entre os 80 deputados.
Dilma não aceitou a proposta que “imunizaria” o escolhido e fez seu vice voltar ao PMDB para lhe trazer um nome. O escolhido, então, foi ex-secretário de Educação do governo Roseana Sarney no Maranhão, que sempre focou sua atuação parlamentar no setor educacional.
Alves fez duas investidas para emplacar um nome de sua preferência no ministério, mas não foi bem sucedido em nenhuma delas. Primeiro, trabalhou para impor ao governo o nome do deputado Marcelo de Castro (PMDB-CE), que acabara de perder a liderança do governo no Congresso para o senador petista José Pimentel (CE), mas, diante das resistências do Palácio do Planalto, foi desaconselhado por Temer a fazê-lo.
Depois, tentou fazer o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB) ministro. Uma velha raposa política do partido explicou que a tática neste caso era a de tornar forte um nome fraco, para que a presidente Dilma acabasse refém da bancada do PMDB no ministério.
Foram nove horas de idas e vindas em que o PMDB e governo tentaram chegar a uma solução de consenso, sem contudo encontrar um nome que fosse, ao mesmo tempo, ‘palatável’ ao Palácio do Planalto, ao líder, ao vice e ao conjunto da bancada. Dilma exigia que a escolha fosse ‘segura’, livrando o governo em novas denúncias de corrupção. Deixou claro que queria ‘um ministro que fique’.
No final do dia, pelo menos oito nomes haviam desfilado pela lista de ministeriáveis do PMDB, que incluiu até o ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco. Entre os deputados mais cotados estavam, além de Gastão Vieira, os deputados Manoel Júnior (PB), e Lelo Coimbra (ES). Mas também foram cogitados e descartados os nomes de Leonardo Quintão (MG) e Leandro Vilela (GO).
A profusão de deputados candidatos foi resultado de uma reunião pela manhã do líder Henrique Alves com o colégio de vice-líderes do PMDB, arrancando de todos, um critério para a escolha de seu substituto no Turismo: o indicado deveria ser detentor de mandato parlamentar e seu nome teria que passar pelo crivo da bancada.
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