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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Os desafios do Ensino Médio

Pautas ANDI no
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No dia do estudante, ações estimulam as pessoas a pensarem sobre o grave problema de evasão escolar no ensino médio.

  • Apenas metade dos 10 milhões de brasileiros entre 15 e 17 anos está matriculada em uma das três series de nível médio. Cerca de três milhões ainda estão atrasados no ensino fundamental e o restante está fora da escola.
  • Segundo dados do Instituto Unibanco, entre as causas do abandono escolar, o desinteresse pelo que é apresentado em sala de aula representa 40% dos motivos de evasão.

Qualificar a população jovem para a universidade e para o mercado de trabalho é um dos grandes desafios para o Brasil hoje. Dentro dessa perspectiva, o Ensino Médio é central, por isso o governo brasileiro assumiu a meta de universalizar o acesso ao ensino para a população entre 15 e 17 anos até 2016 e diminuir a taxa de evasão escolar neste período. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), apenas metade dos 10 milhões de brasileiros entre 15 e 17 anos está matriculada em uma das três series de nível médio. Cerca de três milhões ainda estão atrasados no ensino fundamental e o restante está fora da escola.
Ainda de acordo com o MEC, anualmente, 3,6 milhões de adolescentes iniciam o primeiro ano, mas apenas 1,8 milhão finalizam o terceiro. De acordo com a publicação A Crise de Audiência no Ensino médio do Instituto Unibanco a maioria (40%) abandona a escola por falta de interesse.
O resultado do EducaCenso de 2010 aponta que as maiores taxas de evasão escolar no ensino médio são da região norte, 14,7%; seguida do Nordeste, 14,2% e Centro-Oeste – 10,7%. Regiões Sul e Sudeste apresentaram índices de 8,3% e 7,1%, respectivamente.
Para chamar atenção para essa questão e marcar o Dia do Estudante – que acontece no dia 11 de agosto –, o Instituto Unibanco está promovendo a campanha “Estudar Vale a Pena”. No dia, educadores, especialistas, blogueiros, jornalistas, artistas e personalidades serão convidados a postar em suas mídias sociais por que estudar vale a pena, utilizando-se, no Twitter especificamente, da hashtag #estudarvaleapena.
O objetivo é chamar atenção para a alta taxa de evasão escolar no Brasil e mostrar a importância da conclusão do ensino médio para a sustentabilidade econômica do país.

Impacto na vida profissional

O impacto pode ser sentido mais adiante, na procura por uma colocação profissional. A dificuldade de conseguir um emprego formal e com um salário digno são obstáculos que o jovem pode se deparar e ter dificuldades de superar. “Antes, na sociedade industrial, o ensino fundamental, com oito anos de escolaridade, era o pré-requisito mínimo para ingressar no mercado de trabalho. Agora, na sociedade da informação, o nível médio representa o básico”, afirma a doutora em Educação pela PUC-RJ e superintendente do Instituto Unibanco, Wanda Engel.
Segundo dados do instituto, cada ano na escola representa 15% a mais no salário do profissional. Atualmente, a escolaridade média do brasileiro é de 7,2 anos. Com os avanços conquistados na área de educação, a população de até 24 anos foi beneficiada, mas ainda não alcançou o patamar ideal segundo a UNESCO. Esse grupo tem, em média, 9,2 anos de estudo, o que representa apenas a conclusão do nível fundamental. “Já estamos vivendo um apagão de mão-de-obra”, acrescenta Wanda.
O relatório Panorama da Educação 2010 (Education at a Glance 2010), da Organização para a Cooperação e de Crescimento Econômico (OCDE), mostrou que, na população brasileira de 25 a 64 anos, as taxas de emprego para homens com a educação secundária completa é de 87% e para as mulheres, 58%.
Para especialistas, a falta de atratividade dos currículos escolares está entre as principais razões para que tantos jovens deixem de lado o ensino intermediário. Tornar as aulas atrativas, ter componentes curriculares mais flexíveis e que ajudem a incluir no mercado de trabalho são medidas previstas pelo próprio governo.
Ensino médio inovador
Iniciado em 2009, o programa do MEC Ensino Médio Inovador tem o objetivo de incentivar a diversificação dos currículos escolares de unidades de ensino das redes estaduais para tornar o aprendizado atraente. O currículo das escolas participantes deve estar embasado nos eixos trabalho, ciência, tecnologia e cultura. A carga horária dos três anos é estendida em 200 horas por ano, até sair do patamar de 2.400 horas para 3 mil horas. Estudantes ganham autonomia para escolher 20% da carga horária que querem estudar.
“O importante é ter um currículo do ensino médio que seja contemporâneo, que reconheça nossa juventude, a sociedade em que ela vive e os conhecimentos aos quais tem acesso. É a chamada Geração Y, que é digital e pra quem uma educação analógica não faz sentido. Laboratórios de informática, formação de professores, principalmente de ciências exatas e biológicas, e aumento do financiamento para educação básica são algumas das principais estratégias”, defendeu Maria do Pilar Lacerda, secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, em recente entrevista ao Portal do Aprendiz.
O projeto, no entanto, é avaliado como piloto. Abrange 355 das 18.508 unidades de ensino médio públicas do país. A iniciativa foi implementada em 17 estados e Distrito Federal. Nos dois primeiros anos, foram destinados mais de R$ 22 milhões ao programa.
Outra medida do governo para reter jovens na educação intermediária são as mudanças nos Parâmetros Curriculares do Ensino médio. Aprovada por unanimidade pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), a proposta também defende que a grade seja montada com base nos quatro eixos utilizados pelas escolas do projeto Ensino Médio Inovador. As unidades de ensino escolheriam uma área de atuação mais forte, de acordo com as características regionais onde está instalada.
“A flexibilização do currículo e a reorganização da estrutura escolar também são fundamentais. O ensino médio profissionalizante é uma boa opção para a juventude brasileira, mas não pode ser a única. Temos que atender tanto os que vão fazer a opção pelo médio técnico, tanto os que querem concluir seus estudos no nível superior”, afirma Maria do Pilar.
A organização do tempo de estudo, a exemplo do que ocorre no ensino superior, seria feita em semestres ou ciclos. O ensino noturno, que hoje recebe 39% dos matriculados em nível médio, poderia ser estendido para até quatro anos.
Mas, para valer, a alteração na Lei de Diretrizes e Bases precisa da homologação do ministro de Educação, Fernando Haddad.
Pontos positivos e negativos da flexibilização
Wanda Engel classifica o parecer do CNE como tímido diante das mudanças que, na sua avaliação, são necessárias. “Houve reforço de alguns pontos já existentes, previstos em legislação, e poucas novidades”, observa. A superintendente do Instituto Unibanco cita como exemplo a possibilidade de centralizar o currículo em eixos de atuação, o que poderia resultar em diminuição do número de disciplinas. “Atualmente o currículo é formado por 16 disciplinas. Tratar os temas como componente curricular em disciplinas que integrem áreas do conhecimento contribui para tornar o aprendizado mais atraente”, elogia.
A flexibilização da oferta por meio da semestralidade é outro ponto positivo. No entanto, ela critica a previsão de até 20% das aulas no período noturno ocorrerem à distância. “Estudantes com 15, 16 anos deveriam estar matriculados durante o dia, mas a falta de vagas empurra cerca de 40% para a noite. O ensino nesse horário deveria ser para o público a partir de 17 anos e alunos do programa EJA (Educação de Jovens e Adultos)”.
A educação voltada exclusivamente para o ingresso na universidade também é um equívoco do atual sistema de ensino. Para Wanda, a educação para o trabalho deve ganhar prioridade. “Uma janela de oportunidade é a Lei do Aprendiz. Para ingressar como aprendiz em uma empresa, é preciso estar estudando. Trata-se de uma medida pouquíssimo usada e que poderia ajudar a deter a evasão escolar”, afirma.
Na tentativa de diminuir a carência de profissionais com o nível técnico, o governo lançou cerca de uma semana antes da definição de novas diretrizes pelo CNE, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). O projeto tem como público-alvo alunos do ensino médio, reincidentes do seguro-desemprego e beneficiários do Bolsa-Família.
#Estudarvaleapena
A ação da campanha Estudar Vale a Pena na Internet no dia 11 de agosto é um estímulo para levantar o assunto das redes e estimular formadores de opinião a comentarem o problema da evasão escolar e a necessidade do estudante continuar no ensino médio.
Segundo dados do Instituto Unibanco, entre as causas do abandono das salas de aula, o desinteresse pelo que é apresentado em sala de aula representa 40% dos motivos de evasão. “Também realizamos uma pesquisa que levantou os fatores de êxito no Ensino Médio e, com essas práticas de sucesso, elaboramos o projeto “Jovem do Futuro”. O objetivo é capacitar equipe de gestão das escolas para melhorar os resultados dos alunos e de toda equipe”, completa.
“O ensino médio é estratégico faz a ponte do ensino fundamental para a universidade e para o mercado de trabalho. O Brasil passa por uma janela demográfica em que a maioria da população é jovem. Este é o cenário ideal para preparar a saúde do pais para o futuro. Por isso não podemos perder mais nenhum jovem na escola, estimulando um currículo motivador e próximo da realidade dos alunos”, defende Mozart Neves Ramos, conselheiro do Movimento Todos Pela Educação.
Para isso, ele defende um ensino que as disciplinas dialoguem entre si na sala de aula e que e que digam respeito ao dia-a-dia dos alunos.
Para facilitar o trabalho dos coordenadores da campanha de cada instituição de ensino, o Instituto Unibanco criou um manual de acompanhamento. As ações de envolvimento do aluno à escola são divididas em quatro fases. Ao longo do processo, a campanha ainda estimula o voluntariado de profissionais – do Unibanco e do Itaú, por exemplo – para que eles falem nas salas de aula sobre a importância do ensino médio.
As escolas participantes ainda são estimuladas com prêmios. As que atingirem o índice de 100% de permanência, ou seja, não perderem nenhum aluno, receberão um prêmio especial: um kit conforto (geladeira, sofá e microondas), um Kit sala multimídia (notebook, projetor e tela) e um kit esportivo (mesa de ping pong, kit vôlei e kit futebol). A escola com maior índice de permanência ganhará 1 kit conforto e 1 kit sala multimídia. O segundo lugar será premiado com um kit sala multimídia e um kit esportivo e, o terceiro lugar receberá um kit esportivo. “Nossa meta é que, em três anos, as escolas alcancem as metas de cinco anos do Todos Pela Educação”, diz Wanda.
Fontes
Wanda Engel
Superintendente do Instituto Unibanco
Assessoria: Vânia Santos e Danielle Cavalcante
(21) 2509 5399
vania.santos@insightnet.com.br
danielle.cavalcante@insightnet.com.br
Mozart Neves Ramos
Conselheiro do Movimento Todos Pela Educação
Assessoria: Camilla Salmazi
camilla@todospelaeducacao.org.br
(11) 3266 5477 r. 229
Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva
Secretária de Educação Básica do Ministério da Educação
atendimento-acs@mec.gov.br
Telefones: (61) 2022-8318 / 8319 / 8320
Fax: (61) 2022-8326

PAUTA ANDI
Redação:
Cristina Sena e Lauro Mesquita
Edição: Ricardo Corredor
Contatos: (61) 2102-6530 / pauta@andi.org.br

Dr. Lima

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