Estado alavancou crescimento de 13% em relação ao resultado de 2009 e obteve o melhor desempenho da década
Apesar de anotar um saldo negativo no último mês do ano, o Ceará encerrou 2010 celebrando a maior geração de empregos da década. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados, ontem, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Estado criou 72.787 vagas formais, no acumulado de janeiro a dezembro, assinalando um avanço de 13% ante o resultado de 2009, quando a diferença de admissões e desligamentos somou 64.436 postos de trabalho. No ano passado, foram 448 mil trabalhadores contratados contra apenas 375 mil demissões.
Com os números do ano passado consolidados, o Ceará finaliza o governo Luiz Inácio Lula da Silva com mais de 332 mil novos postos de trabalho gerados, no período de 2003 a 2010.
Para o titular da Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), Evandro Leitão, "esse crescimento é reflexo do volume de obras em desenvolvimento no Ceará, do ambiente favorável para surgimento de novas empresas no Estado e da política de atração de novos investimentos desenvolvidas pelo governo".
O secretário acredita que o nível de avanço das oportunidades prosseguirá em 2011, "à medida em que consigamos qualificar um maior número de mão de obra exigida pelo mercado".
Serviços impulsionam
O MTE não publicou, em virtude de problemas técnicos, os dados referentes ao desempenho acumulado de cada segmento nos estados, mas, durante o ano, o setor de serviços foi o principal impulsionador da geração de vagas no Ceará. Até novembro, foram 144 mil admissões ante 117 mil desligamentos, com 27 mil de saldo.
A construção civil vem em seguida, alavancando 15.764 postos nos onze primeiros meses de 2010. A indústria de transformação (15.264) e o setor do comércio (14.733) foram os outros motores preponderantes para elevar o nível do emprego formal cearense.
3º do País em dezembro
Em dezembro, seguindo o mesmo ritmo das outras unidades da federação, o Ceará não conseguiu registrar saldo positivo. Conforme o MTE, houve 30.343 demissões e 29.987 contratações no mês, com um saldo negativo de 356. Apesar do déficit, o Estado conseguiu figurar em uma posição de destaque em dezembro, alcançando o terceiro melhor desempenho do País.
Apenas Alagoas, com diferença negativa de 250 postos, e Roraima (-158) foram superiores. Nenhum estado brasileiro obteve um número de admissões superior ao de desligamentos em dezembro, mês no qual, historicamente, ocorrem mais demissões.
Em 2010, o mês de agosto proporcionou ao Ceará a melhor performance do ano, com geração de 12.321 novas vagas. Além do déficit de dezembro, somente janeiro registrou números negativos: 2.254.
Capital concentra
Dentre as regiões metropolitanas analisadas pela pesquisa do Ministério do Trabalho e Emprego, Fortaleza obteve o maior saldo de empregos formais no mês de dezembro, com 2.112 novos postos. Sete das nove regiões analisadas amargaram resultados negativos.
A Capital cearense foi responsável por 90% das vagas assinaladas no mercado formal do Estado. A Capital acumulou, durante o ano, 359.800 contratações e 294.184 desligamentos, garantindo um saldo de 65.616.
Marca histórica no Brasil
O volume de empregos com carteira assinada gerados no Brasil, ano passado, foi o maior em 18 anos (desde 1992), quando foi criado o Caged. O País contratou 2,525 milhões de pessoas no âmbito da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Até então, o melhor ano do mercado de trabalho havia sido 2007, quando as admissões superaram os desligamentos em 1,61 milhão. Além de ser um recorde, o número atingiu a meta estipulada pelo ministro Carlos Lupi para 2010: geração de 2,5 milhões de vagas formais. Para isso, no entanto, ele precisou antecipar números entregues pelas empresas empregadoras ao Ministério fora do prazo. Geralmente, esses números ficam guardados e são conhecidos apenas em meados do ano seguinte.
Desta vez, no entanto, o ministro adiantou os números até novembro e contabilizou 387 mil vagas a mais em 2010. Sem a mudança na divulgação dos dados, o nível de criação de emprego seria de 2,137 milhões - ainda um recorde, mas abaixo da meta estabelecida.
"Não há manipulação: o dado é o mesmo, a metodologia é a mesma. Não antecipei por causa da meta e nunca disse sobre prazos (de divulgação de dados)", afirmou. "Não sou dado a maquiagens", ironizou.
MERCADO DE TRABALHO
País deve criar 1,4 mi de vagas em 2011
Analista estima uma criação de empregos em ritmo menor neste ano, com previsão de 1,43 milhão de novos postos
São Paulo O Brasil deve gerar 1,438 milhão de postos de trabalho com registro em carteira em 2011, o que é um bom desempenho para uma economia em desaceleração, diz o economista da LCA Consultores, Fábio Romão. Segundo ele, é improvável que o País crie 3 milhões de vagas (em termos líquidos), como previu ontem o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
Polêmica contagem
No ano passado, foram abertos 2.136.947 postos, com uma expansão da economia de 7,5%, como estima o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Para este ano, Romão prevê que o País tenha uma expansão de 4,3%. Mas Lupi anunciou a criação de 2.524.678 postos em 2010. Segundo ele, o Ministério do Trabalho passou a computar as declarações atrasadas de geração de postos de trabalho ao longo do ano, que atingiram 387.731 empregos. "O ideal, para efeito de análise, é a forma de contabilidade anterior, pois isso é mais adequado para realizar comparações com os meses de dezembro e avaliar as informações dessazonalizadas dos outros meses do ano", comentou Romão. Se for levado em consideração esse novo critério anunciado por Lupi, o economista estima que serão gerados entre 1,5 milhão e 2 milhões de postos neste ano.
De acordo com Romão, foram positivos os resultados de 2010 exibidos pelo Caged. Segundo ele, a geração de empregos de pelo menos 2,136 milhões de vagas no ano passado é um resultado bom para os padrões nacionais e ainda mais expressivo quando comparado com outros países.
Destaque internacional
A criação robusta de postos de trabalho no ano passado fez com que a taxa de desemprego atingisse 5,70% em novembro, último dado disponível. No mesmo mês, a título de comparação, a taxa na Espanha foi de 20,6%, de 10,1% na zona do Euro, 9,8% na França e 8,7% na Itália. Em dezembro, a taxa de desocupados nos EUA chegou a 9,4% e de 7,5%, na Alemanha.
Romão estima que a taxa média de desemprego alcançou 6,7% em 2010 e deve repetir a mesma marca em 2011. Para ele, todos os setores da economia devem reduzir o ritmo da geração de vagas, pois a produção industrial deve recuar de uma alta de 10,7% em 2010 para 4% neste ano, enquanto a expansão da construção civil deve baixar de 12% para 6,1%.
Ele ressaltou que a desaceleração do nível de atividade será promovida por vários fatores, especialmente uma alta dos juros de 1,5 ponto porcentual neste ano. Segundo ele, o ciclo de aperto monetário será iniciado na reunião do Copom desta semana, com elevação de 0,5 ponto porcentual. "Além disso, é possível esperar que o governo adote outras medidas macroprudenciais no decorrer do ano para reduzir a demanda agregada, como diminuir o ritmo da concessão de crédito", disse.
Na era Lula
O saldo de novos empregos com carteira assinada durante os oito anos do governo Lula foi mais de 20 vezes maior do que os oito anos em que Fernando Henrique Cardoso esteve à frente do País. De janeiro de 2003 até dezembro de 2010, o Ministério do Trabalho registrou a criação de 15,048 milhões de vagas formais. No período de 1995 a 2002, foram 726 mil.
Mais do que as crises internacionais que abalaram o País, o economista da Tendências Consultoria Integrada Rafael Bacciotti salientou que, nos últimos anos, o Brasil foi marcado pela estabilidade da economia e ainda da inflação.
"Esses números de emprego refletem toda a mudança estrutural da economia", analisou. Com maior previsibilidade e menos risco, as empresas têm, segundo ele, maior facilidade para incorporar mão de obra formal em seus quadros.
VICTOR XIMENES
REPÓRTER
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
CE bate recorde com criação de 72 mil empregos
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