Vários estudos têm enfatizado os impactos negativos da pecuária para o ambiente e o clima. Em dezembro de 2009, o INPE – Instituto Nacional de Pesquisa Espacial - divulgou estudo que demonstra que metade das emissões de gases de efeito estufa no Brasil deve-se à pecuária, que devasta a Amazônia e agrava a crise climática. O Brasil é hoje o maior exportador de carne bovina do mundo e o rebanho bovino na Amazônia se multiplicou. Em junho de 2009, o Greenpeace divulgara o estudo A farra do boi na Amazônia, que demonstrava a responsabilidade da pecuária pelo desmatamento naquela região. O relatório denunciava o fato de banco oficial ser sócio de grandes frigoríficos que intensificaram a devastação da floresta.
Em outros países cresce a consciência dos impactos das dietas alimentares sobre o clima e o ambiente. Al Gore (2006, p. 317) mostra que os americanos consomem 25% de toda a carne produzida no mundo, o que se traduz em grandes quantidades de emissões de carbono e em intensificação das mudanças climáticas: “Se mais americanos mudassem para uma dieta menos intensiva em carne, poderíamos reduzir muito as emissões de CO2 e também economizar vastas quantidades de água e de outros preciosos recursos naturais.” Recente relatório da comissão de desenvolvimento sustentável do Reino Unido, intitulado Pondo a mesa , aponta os impactos da dieta sobre a mudança climática, a saúde pública, a desigualdade social, a biodiversidade, o uso da terra, da água e da energia. O estudo define os elementos de uma dieta sustentável e propõe a redução do consumo de carne e laticínios; a redução do consumo de alimentos e bebidas com baixo valor nutricional (por exemplo, alimentos gordurosos ou açucarados); reduzir os desperdícios de alimentos. Sugere aumentar o consumo de frutas e vegetais, sazonais e cultivados no local; consumir somente peixes de estoques sustentáveis; aumentar o consumo de alimentos orgânicos produzidos com respeito ao ambiente.
Mais de sessenta anos depois da independência da Índia, que deles se libertou de forma pacífica em 1947, os ingleses valorizam a milenar dieta vegetariana. Diferentemente dos europeus e outras sociedades carnívoras, a Índia nunca precisou colonizar outros países para deles extrair os recursos que sustentassem seu modo de vida. O vegetarianismo – um dos aspectos materiais do espiritualismo indiano – baseia-se no princípio do ahimsa, ou não violência, que se estende também aos animais. Adotado há milênios por razões éticas e ecológicas, o vegetarianismo indiano foi um dos fatores que ajudaram a preservar a biodiversidade na Índia. A tradição religiosa contribuiu para sustentar tal hábito, ao sacralizar espécies animais e vegetais. Lá, tudo facilita a adoção desse hábito alimentar ecológica e eticamente saudável. As especiarias usadas na cultura culinária milenar motivaram as grandes navegações em busca de novo caminho marítimo para as Índias.
O vegetarianismo reduz a pressão sobre a biocapacidade local e sobre a emissão de gases de efeito estufa. Não por acaso, o indiano Rajendra Pachauri, coordenador geral do IPCC- Painel intergovernamental sobre mudanças climáticas – ele próprio originário dessa civilização vegetariana, sempre recomenda reduzir o consumo de carne.
Fonte: Portal do Meio Ambiente REBIA
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