Mariana Jungmann - Repórter da Agência BrasilEdição: Stênio Ribeiro
Terminou sem acordo a votação para a Mesa Diretora do Senado, mas com a eleição da chapa apresentada pelos governistas por 46 votos a 2. A Casa vinha enfrentando dificuldades de entendimento para a manutenção da regra de proporcionalidade, e acabou vendo surgir duas chapas, de governo e de oposição, para a ocupação dos cargos. No fim, sem acordo para manter o critério de tamanho das bancadas para as indicações de cada cargo, a oposição se retirou do plenário e a chapa governista ganhou a eleição como única apresentada.
A chapa vencedora é formada por Jorge Viana (PT-AC) na primeira vice-presidência, Romero Jucá (PMDB-RR) na segunda vice-presidência, Vicentinho Alves (PR-TO) na primeira secretaria, Zezé Perrela (PDT-MG) na segunda secretaria, Gladson Cameli (PP-AC) na terceira secretaria e Ângela Portela (PT-RR) na quarta secretaria. Os suplentes serão os senadores Sérgio Petecão (PSD-TO), João Alberto Souza (PMDB-MA) e Douglas Cintra (PTB-PE).
A chapa apresentada pela oposição, que segue a ordem da proporcionalidade, era composta por Jorge Viana na primeira vice-presidência, Romero Jucá na segunda vice-presidência, Paulo Bauer (PSDB-SC) na primeira secretaria, Ângela Portela na segunda secretaria, Zezé Perrela na terceira secretaria e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) na quarta secretaria.
A votação aconteceu depois de muito bate-boca entre oposicionistas e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no plenário do Senado. Os senadores de PSDB, PSB e DEM apontavam um movimento de retaliação para que PSB e PSDB não fizessem parte da Mesa Diretora, e acusavam o presidente de estar “atropelando” a oposição. Os três partidos apoiaram a candidatura do senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que disputou a presidência com Renan e perdeu.
“O que se fez foi tramar uma manobra, foi constituir um bloco de forças políticas nesta Casa, com o objetivo de excluir da Mesa Diretora o PSDB e o Partido Socialista Brasileiro, isso é o que se fez. Não sei quem fez isso, alguém liderou esse processo. Houve uma questão política grave”, acusou o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) no plenário.
Em consonância com a declaração dele, o líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB) acusou Renan Calheiros de estar beneficiando seus aliados. “O presidente Renan fez a opção clara de dividir o Senado e ser presidente apenas dos 49 senadores que o elegeram”, disse o líder, que acusou o presidente do Congresso ainda de fazer “manobra inaceitável e acordo de conchavo e coxia”.
Depois de bater boca com Renan no plenário, em que foi acusado de estar ressentido por ter perdido as eleições presidenciais, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse que o presidente do Senado rompeu relações com a oposição. “Infelizmente, o presidente eleito do Congresso Nacional não compreendeu a dimensão do cargo que ocupa, acha que o Senado Federal pode ser instrumento de uma aliança até, quem sabe, para protegê-lo”, disse Aécio, justificando a retirada da oposição da disputa pela Mesa Diretora.
Renan, por sua vez, pediu diversas vezes para os líderes que tentassem acordo, mas disse que não suspenderia a sessão. Ele garantiu que defendia a manutenção do critério de proporcionalidade, mas não poderia interferir, porque o acordo deveria ser feito pelos líderes partidários. “Eu posterguei até hoje a eleição da Mesa do Senado por falta de acordo e entendimento entre os líderes. Quem inscreve a chapa são os líderes, não é o presidente. Se os líderes concordam, faremos a eleição com chapa única. Eu não sei ainda que chapa os líderes inscreveram. Se dependesse de mim, eu inscreveria uma chapa de consenso absoluto, mas essa tarefa não é minha, é dos líderes partidários. Eu quero o entendimento, a conciliação, o consenso”, disse.
Ao fim da sessão, Renan Calheiros abriu o prazo para que os partidos indiquem os nomes dos senadores para ocupar as presidências das comissões, e voltou a apelar para que eles façam isso seguindo o critério da proporcionalidade. Não há ainda data marcada para as votações nas comissões.
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