19 de fevereiro de 2015 | 18:06 Autor: Fernando Brito
Vocês me perdoem o tom “José Simão” deste post.
Mas não dá para ser outro.
Eu estava achando surrealista esta história do criminoso patrocínio do ditador da Guiné Equatorial à Beija-Flor.
Nunca vi isso, até porque nunca fizeram críticas ao bicheiro – e acusado de mandante de homicídios – Anísio Abraão patrocinar a escola.
Nem foram perguntar quem foi que pagou pela homenagem, ano passado, ao Boni e à TV Globo.
Mas fiquei escandalizado com a “suposta” presença do presidente daquele país, secretamente aqui, martelada toda a manhã pela CBN.
Mesmo com o desmentido do governo guineense, insistiram que uma foto no Wall Street Journal “provava” a estada secreta de Teodoro Obiang o “sanguinário” aqui.
Desceu-lhe o sarrafo ao longo de quase nove minutos, como você pode ouvir no áudio, no fim do post.
Conseguiu até a “confirmação” do Copacabana Palace até do horário em que Obiang teria feito “check-out” do hotel, como O Globo, antes, havia conseguido o prefixo do avião que o trouxera e, claro, todas as informações sobre a presença do “ômi”.
Aí começa o festival da besteira.
Ora, a foto que tinham era de um senhor negro, estrangeiro, de paletó e gravata no Sambódromo só poderia ser o ditador.
Os nossos valentes setoristas da CBN na Passarela devem achar que crioulo, como japonês, são todos iguais, né?
Se os nossos “jornalistas investigativos”, que descobriram um “escândalo internacional” tivessem ido à página do Wall Street Journal, teria lido lá, logo abaixo da matéria sobre o carnaval:
A photograph in the World news section incorrectly identified one of the guests at this year’s Carnival in Rio de Janeiro as Equatorial Guinea’s leader, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo. (Feb. 17, 2015).
Incorretamente identificado, se é que precisa tradução.
Permitam-me a expressão: caceta, que mico!
E mico acompanhado de lições sobre como é a democracia, porque lá, na ditadura guineense, o governo e o partido mentiam, não apenas negando que aquele fosse Teodoro, como afirmando que o dito cujo estava numa reunião de chefes de Estado Centro-Africanos, em Camarões, discutindo medidas contra o avanço do grupo Boko-Haram!
Psi, ô, galera, lá no site da Deutsche Welle, a agência alemã (estatal) de notícias vocês vão dar de cara com uma foto do tal Teodoro, sentadinho ao lado presidente de Camarões, no mesmo dia 17, fazendo aquilo mesmo que a nota de seu governo diz que estava fazendo. E com o texto do repórter Mark Caldwell dizendo quem eram os chefes de Estado que estavam lá (Obiang é um deles) e quais países mandaram delegados.
E se duvidarem que é ele, apesar da plaquinha com seu nome (ampliem a foto e vejam), procurem no Google e verão que o cidadão é ele mesmo que não se parece em nada com o da foto do Sambódromo, a não ser pelo fato de ser negro. O que, aliás, quase todo mundo é lá na Guiné.
Vou ligar o rádio amanhã para ver se vai haver um mea-culpa daqueles de bater no peito fazendo barulho…
Vai nada, vai ter um monte de “mas”, de “porém”, de acusações a empreiteiras brasileiras que ganham dinheiro por lá com obras e discursos sobre a falta de democracia.
Escândalo internacional, mesmo, é a imprensa brasileira, histérica, irresponsável e incompetente, exceto numa coisa: esculhambar o Brasil.
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