Gisele Federicce, 247 – Por "segurança", a mídia brasileira não teve interesse em dar destaque ao caso conhecido como SwissLeaks' nessa semana, avalia o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), em entrevista ao 247. Ele comparou a abordagem dada pelos jornais brasileiros e estrangeiros. "Tenho acompanhado o caso desde o primeiro dia. Logo eu percebi que vários países do mundo tinham dado como manchete, e aqui não teve repercussão nos primeiros dois dias", lembra.
Dados abertos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos revelaram, essa semana, uma longa lista de contas secretas abertas no HSBC na Suíça, com fundos não declarados. Mais de 8,7 mil contas secretas estavam atreladas ao nome de 6,6 mil brasileiros para depositar, entre 2006 e 2007, quantias que chegam a US$ 7 bilhões – o equivalente a quase R$ 20 bilhões. O Brasil é o quarto país em número de clientes em operações no banco e o nono na lista em volume de dinheiro movimentado.
Pimenta protocolou nesta quinta-feira 12, junto ao Ministério da Justiça, um pedido de esclarecimentos e providências cabíveis sobre o caso. Outro pedido similar será feito por ele junto ao Ministério Público Federal na próxima quarta-feira 18. "A princípio já existem os crimes de evasão de divisas e sonegação fiscal, mas à medida que se identifica quem é o dono da conta, outros crimes podem estar atrelados", explicou o deputado.
Para ele, o pouco destaque da imprensa sobre o assunto "revela mais uma vez essa seletividade, essa maneira como a grande mídia nacional escolhe as notícias". O petista destaca que o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que denunciou receber propina por meio da estatal desde 1997, disse que a primeira conta que abriu foi no HSBC em Genebra. "Independente dessa investigação, o fato é que esse episódio pode revelar todo um processo de movimentação de dinheiro ilegal, criminoso, pode estar associado a um grande esquema de corrupção", alerta.
"A semana inteira o mundo discutiu isso, o assunto foi capa do New York Times e de jornais na Inglaterra, na Austrália, na França... e aqui não havia qualquer tipo de interesse em acionar correspondentes internacionais", disse. O deputado acredita que o fato "tem a ver" com o momento em que são divulgadas, no País, denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, mas que "não é só isso".
"Podem existir aí elementos que fogem do interesse da mídia, que historicamente dominaram relações comerciais. É o momento, mas também a segurança. Há um risco de eles [os jornais] irem atrás de uma investigação como essa e chegarem neles mesmos. Por isso não têm interesse de tornar essas informações públicas", avalia. O parlamentar lembra que, na Argentina, o maior valor em conta no banco em Genebra pertencia ao grupo de mídia Clarín, com mais de US$ 100 milhões depositados (leia mais).
O deputado defende ainda que o Brasil firme acordos internacionais e com outros órgãos de governo, como a Receita Federal, para que possa avançar na investigação, assim já como já providenciaram outros países que constam da lista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário