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domingo, 15 de maio de 2011

Rua não é cinzeiro

Escrevi há anos que a cidade de São Paulo era o maior cinzeiro do mundo, título do artigo, devido aos milhões de moradores e ao proporcional número de fumantes que, sem nenhum pudor, jogavam suas pontas de cigarro nas ruas.

Com o passar do tempo e algumas medidas, embora tímidas e insuficientes, diminuiu este tipo de sujeira na cidade em geral, mas com a lei que proíbe fumar dentro dos ambientes fechados, as frentes de grandes prédios se tornaram verdadeiros monturos. A diminuição de fumantes também contribuiu para a melhoria. O foco fica nas bitucas, por serem a principal sujeira.

Nenhum problema arraigado se resolve com facilidade, mas este não requer milhões de dólares para ser resolvido. Apenas um pouco mais de empenho das autoridades, especialmente dos prefeitos. Além da participação daqueles mais engajados nas questões sociais. Ainda que toda unanimidade seja burra, todos poderiam contribuir; especialmente os diretores de escolas, seus professores e os comerciantes.

Nos últimos anos, as matrículas de crianças em idade escolar chegaram a quase cem por cento no Brasil; o número de alunos universitários tem aumentado ano após ano. Nenhum desses indicadores tem contribuído numa mudança de comportamento dos brasileiros. Comprovado por quase cem por cento dos fumantes ainda atirando suas bitucas nas ruas. Um procedimento conhecido por todos é o “piteco” de dedo indicador para atirar a bituca longe. É muito difícil encontrar cinzeiros portáteis; eles existem e não são utilizados. Não escapam nem as calçadas de bares de luxo e de lojas chiques. Jardins e canteiros das cidades se tornaram verdadeiros cinzeiros. Como implícito antes, há exceção de pessoas, mas não há de classes sociais e de escolaridade.

Existem medidas que qualquer um poderia adotar. Por exemplo, a exposição de cartazes em locais de grande movimentação de pedestres ou de carros, a conservação ou limpeza dos postes de iluminação em frente ao comércio ou à residência. Distribuição de mensagens em panfletos, em aparente contradição, mas ninguém é obrigado a jogá-lo na rua.

Os comerciantes são os mais decisivos nesse processo de melhoria de limpeza das cidades. Deveriam manter as calçadas sempre limpas, com varrição com esmero algumas ao dia, com a retirada total da sujeira, sem jogar no meio-fio, como a maioria faz. E de tempo em tempo recolher papel de bala, palito de fósforo e pontas de cigarro. Além disso, todos deveriam colocar bituqueiras ou cinzeiros com areia na frente do estabelecimento para induzir o fumante a utilizar naturalmente.

Campanhas educativas periódicas nos meios de comunicação ficariam a cargo das prefeituras municipais. Com eventualidade, até os governos estaduais e o federal deveriam contribuir com outras campanhas mais abrangentes, que envolvessem os três “r” famosos, redução, reaproveitamento e reciclagem, além do Meio Ambiente. Todos poderiam dar uma contribuição até as cidades se tornarem plenamente limpas. A ponta de cigarro é apenas a sujeira mais comum, mas nenhum objeto deve ser jogado nas ruas. Elementar. Jogar objetos nas ruas é uma conduta arraigada e grosseira, que precisa ser combatida com a mesma força com que ela teima em permanecer. Todos, por si mesmos, precisariam se tocar definitivamente de que rua não é cinzeiro nem lixeira.

Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP

Bel. Direito

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