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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Marcha da Maconha ocorre em Porto Alegre sem repressão da polícia

 

Manifestação foi pacífica no Parque da Redenção, na capital gaúcha, após confrontos em São Paulo

Daniel Cassol, iG Rio Grande do Sul

Foto: Daniel Cassol

Marcha no Rio Grande do Sul lembrou repressão da polícia em evento em São Paulo

Um dia depois de a Polícia Militar de São Paulo ter reprimido a "Marcha da Maconha" realizada na capital paulista, os "maconheiros" de Porto Alegre realizaram sua manifestação neste domingo praticamente sem a presença da polícia. Apenas uma viatura com três policiais esteve no começo da concentração, que transcorreu bem humorada e sem transtornos até o final.

"Dilma Roussef, fumar maconha alivia o estresse"; "arroz, feijão, maconha e educação"; "maconheiro sim, criminoso não", "o latifúndio é uma vergonha, reforma agrária para plantar maconha"; gritavam os manifestantes, entre sambas de Bezerra da Silva.

Foto: Daniel Cassol

No Rio Grande do Sul manifestantes não tiveram problemas

Pelo menos 500 pessoas participaram da Marcha da Maconha em Porto Alegre, que foi realizada na tarde deste domingo no Parque da Redenção, tradicional ponto de encontro da cidade no final de semana. Ao contrário do que ocorreu em São Paulo, não houve proibição da Justiça.

Segundo o advogado Leonardo Günter, 30 anos, integrante do coletivo "Princípio Ativo", um dos organizadores da marcha, as últimas três edições haviam acontecido com a concessão, pela Justiça, de um habeas corpus preventivo. Neste ano, nem o habeas foi necessário. Uma reunião com representantes do Ministério Público, da Polícia Militar e da Polícia Civil na última sexta colocou na "legalidade" a caminhada em defesa da legalização da maconha. "A livre manifestação é um direito, e não um crime", comentou Leonardo.

"Estamos de parabéns", festejou, Belchior Amaral, 28 anos, também organizador do protesto. "Não estamos incentivando o consumo. A marcha é pela legalização da maconha, mas também pela liberdade de expressão. Foi uma vergonha o que aconteceu em São Paulo. Houve uma coação à liberdade de expressão", completou.

A concentração dos manifestantes começou por volta das 14 horas, com um espetáculo de teatro de rua em frente ao Monumento ao Expedicionário, no Parque da Redenção. Aos poucos, os participantes da marcha, a maioria jovens, chegaram trazendo cartazes em defesa da legalização da maconha no Brasil.

Foto: Daniel Cassol

Cerca de 500 pessoas participaram da manifestação em Porto Alegre

Com o auxílio de um megafone, os manifestantes faziam breves discursos contra a repressão aos usuários de maconha. "Aqui somos só pelo verde", argumentava um dos integrantes da marcha durante um "debate" com uma senhora que se dizia contra o incentivo ao uso de drogas. O engenheiro civil Fernando de Carvalho aproveitou a ocasião e entregou um "ensaio sobre a legalização da maconha" aos organizadores do protesto.

Um grupo musical embalava outra parte da pequena multidão com uma paródia de uma canção do folclore gaúcho, transformada em "Ai bota aqui, ai bota ali um baseadinho". "Uma pequena parcela dos usuários da maconha têm problemas, e estes precisam ser atendidos pelo sistema de saúde. O que gera dano aos usuários é buscar a droga na ilegalidade. Se continuarmos deixando a maconha na ilegalidade, vai continuar havendo tráfico e corrupção", defendeu Belchior Amaral.

A caminhada começou pouco depois das 16h, dando uma volta no próprio Parque da Redenção, sem o acompanhamento da Polícia Militar. Por alguns minutos, os manifestantes ocuparam a avenida João Pessoa, mas logo o trânsito foi liberado e não houve incidentes. A Marcha da Maconha terminou em outro ponto do parque, quando os manifestantes sentaram no gramado e continuaram com seus cantos bem-humorados.

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