Estamos vivendo momentos difíceis, em que as pessoas buscam a satisfação
de forma desenfreada, importando-se apenas com si mesmas. Isso é efeito de
maciças campanhas publicitárias, desenvolvidas com o intuito de favorecer
o individualismo, o hedonismo e o egocentrismo, supervalorizando o “eu” em
detrimento do coletivo; resultando pessoas solitárias, insatisfeitas e
consumistas, sujeitas a adquirir produtos na tentativa de aplacar sua
angústia existencial.
Nunca se consumiu tanto quanto hoje em dia; nunca se correu tanto atrás da
felicidade; e, no entanto, não me lembro de ter havido momento em que
estivéssemos tão entristecidos e sozinhos; amedrontados, reféns de
relacionamentos insatisfatórios e superficiais, presos a modismos e
vivenciando tanta depravação moral, em que a promiscuidade parece ser a
melhor opção para não haver envolvimento afetivo e compromisso entre as
partes, desobrigando-as da saudável vinculação.
Fomos sendo induzidos a pensar somente em nós mesmos; preocuparmo-nos
apenas com o nosso contentamento, pouco nos importando com os demais.
Ocorre que a satisfação própria depende, em muitos casos, da satisfação
alheia. Ser feliz sozinho costuma não ter muita graça. Na verdade, esse
tipo de júbilo dura muito pouco.
A maioria das pessoas vive em busca do prazer. Para atingir esse objetivo
bebem, fumam, fazem uso de substâncias entorpecentes, praticam esportes
radicais, consomem estimulantes, abusam de tranquilizantes e se entregam à
imoralidade. Esquecem que o prazer é momentâneo, e mais: causa
dependência.
O prazer é finito. Começa e termina muito rapidamente. Então, faz-se
necessário buscar mais para se ter o mesmo efeito. É por isso que existem
os alcoolistas, fumantes, drogados, excêntricos, agitados, ansiosos e
promíscuos. Às vezes, a pessoa deseja parar, mas não consegue. Tem
dificuldade porque tal prazer vicia. A cada dia busca mais e mais. Passado
um tempo, a pessoa adoece.
Em contrapartida, a alegria é prazerosa e não causa dependência. Podemos
ser alegres o tempo todo sem nos cansar, sem exigir demais do nosso físico
com constantes descargas de adrenalina. A satisfação causada pela alegria
é envolvente, forte e duradoura. Penetra no mais íntimo do nosso ser,
assegurando-nos êxtase profundo. Não compromete nossa saúde nem nossa
sanidade mental. Não mata. Não causa depressão ou síndrome do pânico. A
alegria cura!
Mas, como podemos ser alegres? Onde encontramos a alegria? Consultando a
Bíblia, vamos encontrar no capítulo 5 da carta de São Paulo aos Gálatas,
em seu versículo 22, que a alegria é um fruto do Espírito Santo. Ora, se é
fruto e procede do Espírito, compreendemos que para colhê-la e
desfrutarmos dela necessitamos estar em interação com esse mesmo Espírito,
possibilitando sua ação em nós.
Tudo o que é dom nos é dado por Deus gratuitamente, no entanto, precisamos
pedir com fé e confiança. Penso que apresentar condições favoráveis para o
milagre também ajuda muito, afinal, o Espírito Santo não costuma se
manifestar em corações sombrios. Precisamos limpar a casa se quisermos
receber esse ilustre visitante.
Como temos vivido ultimamente? Buscamos a alegria ou o prazer?
Experimentamos a liberdade ou a dependência; a cura ou o vício? Vivemos em
paz ou permanecemos em constante agitação? É provável que a mera
observação de nós mesmos e de nossos comportamentos nos dê essas
respostas. A alegria é dom de Deus; é fruto do Espírito Santo. Para
usufruí-la necessitamos estar próximos do Pai e de seus preceitos, a fim
de podermos experimentar a sua graça. Sejamos céleres e confiantes. O
mundo necessita da nossa alegria e nós também!
Maria Regina Canhos (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora.
quarta-feira, 7 de maio de 2014
A alegria e o prazer
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