O setor público gastou R$ 217 bilhões com pagamento de juros aos investidores nos últimos 12 meses, segundo o Banco Central. Um ano antes, no período de abril de 2011 a março de 2012, o gasto havia sido de R$ 237 bilhões. A diferença, R$ 20 bilhões, é praticamente o orçamento do programa Bolsa Família em 2012 (R$ 21 bilhões).
O BC reduziu a taxa básica de juros (a chamada Selic) de 12,5% ao ano, em julho de 2011, para 7,25%, em outubro do ano passado, nível que foi mantido até o dia 18 de abril. Com essa queda, caíram também os juros ao consumidor, levando a um aumento da demanda por bens de consumo.
Como a produção de bens não aumentou na mesma proporção, a inflação acelerou, até atingir 6,59% nos 12 meses encerrados em março.
É verdade que boa parte da inflação resultou de aumento nos preços de alimentos (alta de 13,5% no período), produtos que o consumidor não adquire por meio de financiamento. As condições climáticas contribuíram para esta alta.
A taxa inflacionária, no entanto, já apresenta uma desaceleração da alta registrada nos últimos meses. Diante da expectativa de supersafra agrícola, dados do governo já mostram a tendência de queda em vários alimentos. Um exemplo é a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), que caiu em cinco das sete capitais pesquisadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) entre a primeira e a segunda semanas de abril. A maior redução foi observada em Brasília: 0,2 ponto percentual, já que a taxa passou de 0,6% na primeira semana para 0,4% na segunda.
Gastos com juros – Há duas semanas, o BC voltou a subir a taxa básica de juros, para 7,5% ao ano. Mesmo que os gastos com juros voltem a subir, a Selic não voltará a atingir os patamares estratosféricos vivenciados pelos brasileiros há uma década. Ao mesmo tempo em que o governo afirma que não pretende diminuir a política de transferência de renda nem os investimentos em programas sociais em geral, a equipe econômica e a própria presidenta Dilma Rousseff já deixou claro que continuará vigilante em relação à inflação. O resgate do crescimento econômico continuará passando pelo cortes de impostos e redução dos custos para o consumidor e produtor.
A expectativa do governo é que as empresas voltem a aumentar investimentos, como é o caso da indústria de transformação, como já apontado em balanço recente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ou seja, ao investir em máquinas e equipamento, o empresariado está se preparando para produzir mais.
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