Alguns pais exigem demais de seus filhos. Insatisfeitos, nunca estão
felizes com aquilo que podem lhes oferecer em termos de resultados. Estão
sempre de olho na perfeição e procedem como severos capatazes da prole. As
iniciativas dos rebentos estão sempre aquém daquilo que se espera deles.
Não é costume parabenizar pelo acerto, mas sim crucificar pelo erro. Com o
tempo os filhos vão desistindo de querer acertar, pois nada é o bastante
para pais assim, e a frustração tem um peso difícil de suportar quando é
constante. Os pais dizem que assim procedem por amor. Entretanto, será que
isso é amor mesmo?
Enquanto alguns pais amargam reais sofrimentos, advindos do desafio que é
educar filhos envolvidos com drogas, prostituição, criminalidade... outros
se sentem infelizes ao serem simplesmente contrariados em suas
expectativas. Projetam, arquitetam e manipulam a vida dos filhos para que
sejam correspondentes aos seus anseios parentais, e ficam muito
aborrecidos quando acontece de modo diverso. Assim, pode ser que possuam
filhos vitoriosos em quase todos os sentidos, mas isso não lhes é
suficiente. Não lhes basta o bom desempenho escolar, afetivo, social e
financeiro; querem mais. Querem filhos perfeitos! Mas, será que pais
imperfeitos podem ter filhos perfeitos?
Tais pais insatisfeitos procuram depositar nos filhos elevadas
expectativas quanto à realização de sonhos e planos que eram seus, e não
tiveram tempo hábil ou não conseguiram realizar na juventude. Esperam que
os filhos façam isso. Então, passam a exigir deles, privando-os de viverem
segundo os próprios interesses. Ainda que os filhos sejam excelentes
alunos, cônjuges ou profissionais, tal passa a não ser suficiente caso se
neguem a realizar o sonho frustrado dos pais. Um sonho que, diga-se de
passagem, pode ser muito diferente do deles.
Às vezes, a situação é mais complexa ainda, quando a felicidade dos filhos
está localizada na contramão do desejo dos pais, como quando se deseja
casar com A e os pais querem que se case com B; ou se deseja a faculdade X
e os pais querem que curse a faculdade Y; ou o filho deseja se separar
porque está sofrendo e os pais querem que continue casado, pois consideram
que o casamento é para a vida toda... Muitos são os exemplos nos quais os
pais que exigem demais conseguem fazer infelizes seus filhos. E ai deles
se ousarem contrariar os pais. Podem ser simplesmente banidos da família
ou ignorados como se não houvessem nascido.
Tal conduta costuma causar trauma que acompanha pela vida toda, e mesmo
anos de terapia ou aconselhamento psicológico podem não ser suficientes
para aplacar a dor da rejeição e do abandono. O ideal seria que pessoas
desprovidas de compaixão não tivessem filhos, mas infelizmente o mundo não
é assim. Se você é mais uma das pessoas que passa por esse tipo de
situação, não se desespere. Deus é dono de amor incondicional. Ele pode
pegar você no colo, ainda que seus pais sejam incapazes de fazer isso
neste momento. Confie em Deus. O verdadeiro amor não exclui, não tiraniza,
não maltrata, não judia... O verdadeiro amor simplesmente ACOLHE!
Maria Regina Canhos (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora.
sábado, 20 de abril de 2013
Pais que exigem demais
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