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quarta-feira, 3 de julho de 2013

Medicina é carreira com maior remuneração e escassez de profissionais, diz Ipea

MARIANA SCHREIBER
DE BRASÍLIA

Medicina é a carreira de ensino superior com o melhor desempenho trabalhista e com maior escassez de profissionais, revelou estudo do Ipea (Instituto de Política Econômica Aplicada) divulgado nesta quarta-feira (3).

Um ranking criado pelo instituto considerando quatro variáveis --salários, jornada de trabalho, cobertura previdenciária e taxa de ocupação-- mostrou que os médicos têm o melhor resultado global.

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Considerando dados de 48 profissões de todo o país, medicina é a carreira que oferece o maior salário médio (R$ 6.940,12) e a maior taxa de ocupação (91,8% dos profissionais estão trabalhando). Além disso, possui a décima maior cobertura previdenciária: 90,7% dos trabalhadores tem algum plano de aposentadoria, seja público ou privado.

O bom desempenho da categoria nesses três critérios compensou o posicionamento ruim no ranking de jornada de trabalho. Dos 48 grupos de profissionais analisados, o de médico é o quarto que mais trabalha. Sua jornada média semanal é de 42,03 horas.

De acordo com Marcelo Neri, ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e presidente do Ipea, os números revelam que há uma escassez de médicos no país.

Ele disse que o estudo busca dar informações úteis para elaboração de políticas públicas que ataquem esse problema, mas ressaltou que a pesquisa teve início antes da presidente Dilma Rousseff propor a importação de médicos de outros países, não tendo intuito de corroborá-la.

Neri indicou, porém, que a atração de "talentos" do exterior pode ser interessante se feita tomando o cuidado de trazer profissionais de qualidade e de preservar os direitos dos médicos brasileiros.

Para Neri, a falta de profissionais é um bom problema, muito melhor do que crise de desemprego.

"A maior gravidade desse problema é que para você formar pessoas com qualidade demora tempo. Os indicadores não deixam dúvidas de que faltam médicos", afirmou.

Neri destacou que a distribuição de médicos não é homogênea no país. Há um grande número de profissionais no Sudeste e uma enorme carência principalmente na região Norte, quando comparado o número de médicos com o tamanho da população dessas regiões.

TRANSPORTE

Segundo Neri, o estudo do Ipea aponta também para um desafio no enfrentamento das demandas da população por transporte público de qualidade. A carreira de serviços de transporte aparece em quinto lugar no ranking de desempenho trabalhista, indicando que também faltam profissionais na área.

Outras profissões com bom desempenho no ranking são odontologia, engenharias civil, metalúrgica e mecânica e estatística.

Na outra ponta, amargando as piores colocações no ranking estão profissionais graduados com formação ligada a religião, serviços domésticos e de beleza, filosofia, ciências sociais e físicas. De acordo com Neri, muitas delas estão ligadas à carreira de magistério, indicando a baixa valorização da carreira de professor.

O estudo do Ipea foi feito com base nos microdados do Censo Demográfico de 2010, do IBGE.

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