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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Movimento Passe Livre suspende novas manifestações em São Paulo

 

Bloomberg

SÃO PAULO  -  O Movimento Passe Livre anunciou nesta sexta-feira a suspensão de novas manifestações em São Paulo. Segundo um dos integrantes do grupo, que pleiteia tarifa zero nos transportes públicos, "grupos conservadores se infiltraram nas manifestações" e defenderam propostas como a redução da maioridade penal.

Rafael Siqueira, 38, ativista do MPL, afirmou que as agressões a militantes de partidos políticos na manifestação de ontem, na avenida Paulista e em outras cidades, também motivaram o grupo a tomar essa decisão.

"A gente acha que grupos conservadores se infiltraram nos últimos atos para defender propostas que não nos representam", disse Siqueira. De acordo com ele, o recuo do movimento foi decidido no final da noite de ontem, após os incidentes na Paulista.

"Nacionalistas"

Na quinta-feira, um grupo de manifestantes, denominados "nacionalistas" entrou em confronto com pessoas que estavam com bandeiras de partidos durante protesto contra tarifas na avenida Paulista, centro de São Paulo. Segundo o Datafolha, a manifestação reunia cerca de 70 mil pessoas na via.

O principal confronto ocorreu entre um grupo de nacionalistas e manifestantes com bandeiras do PSTU e PT. Os "nacionalistas" queriam que o protesto prosseguisse sem bandeiras partidárias e sem a interferência de partidos políticos.

Após uma das confusões, o advogado Guilherme Nascimento, 26, deixou a avenida Paulista com um ferimento na cabeça. "Foi o PT que fez isso, me deram uma paulada". O rapaz foi carregado por amigos até um carro da Polícia Militar, que o levou a um pronto-socorro.

Um homem usou um taco de hóquei para ameaçar petistas. Durante a confusão, uma mulher caiu no chão e quase foi pisoteada. Ao menos duas bandeiras do PSTU e uma do PT foram tomadas de manifestantes e queimadas na avenida Paulista.

Apolíticos partiram para cima dos partidários com chutes e socos. Parte deles respondeu com bandeiradas e pedradas. A Polícia jogou bombas de gás lacrimogêneo para conter a pancadaria.

Um grupo de nacionalistas armados com facas gritaram contra os manifestantes do PT dizendo que vão "meter a faca". Eles entoaram gritos e disseram que iam tomar todas as bandeiras

Membros do PSTU, PSOL, UNE, UJS (União Jovem Socialista) foram hostilizados por manifestantes na avenida Paulista, em frente à Fiesp. Juntos, os partidários começaram a deixar a região. A manifestante Fátima Sandalhel disse ter sofrido retaliações por vestir uma camiseta vermelha e estar próxima a grupos partidários.

"Nós estivemos em todas as manifestações anteriores para agora sermos expelidos na manifestação. Usar camisa vermelha é um direito, usar bandeira é um direito. O que aconteceu hoje aqui é um atentado à democracia", disse Sandalhel.

Houve um princípio de confusão, quando uma bandeira do PSTU foi rasgada e um militante partiu para cima de um manifestante. As pessoas também cantaram gritos de guerra contra o PT. "Os caras com bandeira de partido querem levar vantagem. O Passe Livre está com o PT", disse o universitário Bruno Scorziello, 22, após tentar impedir a passagem do protesto.

Após a confusão, muitos militantes choraram: "Estão acabando com anos de luta. Não queremos reivindicar para nós, queremos somar", disse um deles sem se identificar.

(Folhapress)

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