Dias atrás, li num jornal uma nota de alguém que afirmava sentir a falta
de um pároco, tido como conservador e arcaico, que passou pela cidade
angariando a época muitos desafetos, inclusive a reprovação do próprio
autor do desabafo. Ele disse nunca pensar que chegaria a sentir saudade do
presbítero, ferrenho defensor da moral e dos bons costumes; no entanto,
reconheceu que o mesmo está fazendo falta num momento em que a liberdade
deu lugar à libertinagem. Concordo; mas penso que o que faz falta não é
exatamente o padre, e sim a postura que tinha diante da imoralidade. Ora,
ele simplesmente exigia que as moças trajadas indecentemente se retirassem
da igreja em respeito aos demais que ali estavam. Isso escandalizava a
muitos... Mas, será que ele não tinha razão?
Hoje em dia tudo pode; tudo é natural. As pessoas têm medo de dizer o que
pensam e ser ridicularizadas. Falta coragem para denunciar as barbaridades
que acontecem por aí. Parece que todo telhado é de vidro mesmo, então,
melhor é ficar calado. Não é o padre que está faltando. É a coragem que
tinha de assumir seus posicionamentos ainda que incomodasse. Ele não
buscava fazer média com os fiéis para que lotassem a igreja. Lembro
perfeitamente da ocasião em que fui procurá-lo para marcar o meu
casamento, e debatemos devido ao fato de eu desejar continuar trabalhando
após o enlace. Ele era contra e expôs suas razões. Eu era a favor e expus
as minhas. Hoje, confesso, sou uma das maiores defensoras da jornada de
trabalho reduzida para as mulheres que são mães. O lar precisa da presença
da mulher e a educação dos filhos também. Ele tinha razão em muito do que
me disse.
Também sinto falta de pessoas que assumam seus princípios. Penso que se a
devassidão está presente em quase todos os ambientes é porque as pessoas
de bem estão caladas. Silenciosamente compactuam com as músicas nojentas,
com a depravação dos costumes, com a imoralidade. A indecência não está
presente somente nas roupas e nas letras das melodias atualmente, mas no
vocabulário chulo das pessoas, que já não sabem mais se comunicar com
educação e respeito. O desregramento e a desonestidade envergonham as
pessoas sérias e bem intencionadas, colocando-as igualmente sob suspeita,
tendo em vista que “quem vê cara não vê coração”. A maioria, na verdade, é
apenas camaleão. Muda de cor conforme a conveniência, conforme o
interesse.
É triste reconhecer que faltam pessoas corajosas para denunciar os abusos
e tentar resgatar o que ainda nos resta de precioso: a fé, a esperança, a
decência, o respeito, a cordialidade... A inocência é preciosa. A verdade
é preciosa. Pessoas de caráter; é disso que precisamos. Pessoas honradas.
Não um bando de camaleões que sobrevivem à custa de seu mimetismo. Vivem
disfarçados de cordeiros, quando na realidade são verdadeiros lobos,
prontos para atacar quem se interponha no caminho. A Bíblia diz que os
mornos serão vomitados (Ap 3, 16). Sendo sincera, acho bem justo; por
isso: vamos nos posicionar!
Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é
escritora.
Acesse e divulgue o site da autora: www.mariaregina.com.br.
sábado, 14 de julho de 2012
Falta coragem
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