Poderia parecer tocante o esforço despendido por Merval Pereira para salvar seu candidato, Aécio Neves, da overdose de contaminação do processo eleitoral pelo fator Marina.
Na sua coluna em O Globo, ele pede que os eleitores que “temem Marina Presidente mas não querem Dilma reeleita” deem seu voto a Aécio para que ele tenha condições de, de olho num segundo turno, impor (como se fosse preciso) mais a sua agenda sobre a candidata do PSB.
Há algo, porém, que chama muito a atenção no seu artigo, sobretudo quando se sabe que Merval é uma espécie de alto diretor do comando dos interesses da mídia.
“Ele menciona a possibilidade de que Aécio ainda cheque ao segundo turno, ” caso Marina tenha sua candidatura abalada nesses últimos 30 dias de campanha”
Quem conhece o comportamento da imprensa brasileira sabe que, a esta altura, está em curso um jogo de pressões e contra-pressões para saber se a candidatura Marina será “abalada nesses últimos 30 dias de campanha”.
O avião”pirata” usado na campanha está no centro destas decisões.
Por enquanto, a intensidade do noticiário serve apenas para deixar Marina ciente de que precisa “se comportar” em matéria eocnômica, entregando o cerne de seu governo aos grupos econômicos ominantes do meio financeiro.
Mas o assunto é pesado demais e a promiscuidade com gente envolvida em toda espécie de irregularidades é tanta que todos eles sabem que podem destruí-la com três ou quatro dias de Jornal Nacional e manchetes.
Merval, por isso, coloca a questão de forma extremamente prática: isso só acontecerá se for possível levar Aécio Neves ao segundo turno.
Parece impossível?
Em condições normais, seria.
Mas eleições, no Brasil, não se disputam em condições normais.
Se fossem, nem existiria discussão sobre se o país deve escolher uma candidata que toma decisões usando uma “roleta bíblica“.
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