Foto: Ichiro Guerra/ Dilma 13 (21/09/2014)
Na Copa do Brasil, tradicional torneio de mata-mata entre os clubes de todo o País, as equipes se enfrentam duas vezes para ver quem avança à fase seguinte. Nas primeiras rodadas, os times mais ricos jogam contra adversários modestos no papel de visitantes. Quando vencem por mais de dois gols de diferença fora de casa, eliminam o jogo de volta. Por isso os anfitriões fazem do primeiro duelo o jogo da vida. A meta inicial é evitar uma goleada em casa e chegar vivo para a segunda partida. A meta final é passar de fase e entrar para a história, como o ASA de Arapiraca e o Bragantino, que eliminaram os gigantes Palmeiras e São Paulo em edições recentes da competição.
A analogia serve para explicar a situação de Marina Silva na reta final do primeiro turno. A candidata do PSB, que há poucos dias ameaçava destronar a presidenta Dilma Rousseff em um segundo turno quase certo, chega à última semana da primeira fase da campanha desidratada, segundo o mais recente Datafolha.
Se confirmadas as previsões do instituto, o tucano Aécio Neves, que não conseguiu ultrapassar a linha dos 20 pontos, está fora da corrida. Marina está ferida, mas em pé. Depois de passar o último mês sob intenso bombardeio – tanto de petistas, que não querem segundo turno, como de tucanos, que querem, mas sem ela – Marina tem hoje 27% das intenções de voto. Dilma tem 40%. A diferença entre elas, que era de sete pontos há poucos dias, dobrou. Hoje 13 pontos separam a petista da pessebista.
Se computados os votos válidos (sem considerar brancos e nulos), Dilma teria 45% dos votos; Marina, 31%; e Aécio, 21%. A petista precisa, portanto, de cinco pontos em uma semana para liquidar a fatura. Ou para ampliar a vantagem sobre a ex-ministra em um eventual segundo turno. Hoje a distância é de quatro pontos em favor da presidenta (47% a 43%). Há poucas semanas, Marina tinha dez pontos à frente.
A situação da ex-senadora, portanto, é parecida com a do time anfitrião da Copa do Brasil. Sem a mesma estrutura da equipe adversária, que possui mais recursos, mais militância e muito mais tempo de tevê, a candidata perde o jogo, mas se segura como pode. Sabe que na partida seguinte o placar não zera, mas o fôlego é redobrado e os jogadores chegam em condições iguais – elas teriam, a partir de 5 de outubro, por exemplo, o mesmo espaço na propaganda eleitoral gratuita.
A situação atual, no entanto, é incômoda: se ficar só na defensiva, corre o risco de ser sufocada, tomar o terceiro gol e ver o duelo ser encerrado mais cedo. Se atacar demais, se expõe aos contragolpes. Com a torcida a seu favor – o mercado, por exemplo, e parcela expressiva da mídia – a ex-senadora precisa usar o tempo a seu favor e chutar a bola para longe ao menor sinal de perigo. Igualar o placar a essa altura é difícil, e nada garante que será revertido no reencontro. Mas a chance existe. Até lá o jogo é outro. É essa chance que o comando petista não quer permitir: com chances de liquidar o duelo, a tendência é que João Santana, o marqueteiro da petista, comece a substituir os volantes de contenção pelos centroavantes. Vem bola na área da ex-senadora. Nesse tipo de torneio, quem não mata morre.
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