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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Plano de Aécio é cortar gastos sociais, mas ele engana e não assume

O candidato da coligação PSDB-DEM ao Planalto, senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez campanha, ontem, no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. Neste último, campanha na maior cidade do interior do Estado, Dourados, capital do agronegócio, reduto de grandes propriedades rurais e uma área conflagrada por conflitos indígenas – os Caiuás lutam pela devolução de suas terras, hoje ocupadas por grandes fazendas de pecuária e produção de trigo e soja.

Em Dourados, o candidato demotucano, além das promessas repetidas, acenou com mais mundos e fundos, tudo o que a cidade queria ouvir. Dentre as que repetiu, prometeu cortar os atuais ministérios pela metade, criar mais uns dois ou três – megaministérios da Infraestrutura e da Agricultura -, maior autonomia e mais dinheiro para Estados e municípios, rodovias e ferrovias para escoamento da produção e conferir prioridade número 1 ao agronegócio.

Dentre as novas promessas a de, num eventual governo seu, promover uma modernização do Código Penal e Código de Processo Penal para que a impunidade não continue sendo estímulo para a criminalidade (e estes códigos são modificados pelo Congresso Nacional…) e acelerar a demarcação de terras indígenas.

Depois do MS, o festival de promessas foi para o MT

Na sequência desse seu dia de campanha, já no Mato grosso (Cuiabá e Sinop) o candidato tucano não regateou nas promessas: prometeu reequipar a Polícia Federal (PF), comprar Vants (veículos aéreos não tripulados) e investir na segurança da fronteira do Brasil com os países vizinhos. Mato Grosso tem 700 km de fronteira seca com a Bolívia, uma das maiores e mais tradicionais rotas de tráfico e entrada de drogas para o Brasil.

Quer dizer, na verdade, com um festival de promessas, o candidato tucano se vacina contra o alerta do PT, de que ele, eleito, vai é cortar gastos sociais. É por isso que explora essa tese enganosa, mostrada na propaganda do PSDB na TV, de que ele e seus economistas tem a forma de reduzir o gasto público. “Tem outro jeito: gastar menos com o governo e mais com as pessoas”, diz a propaganda enganosa do PSDB na TV.-

Propostas de Aécio são de fácil defesa, mas enganosas

Como lembrava o jornalista Gustavo Patu, em artigo no UOL ontem à tarde, a mensagem é fácil de defender, por associar a possibilidade de mais benefícios à população à redução do custo da máquina administrativa federal (daí Aécio prometer reduzir ministérios, estatais, cargos criados por um “aparelhamento” promovido pelo PT), mas enganosa porque a quase totalidade da escalada das despesas federais nos últimos anos está ligada à área social – ou, nas promessas do candidato Aécio, exatamente aos gastos “com as pessoas”.

“Só os programas tradicionais de transferência de renda às famílias – aposentadorias, pensões, auxílios, seguro-desemprego, abono salarial e benefícios a idosos e deficientes- saltaram de 6,7% para o equivalente a 9% do PIB entre o final do governo FHC e o ano passado. E não está nessa conta o Bolsa Família, que unificou e multiplicou os gastos dos programas assistenciais anteriores”, registrava Gustavo Patu.

“Já os gastos do governo “com o governo” – prossegue o jornalista em sua análise – não apresentam sinais visíveis de elevação no período. Os gastos com pessoal ativo e inativo, por exemplo, caíram de 4,8% para 4,2% do PIB. E a redução do número de ministérios e cargos de confiança, defendida por Aécio, pode até trazer melhora de gestão, mas não uma economia relevante a ponto de contribuir para o combate à inflação.”

Plano é cortar gastos sociais, com as pessoas, mas candidato não diz isso

Patu concluiu que os especialistas que postulam maior controle das despesas federais apontam ser necessário no mínimo reduzir o ritmo de alta dos gastos “com as pessoas” – ou seja, nas áreas que Aécio falta com a verdade e diz pretender preservar.

Por ai, e vendo em retrospecto a campanha e promessas de Aécio, você podem ver que o analista na Folha tem toda razão: os tucanos anunciam publicamente que vão cortar gastos e estes são vinculados aos programas sociais e serviços públicos de saúde educação e justiça. além da parte de transferências obrigatórias de recursos aos Estados e municípios.

Aécio não vai extinguir ministérios coisa nenhuma, vai fundir vários, ou transferir atribuições de uns para outros. Tudo não passa de demagogia e retórica para evitar discutir o principal do momento político e econômico brasileiro: o Estado e a economia.

E a Folha, jornal do articulista? Fez mais uma das suas. Vejam vocês, o artigo do Patu, ontem, no UOL era um; o publicado na Folha hoje é outro. O de ontem apontava essas contradições e promessas enganosas do Aécio; o de hoje mistura à crítica a Aécio, também ataques à presidenta Dilma Rousseff.

http://www.zedirceu.com.br/plano-de-aecio-e-cortar-gastos-sociais-mas-ele-engana-e-nao-assume/

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