“E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16, 18).
Assumo publicamente que desde o início simpatizei com o papa Bento XVI e
que, de 2005 (quando assumiu o papado) até 2013 (quando anunciou sua
renúncia), essa admiração só aumentou. Que homem corajoso! Que amor
profundo pela Igreja! Meus cumprimentos Joseph Ratzinger pela humildade e
agudo discernimento em relação aos sussurros inefáveis do Espírito Santo
em meio a balburdia que tomou conta do Vaticano. Coragem de ser o cordeiro
de Deus moderno, sacrificando-se para expiar os pecados de um corpo
eclesial dividido, assombrado pela hipocrisia religiosa, individualismos,
vaidades, desavenças por espaço, prestígio e poder. Haja fôlego para
conviver com tantos complôs, corrupção e intrigas; tanta sujeira na
Igreja.
Já no início de seu papado, Bento XVI pediu: “Rezai por mim, para que eu
não fuja, por receio, diante dos lobos”. E ele não fugiu! Retirou o véu
negro que encobria os padres pedófilos e, se os mesmos não foram punidos
com maior rigor, tal se deu somente porque muitas decisões do papa foram
ignoradas num flagrante desrespeito à sua autoridade. Em reportagem de Léo
Gerchmann, do jornal Zero Hora (Porto Alegre – RS), o teólogo Érico Hammes
cogitou até a possibilidade de alguns discursos do papa “terem sido
manipulados com a introdução de palavras indevidas”.
Bento XVI combateu o relativismo e insistiu nas posturas tradicionais da
Igreja, principalmente em defesa da vida, mantendo-se contrário ao aborto
e à eutanásia. Ciente das questões sexuais atuais, contou com a aprovação
pública ao declarar que o uso do preservativo é moralmente justificável
como forma de prevenção para evitar a propagação da AIDS. Revelou seu lado
amoroso, profundamente teológico e compromissado com Deus e a humanidade
através de suas três encíclicas: “Deus caritas est”, “Spe salvi” e
“Caritas in veritate”, além de outras produções literárias, dentre elas, a
trilogia sobre Jesus Cristo, finalizada recentemente.
Renunciou por amor! Nada de velhice, nada de doença, nada de pressão
externa em decorrência dos casos de pedofilia... Simplesmente amor. Amor à
Igreja, amor ao rebanho, amor a Deus! Padre Frederico Lombardi, porta-voz
do Vaticano, afirma que os cardeais estão “profundamente afetados” com a
renúncia do papa, e procuram “focar o alcance e o significado deste
gesto”. Bento XVI, conduzido pelo Espírito de Deus, apontou o caminho:
nada de buscar aprovação ou aplauso, mas se empenhar pela unidade dentro
da Igreja. Urge uma renovação! Renovação que se proponha a resgatar e
conservar os valores fundamentais do cristianismo, visto que são eternos,
pois foram instituídos pelo próprio Jesus. A Igreja Católica não morrerá,
apenas sofrerá uma salutar transformação. Daqui em diante, ainda que
possivelmente em menor número, nós católicos temos o dever moral de
separar o joio do trigo, pois não há como prosseguir deste modo. Obrigada,
papa Bento XVI, pelo seu amor, sua coragem, sua humildade e sua obediência
ao direcionamento do Espírito Santo de Deus!
Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é
escritora.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
O papa coragem
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