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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A importância de viver cada dia

Ficamos comovidos e chocados com a tragédia ocorrida na boate de Santa
Maria (RS) e que vitimou mais de duzentos e trinta jovens. Em sua maioria,
universitários, até então com expectativa de futuro promissor. Desolados,
os pais, irmãos e parentes, tentam compreender como uma coisa dessas pode
acontecer; e mais, como Deus pode permitir que tal ocorresse. São
questionamentos naturais, e que sempre acontecem quando somos
surpreendidos por momentos trágicos. A dor só poderá ser superada com o
tempo, e nada mais há que se fazer senão lamentar a sucessão de equívocos
que poderiam ter sido evitados caso nossa humanidade não nos autorizasse a
errar e cometer deslizes, por vezes, fatais e irreversíveis. Seguir-se-ão
dias difíceis, em que procuraremos culpados para a tragédia, como se isso
pudesse confortar o coração da perda de nossos entes queridos. Aos de
fora, uma lição a ser aprendida e meditada: precisamos viver cada dia!
Normalmente, temos nossos filhos diariamente ao alcance de nossas mãos e
olhos, mas interagimos pouco com eles. Quase não perguntamos sobre suas
vidas e deixamos que fiquem horas e horas conectados à internet, trancados
em seus quartos, na rua com seus amigos... Temos os filhos e, ao mesmo
tempo, não temos. Não desfrutamos da sua companhia. Não acompanhamos o seu
dia a dia. Quando um episódio lamentável nos surpreende, como uma doença,
um acidente ou a morte, então é que verificamos ter deixado de viver muita
coisa com eles. Usualmente, dada à idade, esperamos morrer antes, adoecer
primeiro, mas nem sempre é assim. Por isso temos de aproveitar cada
segundo ao lado de nossos filhos, desfrutar ao máximo da companhia deles,
viver cada dia consciente de que pode ser o último, então, precisa ser bem
vivido.
Uma forma de fazer isso é criar momentos em que possamos estar juntos,
pais e filhos, compartilhando situações prazerosas, como uma viagem;
passeios em parques, museus, zoológicos; um cineminha; churrasco entre
amigos e familiares; visita à casa dos avós; passeio no shopping; jogos em
casa... Existem várias opções para aqueles que desejam estar juntos. Isso,
no entanto, nem sempre é fácil. Precisamos sair do nosso comodismo e,
muitas vezes, desligar a TV (avanço tecnológico basicamente responsável
pela diminuição do diálogo familiar).
Outras coisas importantes são a frequência de beijos, abraços, olhares,
escutas atenciosas, favores e gentilezas, pedidos de perdão... Tudo isso
aproxima e enriquece uma relação, principalmente entre pais e filhos. Nós
nos abastecemos de boas lembranças e recordações que nos acompanham por
toda uma vida, quiçá para a eternidade. Precisamos ser pródigos ao elogiar
nossas crianças e jovens; confiar em suas potencialidades, seus talentos.
Demonstrar o nosso amor enquanto estamos próximos, unidos, compartilhando
o mesmo teto e dividindo momentos. Eu sei que nada disso pode afastar a
dor da perda, mas minimiza seus efeitos ao nos dar a certeza de que
aproveitamos ao máximo o tempo que tivemos junto deles. Pensemos nisso a
fim de adotar novas atitudes, e façamos uma prece pedindo a Deus que
conforte as famílias de Santa Maria.
Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é
escritora.
Acesse e divulgue o site da autora: www.mariaregina.com.br.

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