Por Felipe Rosa Mendes | Estadão Conteúdo
Em um caso inédito no futebol, o São Paulo conquistou nesta quarta-feira o título da Copa Sul-Americana de forma inesperada. No intervalo da partida no estádio do Morumbi, com o time brasileiro vencendo por 2 a 0 - com gols de Lucas e Osvaldo -, o time argentino do Tigre não voltou ao campo. Depois de mais de 30 minutos de muita confusão, indefinição e conversas entre dirigentes, o árbitro chileno Enrique Osses apitou o final do jogo mesmo sem a presença dos argentinos.
Apesar do anticlímax, os jogadores são-paulinos, no gramado, puderam então comemorar a inédita conquista da competição continental, acompanhados dos 67 mil torcedores presentes no Morumbi, encerrando um jejum de quatro anos sem troféus. O São Paulo não faturava um título desde a conquista do Campeonato Brasileiro de 2008.
A final desta quarta coroou a despedida de Lucas, negociado com o Paris Saint-Germain. O atacante, que faturou seu único título pelo time profissional do São Paulo, marcou o primeiro gol da partida e deu a assistência para o segundo, anotado por Osvaldo. Com um bom entrosamento, a dupla e Willian José compensou a ausência do suspenso Luís Fabiano.
Com inesperada facilidade, o São Paulo resolveu o jogo ainda no primeiro tempo, ao balançar as redes aos 22 e aos 27 minutos. E nem precisou disputar a segunda etapa. Uma confusão, iniciada ainda antes do intervalo, levou o Tigre a desistir da partida, sem voltar ao gramado para a parte final do confronto.
A confusão começou depois que Lucas foi atingido no rosto em uma dividida com Orban. O são-paulino precisou deixar o gramado para conter sangramento no nariz. Ao retornar, apontou o algodão manchado de sangue ao marcador, o que revoltou os demais jogadores do Tigre.
Após o apito final na primeira etapa, os argentinos cercaram o atacante, afastado do grupo pelos outros jogadores do São Paulo. Atletas do Tigre ameaçaram agredir são-paulinos, o que gerou a expulsão de Paulo Miranda e Díaz ainda no intervalo.
Na tentativa de evitar maior confusão, jogadores do São Paulo entraram para os vestiários, enquanto policiais militares cercaram a entrada do vestiário argentino na tentativa de reprimir um possível confronto entre os atletas do Tigre e são-paulinos.
A presença da polícia na entrada do vestiário deixou a final em suspenso. Após atraso de 20 minutos, a arbitragem cobrou uma resposta dos argentinos, que se recusaram a voltar a campo. Jogadores do Tigre alegaram falta de segurança para retomar o jogo, por conta de supostas agressões de seguranças do São Paulo e de policiais dentro do vestiário. E até apontaram marcas de sangue nas paredes.
O JOGO - Com a mesma dificuldade do jogo de ida, em superar a defesa argentina, o São Paulo parou na retranca do Tigre nos primeiros minutos da decisão. Na tentativa de vencer o jogo truncado, o time da casa tentava acelerar a saída de bola para surpreender a defesa argentina.
O primeiro chute a gol, no entanto, surgiu dos pés dos argentinos. Botta finaliza rasteiro da esquerda e para na defesa de Rogério Ceni, aos 14 minutos. O São Paulo respondeu com mais eficiência. Jadson iniciou rápida jogada com Willian José, que acionou Lucas para finalização certeira, aos 22: 1 a 0.
Jogando mais solto, e acelerando as trocas de passe, o São Paulo ampliou a vantagem cinco minutos depois. Inspirado, Lucas atuou como garçom e deu passe preciso para Osvaldo, em posição duvidosa, sair na cara do gol e bater na saída de Albil.
O segundo gol deixou a torcida ainda mais empolgada. Aos 35 minutos, já gritava "olé" nas arquibancadas. Irritados, os jogadores do Tigre passaram a exagerar nas faltas. Em uma dividida, Orban acertou o braço no rosto de Lucas, o que gerou os primeiros atritos entre jogadores dos dois times.
Sem precisar disputar o segundo tempo, o São Paulo se sagrou campeão da Copa Sul-Americana e encerrou sua temporada 2012 com um título internacional que não exibia há sete anos.
FICHA TÉCNICA:
SÃO PAULO 2 x 0 TIGRE-ARG
SÃO PAULO - Rogério Ceni; Paulo Miranda, Rafael Toloi, Rhodolfo e Cortez; Denilson, Wellington e Jadson; Lucas, Willian José e Osvaldo (Douglas). Técnico: Ney Franco.
TIGRE-ARG - Damián Albil; Paparatto, Echeverría, Erik Godoy e Lucas Orban; Galmarini, Gastón Díaz, Diego Ferreira e Ramiro Leone; Rubén Botta e Ezequiel Maggiolo. Técnico: Néstor Gorosito.
GOLS - Lucas, aos 22, e Osvaldo, aos 27 minutos do primeiro tempo.
CARTÕES AMARELOS - Denilson, Galmarini, Rogério Ceni, Godoy.
CARTÕES VERMELHOS - Paulo Miranda e Díaz.
ÁRBITRO - Enrique Osses (Fifa/Chile).
RENDA - R$ 3.942.800,00.
PÚBLICO - 67.042 pagantes.
LOCAL - Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP).
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