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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Chuva no Sertão Nordestino, um presente de Natal.

 

No meu Cariri, quando a chuva não vem, não fica lá ninguém, somente Deus ajuda, se não vinher do Céu chuva que nos acuda. Macambira morre, xique xique seca, juriti se muda” Marinês.

“A seca terrível, que tudo devora lhe bota pra fora da terra natal” Luiz Gonzaga.

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“A vida aqui só é ruim quando não chove no chão, mas se chover dá de tudo. Só deixo o meu Cariri no ultimo Pau de Arara”. Ary Lobo

Cruz. Estes versos de Marinês e Ary Lobo e Luiz Gonzaga retratam muito bem o que significa a falta de chuva para o nosso querido e amado Sertão Nordestino. Terra de homens destemidos que trabalham de sol a sol sem lamentar da sorte, alegre e extrovertido vai tocando a sua vida fazendo o Brasil crescer com os calos de suas mãos, com a pele ressecada pelos raios do sol causticante, ninguém é mais bravo do que ele. Mas, quando a chuva não vem este herói chora ao ver o sofrimento dos filhos e dos animais, como tão bem relatou Raquel de Queiroz em seu romance O QUINZE. Quando a seca castiga o solo sertanejo o sofrimento é geral: falta água para dessedentar os animais, a população tem que andar léguas para buscar água com uma lata na cabeça, com um galão sobre os ombros ou Barricas em lombo de animais famintos. Atualmente, os animais são quem mais sofrem. Na tentativa de amenizar os efeitos da seca, o Governo tem construído grandes açudes para o armazenamento de água, sendo que o primeiro açude a ser construído no Nordeste foi o Açude de Recreio (particular) em Caicó/RN seguido de Cedro em Quixadá, no Ceará. Outros grandes açudes têm sido construídos como, por exemplos, Forquilha, Orós, Banabuiú, Jaibara e Ararás no Ceará, Curema na Paraíba e Morcego, Gargalheira, Intãs, Riacho de Cavalo, Santa Cruz e Armando Ribeiro no RN. São centenas de açudes de grande porte destinados ao armazenamento de água para ser utilizada nos períodos de longa estiagem. Mas, como o principal problema é mesmo a falta de chuva, sem ela, os açudes não armazenam o precioso liquido. Até os poços profundos, que surgiram como uma alternativa para suprir a falta de água, apresentam-se insuficientes, pois também dependem de chuva para o reabastecimento de seu lençol freático, a exemplo do que aconteceu em Mossoró/RN com poços de 1.400 metros de profundidade que, inicialmente jorravam, apresentaram problema após 30 anos de funcionamento e já não são mais suficientes para atender a demanda da cidade de 280.000 hab. Os programas sociais do Governo Federal tem atendido às populações humanas com bastante eficácia, mas os animais tem sofrido bastante, principalmente os animais silvestres que não encontram água em seu habitat natural.

A transposição das águas do Rio São Francisco, apesar dos protestos por parte de vários segmentos da sociedade, surge como uma nova alternativa para amenizar o sofrimento deste tão carente povo nordestino.

O Natal se aproxima e talvez o melhor presente de Papai Noel seja chuva para o Sertão Nordestino, que trás água em abundancia, os campos verdejam, as cascatas voltam a emitir seu murmúrio, tão velho e tão novo, a passarada alegre canta ao amanhecer do dia, as terras regadas produzem alimentos “prestando ao homem serviço sem par”.

Dr. Lima

Engenheiro Agrônomo

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