Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br
Uma matéria sobre lixo trocado por livros, chamou-me muito a atenção, há tempos. Trata-se do Projeto Livro Livre, implantado nas escolas de primeiro grau de Jaraguá do Sul, e que já foi realizado em Blumenau e Gaspar. Um projecto que pode e deve ser levado a muitas cidades pelo Brasil. Envolve várias entidades e o projeto é uma ação educativa no sentido de proporcionar aos estudantes a aquisição de pelo menos um livro por mês, sem nenhum custo para o aluno, para a escola, nem para a prefeitura, auxiliando os professores na missão de incutir o gosto pela leitura nos leitores em formação. Para ganhar o livro, a cada mês os alunos deviam levar à escola pelo menos um quilo de lixo reciclável, que seria comprado por uma empresa previamente contratada para a reciclagem.
O livro entregue aos estudantes, por sua vez – e foram entregues cerca de cem mil livros – constituíram quatro coleções, pensadas conforme a idade dos leitores: aos estudantes do 1º ao 3º ano, as publicações continham rimas e poesias; 4º e 5º ano, fábulas; 6º e 7º ano, artes; e para os alunos do 8º e 9º ano, histórias de suspense, amor e aventura .
As coleções são de autores diversos, catarinenses, mas das região de Blumenau. Infelizmente não há autores do norte do Estado, pois o projeto já veio pronto para Jaraguá.
O patrocínio de grande empresa da cidade, muito oportuno, pagou a impressão dos cem mil livros que foram entregues aos alunos, publicados pela Editora Todo Livro.
Uma ótima iniciativa para a educação da cidade, que entregou aos estudantes de primeiro grau milhares de livros, incutindo o hábito da leitura, coisa tão difícil de se conseguir, nos últimos tempos, pela falta de condições de se comprar livros, até pelas escolas, que têm suas bibliotecas relegadas a segundo plano, pois o Estado e muitos municípios não previam a contratação de bibliotecários. Será que isso mudou atualmente?
Os estudantes recebem os livros em troca de lixo, proporcionando alguma renda para as Associações de Pais e Mestres das escolas, que usaram o dinheiro para melhoria em cada estabelecimento, até na compra de mais livros para as bibliotecas escolares.
Bom negócio para todos: para a editora que edita os livros, que publica grandes edições com destino certo e retorno garantido, pois o patrocínio paga a conta. Para os estudantes, que têm leitura garantida de vários livros, gratuitamente, apenas com o compromisso ecológico de coletar lixo reciclável e para a escola, que têm alunos que leem vários livros durante todo o ano.
Que o projeto seja multiplicado hoje, amanhã, sempre, em todos os estados brasileiros. E que mais autores da região onde o prejeto for implantado sejam publicados pelas coleções destinadas aos estudantes.
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