17 de novembro de 2014 | 16:41 Autor: Fernando Brito
Aumentam os sinais de que a Presidenta Dilma Rousseff espera que o circo pegue fogo no parlamento antes de começar a composição política de seu Governo, embora a econômica, ao que tudo indica, esteja bem próxima de ser anunciada.
O fogo, claro, são as denúncias de Paulo Roberto Costa – mais que as de Alberto Youssef – sobre parlamentares que se beneficiaram de suas falcatruas quando diretor da Petrobras.
Todos sabem que elas vão atingir em cheio o PMDB e, talvez, seus líderes mais ressentidos com a Presidenta. Embora talvez não diretamente os dois mais influentes: Eduardo Cunha e Henrique Alves.
Aliás, uma das razões da histórica ojeriza de Dilma (e de Graça Foster, presidente da Petrobras) em relação aos diretores que demitiu em 2012 (justamente Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada – ligado a Alves e Cunha – e Renato Duque) vinha do fato de os três possuírem – vê-se agora como – trânsito político e “costas quentes” no parlamento, sobretudo os dois primeiros.
Costas quentes que obrigaram as duas a esperar pouco mais de um ano até que pudessem expeli-los da diretoria da empresa.
Como o fizeram.
É uma tolice simplória dizer que, então, “sabiam” do que faziam aqueles diretores. Quando a gente administra, experimenta na prática a diferença entre o saber e do “desconfiar”.
Enquanto saber nos leva a agir, dentro dos nossos deveres legais, desconfiar exige muito mais cautela, sobretudo quando se quer ser justo. E, no caso dos três, ou pelo menos de dois deles, ter condições políticas de criar um desagrado na base parlamentar com seus afastamentos.
Aliás, isso é a política: fazer o que é correto exige esperar momentos adequados, ao contrário é exercer uma força cega e suicida.
Juridicamente, a Operação Lava Jato é um desastre de condução: o efeito prático das prisões de empreiteiros, que ficam calados nos depoimentos à Policia, como é seu direito legal, não acrescenta nada à investigação, ao contrário do que diz hoje o Procurador Geral da república, Rodrigo Janot.
A menos, claro, que o método investigativo seja do de produzir informação com coação, o que seria abominável.
Politicamente, porém, a conversa é outra.
Dilma não é prisioneira de esquemas partidários, disso até as pedras sabem.
Nem tem um temperamento leniente com “malfeitos”, outra obviedade.
Ainda estamos navegando em águas muito superficiais neste escândalo.
É preciso deixar que o processo avance para avaliar – embora o estrago seja geral – onde serão mais severos os danos.
Ou, talvez, onde serão maiores os benefícios, porque o desgaste nas velhas estruturas parlamentares será, quem sabe, o estopim para uma reforma política como a que se quer e, em condições normais, morreria no próprio parlamento.
Exceto no programa de Ana Maria Braga, é preciso quebrar ovos para fazer uma omelete.
Fonte: Tijolaço
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