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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Tucanos se sentem traídos após coordenador mencionar apoio a Marina

 

Pegou mal entre parlamentares do PSDB declaração do coordenador-geral de campanha, José Agripino Maia (DEM-RN), de que já há preparação para apoiar candidata do PSB no segundo turno

por Hylda Cavalcanti, da RBA

Pegou mal entre parlamentares do PSDB declaração do coordenador-geral de campanha, José Agripino Maia (DEM-RN), de que já há preparação para apoiar candidata do PSB no segundo turno

Pedro França/Agência Senado

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Agripino Maia causou clima negativo no ninho tucano, ao antecipar apoio a Marina num segundo turno sem Aécio

Brasília – "Balde de água fria para sepultar de vez a candidatura", "demonstração de traição antes mesmo do barco afundar" e "falta de noção" foram algumas das expressões utilizadas hoje (2) por nomes ligados à candidatura a presidente de Aécio Neves a respeito da postura do coordenador-geral da campanha tucana, senador José Agripino Maia (DEM-RN), que disse ontem (1º) já se preparar para apoiar Marina Silva no segundo turno das eleições presidenciais.

O clima observado na manhã de hoje na Câmara dos Deputados e no Senado em meio aos gabinetes de parlamentares do PSDB já tinha tudo para ser de desânimo com a queda de Aécio nas pesquisas eleitorais, mas, além disso, passou a ser de revolta e indignação, mesmo após a retratação feita por Agripino Maia poucas horas mais tarde, por meio de uma nota em que garantiu ter "falado de forma hipotética" e que a prioridade é trabalhar para o PSDB chegar ao segundo turno.

“É nisso que dá entregar a coordenação de campanha a um político do Democratas. O desastre já aconteceu”, afirmou um deputado do PSDB de Pernambuco, que preferiu não se identificar, lembrando o passado do senador Agripino Maia, ex-governador pelo PFL e ligado a tradicional família de políticos nordestinos conservadores.

Segundo informações de nomes de dentro da liderança do PSDB, a fala de José Agripino Maia teria irritado Aécio Neves e o candidato a vice, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). Neves, inclusive, teria sido pego de surpresa com perguntas feitas por jornalistas sobre isso enquanto se dirigia para o debate entre presidenciáveis ontem, o que já o teria deixado abatido.

Recado velado

Na avaliação de integrantes da campanha, a atitude do senador norte riograndense foi vista como uma forma de dizer, nas entrelinhas, que os políticos, sobretudo os do DEM, que apresentem dúvidas sobre a possibilidade de apoiar Marina Silva desde já, devem se sentir liberados.

Também ajudou a aumentar o sentimento de desconforto entre os tucanos a veiculação de notícias em redes sociais diversas de que Aécio Neves avalia a possibilidade de retirar a candidatura para apoiar diretamente Marina. “Isso jamais foi cogitado e quem o conhece sabe que não é de desistir dessa forma. O coordenador da campanha pode até ter se precipitado ao falar no apoio a Marina Silva, mas ninguém espera nem pretende que o senador Aécio renuncie a esta altura do campeonato”, garantiu o advogado Antunes Silva, do diretório do PSDB no Distrito Federal.

Entre assessores de gabinetes das lideranças do partido na Câmara e no Senado, a expectativa é de que os próximos dias sejam de retomada dos ânimos da candidatura de Aécio, mesmo com vários políticos deixando claro o apoio já dado, implicitamente, à candidata do PSB num provável segundo turno.

Aécio Neves, por sua vez, afirmou em entrevistas concedidas para emissoras de rádio que espera uma definição da campanha apenas a partir do dia 10 de setembro, período em que, disse acreditar, o eleitorado estará mais ciente das propostas apresentadas pelos candidatos e mais maduros para avaliar os últimos acontecimentos observados após a morte do ex-governador pernambucano Eduardo Campos e a substituição na campanha por Marina.

‘Contra o PT’

Numa das entrevistas, Aécio chegou a repetir que ele possui uma proposta para o país e está "plenamente confiante que será vitorioso". “Buscaremos o apoio da sociedade brasileira também num segundo turno. Não tenho dúvidas de que, no momento de reflexão maior, da decisão do voto, vai prevalecer a nossa dentre aquelas alternativas que se colocam como mudança. Irá prevalecer aquela que é capaz de transformar esse sentimento de mudança em algo real e melhor para a vida dos brasileiros", observou.

De acordo com informações de bastidores, a estratégia utilizada pelos políticos que apoiam a candidatura tucana é de que, no segundo turno, valeria tudo para “retirar o PT do poder”, numa forma de justificar o apoio atrelado, já a partir de agora, a ex-senadora.

Com o retorno dos deputados e senadores ao Congresso a partir desta terça-feira para o esforço concentrado de setembro, a expectativa é de que, reunidos, os integrantes do PSDB estudem alguma estratégia para conter o clima de desconforto. “Precisamos dar todo o apoio ao Aécio Neves neste momento e mostrar que vamos lutar pela chapa até o fim. O momento não é de jogar a toalha”, confidenciou um senador tucano do Paraná.

http://www.redebrasilatual.com.br/eleicoes-2014/

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