Renato Rovai em Política
Este Orlando Silva não comeu a tapioca de oito reais. Que comeu foi o ex-ministro comunista, negro e filho de pobre. Se fosse do PSDB, podia comer caviar…
Uma matéria que, evidentemente, não virou manchete e nem destaque na capa do Estadão de hoje é bastante reveladora do udenismo de um certo partido. Ou do faça o que eu digo, mas não faço o que eu faço.
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), segundo o jornal, teria bancado um jantar na Churrascaria Porcão de R$ 7.567,60 para os amigos e correligionários e colocou na conta da viúva, como gosta de dizer o Elio Gaspari. A viúva, no caso citado, foi representada pelo caixa do Senado Federal.
No dia da emissão da nota fiscal do rega-bofe, o plenário do Senado foi palco de uma homenagem ao falecido pai do parlamentar, o ex-senador e ex-governador da Paraíba Ronaldo Cunha Lima, falecido em julho de 2012. Vários parentes, amigos e colegas foram a Brasília para participar do evento. E pelo jeito não estava acertado que cada um deveria pagar a sua parte na conta da festança.
Além de Cunha Lima, aparece em destaque na matéria do jornal, que o refinado paladar do senador Fernando Collor (PTB-AL) também é problema nosso. O Senado teria reembolsado três contas no restaurante Kishimoto, cada uma delas custando pelo menos R$ 1 mil. A assessoria do parlamentar teria informado que os valores são usados para a alimentação dos funcionários do gabinete, gasto que é permitido pelas normas do Senado.
Na Câmara, a liderança do PSDB também é a campeã na apresentação desse tipo de nota. A preferência é pelo restaurante Coco Bambu, rede especializada em frutos do mar. Nos primeiros sete meses deste ano, foram 14 notas com valores entre R$ 1.280 e R$ 2.950. O valor total desembolsado pela Câmara nesse caso foi de quase R$ 27 mil.
Ou seja, pode-se falar o que quiser do tucanato, mas não se pode criticar o paladar sofisticado da turma. Quando banca gastos do PSDB, o contribuinte ao sabe que não está pagando uma simples tapioca de R$ 8,30, fato que levou o ex-ministro Orlando Silva a se explicar em todos os jornais. É Arnaldo, a regra da mídia também é clara. Para uns pode, para outros não.
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