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segunda-feira, 16 de março de 2009

Pintura é meio de vida para autodidata em Sobral

Se for perguntado a um artista se ele consegue sobreviver da venda de suas obras de arte, certamente a resposta será “não”. Resposta esta que também caberá a qualquer artista, seja ele fracassado ou bem-sucedido, se ele pensa em parar de pintar. Pode até viver de outro ofício, mas sempre vai gastar seu tempo fazendo aquilo que, geralmente, não dá lucro.
Quem subverte esse perfil é o artista Gabriel Nilton Lopes, 20 anos, um artista autodidata. Morador da periferia de Sobral, ele descobriu a tendência para pintura em 2001, quando começou a pintar telhas com os colegas em sua própria casa. Daquele dia para cá, resolveu transformar o talento num meio de vida. “Eu vi que aquilo me dava prazer, ao mesmo tempo podia me ajudar a ganhar uma grana”, diz.
“Meus amigos pararam de pintar quando acabou a tinta, mas aí eu pedi para minha mãe comprar mais tinta e eu continuei pintando, mas era por gosto”, relembra. Ele conta que hoje, por meio dos quadros que pinta e vende no Centro da cidade, mais precisamente na calçada da Escola de Língua Estrangeira, consegue sobreviver e ajudar nas despesas da família e ser uma pessoa com uma vida nova.
Gabriel Lopes revela que as peças têm tamanhos variados e preço na faixa de R$ 10 a R$ 20. Os primeiros trabalhos foram com a ajuda da mãe, que lhe presenteou com umas tintas que trouxe do local onde trabalha. “Dependendo do tamanho do quadro, hoje eu pinto para ganhar dinheiro e, se Deus quiser, ser um dia reconhecido”, destaca Lopes, que ao mesmo tempo lamenta que os outros dois colegas que também começaram a pintar junto com ele acabaram por desistir.
Senso comumNo trabalho deste artista sobralense, o que se destaca mesmo é a energia de um jovem pintor que vai ganhando a vida com as suas humildes pinceladas e alimentando o sonho de ser reconhecido. Quem tem preferência pelo seu trabalho não encontrará nas suas pinturas formas surreais, movimentos abstracionistas, brilhantismo acadêmico. O que ele pinta é o que senso naturalista comum admira. São paisagens de lagos e rios, praias e enseadas, além de pássaros, peixes e retratos. “Eu gosto de pintar paisagens, principalmente rios e lagos, a simplicidade do sertão, mas pinto também flores, animais e retratos”, explica. (Diario do Nordeste).

Por Wilson Gomes

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