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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A dor de ser desprezado

Existem momentos em que ficamos profundamente desapontados e, por que não dizer, tristes. É que esperávamos uma outra atitude de alguém que nos é importante. Esperávamos, talvez, a mesma atenção que temos para com a pessoa. Quando nós gostamos de alguém, costumamos ser cuidadosos, não queremos magoar ou por em risco uma grande amizade. Medimos nossas palavras, prestamos atenção nas nossas ações, tudo para ter certeza de que não corremos o risco de ferir quem amamos. Seria bom se todos fossem assim, não é mesmo? Mas, infelizmente, a maioria das pessoas está muito mais preocupada consigo mesma do que com os outros. Às vezes, nem é por mal, acontece apenas por descuido e ignorância, pois ainda não aprenderam que somos interdependentes e, amanhã, o amigo desprezado poderá de alguma forma ser necessário novamente. Richard Bach já escreveu um dia que devemos tomar cuidado ao bater uma porta, pois poderemos querer voltar.

É lamentável que grande parte das pessoas viva somente prestando atenção em seu próprio ego e tudo o que diga respeito a ele. É quase como se as outras pessoas não existissem. Ora, mas isso é um absurdo. Diariamente nos deparamos com as “outras pessoas” que fazem parte de nossas vidas. Elas também têm ego, anseios, desejos, problemas, dificuldades, sonhos, e acima de tudo (não podemos nunca esquecer) sentimentos. É muito fácil magoar uma pessoa. Basta mentir, enganar, usar de falsidade, fazer promessas que não se cumprem, ignorar, fazer o outro crer que é um “nada no mundo”. Isso tudo é “tiro e queda” para deixar alguém lá embaixo. Difícil depois é recuperar o estrago feito, quando a pessoa tomou consciência de como foi ludibriada e já não tem o desejo de tentar novamente. Muitos casamentos terminam assim, muitas amizades, muitos laços de parentesco. “Quem ama, cuida” é o que diz o provérbio.

O problema é que nem sempre nos damos conta de que aquela pessoa nos é importante. Achamos que ela é apenas mais uma, e que se for embora isso não nos fará a mínima diferença. Afinal, com tantas pessoas à nossa volta, porque teríamos de nos preocupar justamente com essa? Eu gostaria de lhe fazer uma pergunta que precisa de uma resposta sincera, e pode ficar tranquilo que não terá de responder para mim, somente para você. Será que existe um outro alguém que goste de você tão sinceramente quanto essa pessoa? Será que ela é tão prescindível assim? Consegue imaginar um amigo mais fiel, mais companheiro, mais honesto com você? Será que pode realmente descartar essa pessoa da sua vida sem sofrer as consequências disso?

Se você tem dúvida não deixe acontecer o pior, pois pode ser que esse alguém nunca mais olhe na sua cara. Pode ser que queira ficar bem longe de você, desta vez. É que as pessoas se magoam, sofrem, choram quando são enganadas, desprezadas, humilhadas. Nem sempre a gente se dá conta do estrago que pode fazer na vida de alguém. É muito triste ser verdadeiro com pessoas que não sabem valorizar o que é isso. Mas, preste atenção, o tempo é implacável e trará luz sobre esses episódios. Não haverá quem deixe de testemunhar a verdade. Tem muita gente boa sendo desprezada por quem “não vale o feijão que come”. Deus está vendo tudinho. Foi Jesus quem disse que não devemos dar coisas santas aos cães e nem pérolas aos porcos (Mt 7, 6). Se você está cansado de ser ignorado, dê um basta em tudo isso. Tem gente que só aprende a dar valor para quem merece quando acaba perdendo. Agora, se você foi quem “pisou na bola”, corra. Quem sabe ainda dá tempo de reverter o prejuízo.

Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora.

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